“Cine Marrocos”, filme de Ricardo Calil (“Os Arrependidos”, “Narciso em Férias”, “Uma Noite em 67”), estreia dia 3 de junho nos cinemas. O documentário mostra brasileiros sem-teto, imigrantes latino-americanos e refugiados africanos – moradores do histórico cinema de São Paulo – que recriam cenas de filmes clássicos, apresentados mais de 60 anos antes no local. O longa venceu o É Tudo Verdade em 2019. Este ano, o diretor conquistou novamente o prêmio principal do festival de documentários com “Os Arrependidos”, dirigido com Armando Antenore. Ambos os filmes são uma parceria de Calil com a Muiraquitã Filmes, que assina a produção de “Cine Marrocos”, em coprodução com Olha Só, Globo Filmes, GloboNews e Canal Brasil. A Bretz Filmes é responsável pela distribuição e a Spcine, pela codistribuição.
CONFIRA O TRAILER:
O longa também foi premiado com o Golden Dove na categoria Next Master no DOK Leipzig, festival de documentários mais antigo do mundo, na Alemanha, em 2018; Melhor Documentário no FICG – Festival Internacional de Cinema de Guadalajara, no México, em 2019; e selecionado para o Festival Internacional del Nuevo Cine Latinoamericano, em Havana, e o DocAviv – Festival Internacional de Documentários de Tel Aviv, em Israel, em 2019.
O passado do Cinema Marrocos, no centro de São Paulo, foi glorioso: em 1954, foi considerado o melhor e mais luxuoso cinema da América do Sul, responsável por sediar o primeiro festival internacional de cinema do Brasil, com participação de astros de Hollywood e mestres do cinema. O evento exibiu clássicos como “O Crepúsculo dos Deuses”, de Billy Wilder, “A Grande Ilusão”, de Jean Renoir, “Júlio César”, de Joseph L. Mankiewicz, “Noites de Circo”, de Ingmar Bergman, e “Pão, Amor e Fantasia”, de Luigi Comencini. Em 2021, completam-se 70 anos desde a criação do espaço, inaugurado em janeiro de 1951.
Quando a equipe do “Cine Marrocos” pisou pela primeira vez no cinema, em 2015, o local estava ocupado por dois mil sem-teto de 17 países, depois de passar 20 anos de portas fechadas. Eles dormiam em quartos provisórios nos corredores do cinema e no prédio acima e viviam sob a ameaça de perder suas casas do dia para a noite, devido ao pedido de reintegração de posse feito pela prefeitura. Com a ajuda dos moradores, a equipe do filme reabriu o Cine Marrocos, exibiu os filmes do festival de 1954 e convidou os moradores para uma oficina de teatro.
“Esse conceito nos permitiu reunir universos que pareciam distantes entre si: passado e presente, documentário e ficção, ostentação e precariedade, luta por abrigo e invenção artística. Um único projeto permitiu que a equipe abordasse vários assuntos que nos interessam e preocupam: a desigualdade social, o fim dos cinemas de rua, o preconceito contra os sem-teto, os imigrantes e os refugiados”, explica o diretor, que também assina o roteiro do filme. “O cinema deve ser para todos – tanto para a elite que frequentou o Cine Marrocos no festival de 1954, quanto para os moradores da ocupação. As filmagens foram uma maneira de reocupar o edifício não apenas fisicamente, mas também simbolicamente”, acredita Calil.
No final da oficina, 30 deles reencenaram cenas famosas dos filmes que assistiram e emprestaram seus corpos, memórias e talentos para reinventar papéis famosos de estrelas do cinema como Gina Lollobrigida, Vittorio de Sica, Gloria Swanson, Harriett Anderson, entre outros. O cantor camaronês Yamaia Mohamed transformou o monólogo Marco Antônio em “Júlio César”(originalmente feito por Marlon Brando) em um rap. O jornalista congolês Junior Panda, que foi perseguido pela ditadura de seu país, recriou em Lingala (língua do Congo) o papel de Jean Gabin em “A Grande Ilusão”. A brasileira Volusia Gama, ex-bailarina, tornou-se Norma Desmond em “O Crepúsculo dos Deuses”.
