CAROLINA CORDEIRO – O TEMPO É: Individual reúne trabalhos inéditos e imersivos, que conjugam materiais e aspectos recorrentes na prática da artista. A abertura ocorre em 2 de setembro

Carolina Cordeiro 1983, O tempo é, 2023
Chapas de zinco e espelho artesanal em estrutura de aço
Crédito: Ding Musa

Individual reúne trabalhos inéditos e imersivos, que conjugam materiais e aspectos recorrentes na prática da artista. A abertura ocorre em 2 de setembro

Galatea recebe, a partir de dia 2 de setembro, a exposição Carolina Cordeiro: o tempo é, individual que reúne trabalhos inéditos da artista, de caráter instalativo. Com textos de Paulo Nazareth e Fernanda Morse, a exposição se estrutura em três séries pensadas em conjunto para a ocasião: O tempo é; Sinais iniciais e Retirar tudo o que disse, que conjugam materiais e aspectos recorrentes na prática da artista mineira, como o zinco e o papel, o branco, as superfícies refletoras e os jogos de luz.

Experimentando diferentes níveis de intervenção no espaço — obras suspensas no teto, presas à parede, dispersas ao chão — Cordeiro aborda grandes temas — como o tempo e a questão da linguagem — sem preciosismos. Se, como diz Giorgio Agamben, contemporâneo é aquele que percebe o escuro do seu tempo como algo que lhe concerne e não cessa de interpelá-lo, Cordeiro, com o seu espelho prateado que nos vê, mas não nos mostra, trama no escuro seus feixes luminosos.

Sobre os materiais utilizados, a artista plástica afirma que o zinco, particularmente, tem uma conotação afetiva: “Faz parte da minha produção, como algo que me atravessa pela poesia e pela canção popular. É um elemento muito poético, que não entra na história oficial da arquitetura, mas está nas casas e nos barracos. Eu uso esse material pela forma que ele agrega e se torna construtivo”.

A primeira vez que Carolina usou zinco em sua obra foi em Dizem que há um silêncio todo negro (2019-2020), instalação em que chapas perfuradas foram instaladas na claraboia da biblioteca do espaço de arte Auroras permitindo a passagem de luz pelos vãos e trazendo o imaginário da violência. Agora, as mesmas chapas são reutilizadas na obra O tempo é, que ocupa a primeira sala da exposição da Galatea.

A poesia brasileira também é uma influência para a artista, mostrando-se principalmente através dos títulos dos trabalhos. América do Sal (2021) e As impurezas do branco (2019), por exemplo, são obras anteriores cujos títulos remetem a dois poetas brasileiros consagrados, respectivamente, Oswald de Andrade e Carlos Drummond de Andrade.

Sobre Carolina Cordeiro

Carolina Cordeiro (Belo Horizonte, MG, 1983) formou-se em Desenho pela Escola de Belas Artes da Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG, em 2008. Concluiu, em 2014, o mestrado em Linguagens Visuais pela Escola de Belas Artes da Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ, e, em 2021, o doutorado no departamento de Artes da Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo – USP, com período sanduíche no Chelsea College of Art and Design, em Londres. Atualmente, vive e trabalha em São Paulo. 

Iniciou a prática artística com o desenho e, na sequência, passou a explorar outras linguagens. Já em sua primeira individual, Quase é um lugar que existe (2006), reuniu ao desenho fotografia e objeto. De lá para cá, a sua produção mostrou-se cada vez mais plural em termos de suporte e cada vez mais interessada em se desenvolver a partir da influência e dos recursos que o ambiente onde se dá pode oferecer. Cordeiro se interessa em processos imersivos e defende uma relação de contaminação com a paisagem. Não busca, portanto, simplesmente propor intervenções no espaço, mas apresentar o quanto os elementos que o compõem a afetam e se desdobram em sua obra.

Uma noite a 550km daqui (2010-2017), instalação com feltro e carrapicho, demonstra bem esse princípio. Seu título se refere à distância entre o Ateliê Fidalga, um dos lugares onde já foi exposta, e um município do estado de Minas Gerais, no Brasil, onde a artista recolheu as sementes de Xanthium cavanillesii, popularmente conhecidas como carrapichos. Com essas sementes, com o poder de se dispersar por se agarrarem nos pelos dos animais, criou um céu estrelado fixando-as em feltro azul escuro. O título do trabalho marca, ao mesmo tempo, a distância e a conexão que ele opera entre dois espaços, podendo variar conforme o local em que é montado, sempre tendo como referência a sua origem (a cidade em Minas Gerais). 

O caráter coeso da pesquisa de Cordeiro se mostra na interpenetração dos temas e materiais e em como um projeto não implica no abandono do outro, mas se estende no outro. Entre o trabalho das assadeiras (Sem título), de 2009, que segue sendo montado, e Paisagem, de 2019, pode-se estabelecer diversas conexões, como a economia de linguagem, o interesse geométrico e um grande fundo simbólico — como a vida doméstica ou a terra vermelha da cidade da natal. 

Em 2021, Carolina Cordeiro fundou, com os artistas Bruno Baptistelli, Frederico Filippi e Maíra Dietrich, a Galeria de Artistas, projeto criado por e para artistas como meio de experimentar novas forma de inserção no mercado. