
Arte de Karina Borin
Pesquisa da startup Vyro Biotherapeutics confirmou a SEGURANÇA e eficácia da forma sintética do Zika Vírus contra tumores cerebrais.
A metodologia descrita na produção de duas cepas sintéticas modificadas do Zika Virus mostrou segurança em células normais, incluindo células-tronco neurais, preservando as células SAUDAVEIS do Sistema Nervoso Central e os efeitos oncolíticos em células tumorais.
A remissão total do tumor em camundongos portadores de tumores do SNC humano, incluindo crescimento tumoral metastático, após administração intraventricular e sistêmica do ZIKV modificado, confirma a promessa desta viroterapia como um novo agente contra tumores cerebrais – doenças altamente mortais que necessitam urgentemente de terapias avançadas eficazes.
O vírus DESENVOLVIDO em laboratório é diferente do encontrado na natureza, que – quando transmitido através da picada do mosquito – pode causar microcefalia congênita e síndrome de Guillain-Barré.

Dra Carolini Kaid. Foto: Divulgação
A Pesquisadora e fundadora da startup que desenvolveu a tecnologia, Carolini Kaid afirma:
“É a primeira vez no mundo que a gente consegue desenvolver um vírus da Zika geneticamente modificado de um jeito mais seguro e eficaz, o vírus destrói o tumor, especialmente o que causa metástase“.
O resultado promissor dá esperança para mais de 300 mil pacientes em todo o mundo, que são anualmente diagnosticados com a doença. A expectativa de vida é de, em média, 14 meses após a identificação do tumor.
Entrevista:
1) ROBERTO SEIXAS – ARTECULT: O que foi observado em camundongos humanizados, portadores de tumores do SNC humano após a administração do ZIKV modificado, ou outros testes?
Dra. CAROLINI KAID: Foi observado uma remissão total do tumor apenas 21 dias após o tratamento. Foi observado também aumento de sobrevida e segurança do tratamento. O mais importante é que foi testado duas vias de administração: (i) intracranial, o que requer neurocirurgia, (ii) e sistêmica, que imita uma administração venosa, semelhante a injeção de soro, o que facilita muito a administração e acessibilidade da droga, sem a necessidade de uma estrutura hospitalar complexa. E ambas as vias administrações a terapia mostrou ser efetiva.
2) Como a pesquisa da startup Vyro Biotherapeutics aborda a segurança e eficácia da forma sintética do Zika Vírus em relação aos tumores cerebrais?
A segurança e eficácia foi avaliada com estudos não-clínicos, tanto in vitro e in vivo. Nos estudos in vitro, foram utilizadas células humanas, e principalmente células neurais de pacientes brasileiros que tiveram microcefalia por causa do Zika. Essas células são mais sensíveis ao vírus e mesmo assim nossa droga se mostrou segura, sem infecção e morte celular. Nos estudos com camundongos, a segurança ficou mais evidente com a administração sistêmica, em que os camundongos tratados com o vírus da natureza morreram por causa da infecção viral, mas os tratados com nosso produto permaneceram vivos e sem tumores.
3) O que torna o vírus desenvolvido em laboratório pela Vyro Biotherapeutics diferente do Zika Vírus encontrado na natureza, e por que isso é relevante para a segurança do tratamento proposto para tumores cerebrais?
O vírus desenvolvido pela Vyro é 100% sintético, gerado a partir de plasmídeos, e geneticamente modificado, de modo que ele tem um seqüencia suicida que leva o vírus a degradação caso ele entre em uma célula saudável, tornando o vírus seguro. O fato dele ser 100% sintético, permite o controle total do processo de produção e industrialização do produto, algo fundamental em termos regulatórios e o que permite a aprovação do uso da terapia pelas agencias regulatórias como ANVISA e FDA.
Sobre a Vyro Biotherapeutics:
A Vyro é uma start-up de biotecnologia focada no desenvolvimento de uma plataforma viral a partir da engenharia genética do vírus Zika, incluindo vírus matadores de câncer ou “oncolíticos”, projetados para atingir tumores malignos, incluindo tumores do sistema nervoso central (SNC) de adultos e pediátricos.
Fundado por cientistas brasileiros do Centro de Pesquisas do Genoma Humano e Células-Tronco (HUG-CELL) do Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo, com base em pesquisas pioneiras sobre as propriedades oncolíticas do vírus Zika (ZIKV).
Roberto Seixas de Freitas
Colunista Colaborador do ArteCult