Na madrugada de terça (02/03) para quarta (03/03), às 0h20, vai ao ar, no Cinejornal do Canal Brasil, a entrevista da repórter Maria Clara Senra com a artista baiana Emanuelle Araújo. Estrela de “Longe do Paraíso”, filme de Orlando Senna que ganhou o prêmio do júri popular no Festival de Brasília 2020, ela falou sobre esse projeto e sobre alguns filmes inéditos em que poderá ser vista em breve.
“Eu sou uma grande fã do Orlando, esse grande cineasta, esse ícone do nosso cinema, um mestre. Quando eu o encontrei, em 2018, ele me convidou para esse trabalho. É claro que eu já conhecia a arte do Orlando, mas eu não o conhecia. Nós passamos tardes juntos conversando sobre a Bel, minha personagem nesse filme, sobre o projeto como um todo, e eu fiquei completamente apaixonada. É um assunto muito importante, é sobre a situação dos pequenos agricultores diante dessa indústria imensa e difícil do agronegócio no Brasil. Eu faço uma pequena agricultora que é praticamente engolida por esse sistema. E o Orlando conta essa história, que, na verdade, também tem a ver com uma história entre dois irmãos, essa é a base do roteiro. É uma história sobre família, sobre afeto e tragédias familiares. E tem também o ganho desse formato: o filme acabou passando para todos no Canal Brasil, então não ficou uma coisa restrita ao festival, como seria no formato tradicional. Assim, um filme que talvez fosse considerado um filme de arte se tornou um filme popular. Isso foi muito bom: ver a resposta das pessoas, do público, de fãs meus de outras vertentes da minha arte, assistindo um filme tão profundo, de um trabalho ‘cinemanovista’ que o Orlando traz. E recebeu prêmio de júri popular! Aí foi a cereja do bolo!”, contou.
A atriz falou também sobre sua participação em três comédias inéditas: “Meu Sangue Ferve por Você”, de Paulo Machline, filme sobre a história de Sidney Magal e sua esposa, Magali, em que ela vive Graça, a sogra do cantor; sobre a comédia “Juntos e Enrolados”, de Eduardo Vaisman, Rodrigo Van Der Put, protagonizada por Cacau Protásio e Rafael Portugal; e sobre “Diário de Intercâmbio”, de Bruno Garotti, com Larissa Manoela eThati Lopes.
E num registro completamente diferente, Emanuelle conta sobre “O Barulho da Noite”, de Eva Pereira, filme que aborda a temática da exploração sexual infantil: “Foi uma troca imensa. A Eva é uma artista do nosso Brasil profundo, não é à toa que ela traz uma história do nosso Brasil profundo, a história dos abusos sexuais infantis na beira dos rios do norte do nosso país, escondido pelas casas, pelas famílias. É um assunto bem difícil, bem profundo, mas contado por uma mulher que tem uma onça, como a gente brinca com ela. É um outro trabalho que me emociona falar. Nós ficamos 40 dias no Tocantins, nos arredores de Palmas, numa fazenda. A minha personagem também tem um aspecto bem diferente das coisas que geralmente me vêm fazendo: é uma personagem dura, amarga. E foi muito importante pra mim. Eu tenho um tesão absurdo em fazer cinema. Sou muito feliz que a minha carreira tenha caminhado bastante pro cinema nacional nos últimos anos. Acho que isso foi um investimento pessoal também energeticamente. Eu adoro fazer televisão mas nunca me coloquei apenas como atriz de televisão. Eu sempre me joguei nos desafios, nos trabalhos onde eu falei ‘Não, eu quero fazer. Ah, não tem grana? Mas eu quero fazer’. E aí que eu fui entendendo o quanto que o cinema me dava um diâmetro, uma expansão, como artista, não só como atriz”.