Sinopse:
Em São Paulo, brasileiros sem-teto, imigrantes latino-americanos e refugiados africanos ocupam um cinema abandonado e recriam cenas de filmes clássicos apresentados ali há mais de 60 anos. Diante da ameaça de despejo, eles partem em uma viagem da realidade para a ficção.
Confira algumas imagens do longa (Fotos: Loiro Cunha):
Com
- Alexandre João Alberto
- Dulce Tavares
- Fagner Oliveira
- Joseph Ojong Akem
- Junior Panda Badibanga
- Kouotou Yamaya
- Tatiane Oliveira
- Valter Machado
- Volusia Gama
Ficha Técnica:
- Roteiro e Direção: Ricardo Calil
- Produção: Eliane Ferreira, Pablo Iraola
- Produtora Executiva: Eliane Ferreira
- Coprodutor: Ricardo Calil
- Diretora Assistente: Bruna Rodrigues
- Montagem: Jordana Berg, edt.
- Direção de Fotografia: Carol Quintanilha, Loiro Cunha
- Preparação de Elenco: Ivo Müller, Georgina Castro
- Direção de Arte: Denise Fujimoto
- Figurino: Ana Paula Mendes
- Som Direto: Flávio Guedes, Ricardo Pinta
- Desenho de Som e Mixagem: Toco Cerqueira
- Trilha Sonora Original: André Namur
- Produção: Muiraquitã Filmes
- Coprodução: Olha Só, Globo Filmes, GloboNews e Canal Brasil
- Distribuição: Bretz Filmes
- Codistribuição: Spcine
Sobre o diretor e roteirista – Ricardo Calil:
Codiretor do documentário “Os Arrependidos” (com Armando Antenore), vencedor do É Tudo Verdade 2021, e diretor de “Cine Marrocos” (2018), vencedor do É Tudo Verdade 2019 e premiado em Guadalajara (México) e DokLeipzig (Alemanha). Codirigiu, com Mônica Almeida e Gian Carlo Bellotti, a série “Em Nome de Deus” (2020), sobre o médium João de Deus, e o documentário musical “Arnaldo, Sessenta” (2020), ambos para o Globoplay. É codiretor, com Renato Terra, dos documentários “Uma Noite em 67” (2010), “Eu Sou Carlos Imperial” (2016) e “Narciso em Férias” (2020) e da série “Noites de Festival” (2020); coautor do livro “Uma Noite em 67” (Ed. Planeta), também com Terra; roteirista do programa “Conversa com Bial”; foi crítico de cinema da Folha de S. Paulo e do site NoMínimo.
Sobre a produtora – Muiraquitã Filmes:
A Muiraquitã Filmes foi fundada pela produtora Eliane Ferreira e se dedica a produzir filmes e séries de ficção e não-ficção com perspectivas únicas e autênticas, em colaboração com cineastas talentosos e parceiros em todo o mundo. Em 2015, Pablo Iraola se tornou sócio, agregando sua experiência internacional para a produtora.
Seus filmes já foram selecionados e exibidos em grandes festivais, tais como: Berlim, IDFA, Dok Leipzig, Jeonju, além de terem sido distribuídos para diversos países.
Suas mais recentes produções foram os documentários: “Fico te devendo uma carta sobre o Brasil”, de Carol Benjamin – menção especial do júri no IDFA e É Tudo Verdade, “Cine Marrocos”, de Ricardo Calil – melhor documentário em Dok Leipzig (Next Masters Competition), Festival Internacional de Guadalajara e É Tudo Verdade, e o longa ficção “Querência”, de Helvécio Marins Jr. – seleção do Forum no Festival de Berlim (Berlinale) e melhor filme no Festival de Jeonju. “Mar de Dentro”, de Dainara Tofolli, está iniciando a carreira de Festivais nacionais e internacionais, e sua estreia no Brasil ocorreu na Mostra Internacional de São Paulo 2020. Seu mais recente documentário “Os Arrependidos”, de Armando Antenore e Ricardo Calil, foi premiado como melhor documentário brasileiro no É Tudo Verdade 2021.
Atualmente, está em fase de pós-produção dos longas “Sol”, de Lô Politi, “Bala sem Nome”, de Felipe Cagno, e os documentários “Eneida”, de Heloisa Passos, e “Testament”, de Meena Nanji e Zippy Kimundu – projeto selecionado para o IDFA Forum 2020, e que já recebeu o apoio de importantes fundos, tais como: IDFA Bertha Fund, Hot Docs Blue Ice, IDA, Chicken & Eggs e Ford Foundation.
Dentre suas próximas produções, pode-se destacar o longa ficção “Aurora”, de Karim Aïnoz, e o documentário “Sobre Memória e Esquecimento”, de Ricardo Martensen – projeto ganhador das bolsas de desenvolvimento do Sundance Documentary Fund e do IDFA Bertha Foundation.
Sobre as coprodutoras – Globo Filmes, GloboNews e Canal Brasil
A Globo Filmes, a GloboNews e o Canal Brasil assinam, juntos, a coprodução de diversos documentários, que transitam pelos mais diversos assuntos relacionados à cultura brasileira e que apresentam olhares únicos sobre personagens, épocas e fatos da nossa história. A parceria pretende fomentar a produção, a exibição e a divulgação de filmes do gênero, que ainda tem pouca visibilidade no mercado brasileiro, mas representa muito mais do que uma fonte de entretenimento: é essencial para a preservação da memória de uma nação. Juntos, Globo Filmes, GloboNews e Canal Brasil já investiram em mais de 40 documentários, entre eles “Libelu – Abaixo a Ditadura”, de Diógenes Muniz (vencedor do É Tudo Verdade de 2020); “Babenco – Alguém tem que Ouvir o Coração e Dizer: Parou”, de Bárbara Paz (premiado como melhor documentário sobre cinema da Venice Classics, mostra paralela do 76º Festival de Veneza em 2019); “Cine Marrocos”, de Ricardo Calil (vencedor do É Tudo Verdade 2019 e ainda inédito em circuito); “Barretão”, de Marcelo Santiago; “Henfil”, de Ângela Zoé (vencedor do Cine PE de 2018); “Menino 23”, de Belisário Franca (melhor doc do Grande Prêmio do Cinema Brasileiro de 2017); “Tá Rindo de Quê”, de Claudio Manoel, Álvaro Campos e Alê Braga; “Fevereiros”, de Marcio Debellian; “Mussum – Um Filme do Cacildis”, de Susanna Lira; “Setenta”, de Emília Silveira (melhor doc da Mostra São Paulo de 2014). Atualmente, mais de 15 documentários estão em produção, em diferentes regiões do país.
Sobre a distribuidora – Bretz Filmes:
A Bretz Filmes iniciou as atividades em 1990, atuando no mercado de vídeo como distribuidora e representante das principais empresas. Em 2011 expandiu seu trabalho ao iniciar a aquisição de filmes internacionais para distribuição própria em cinema, vídeo, televisão e VOD, especializando-se na distribuição de documentários e filmes de autor, e em 2015 passando a priorizar o cinema nacional independente. Nesse período a Bretz Filmes lançou títulos como: “Woody Allen”, “O Cavalo de Turim”, “Nostalgia da Luz” e “Another Year”, e mais recentemente filmes brasileiros como “Gabriel e a Montanha”, “On Yoga”, “Fico Te Devendo Uma Carta Sobre O Brasil” e estrangeiros, como “Cézanne e Eu”, “Honeyland”, “For Sama”, dentre outros.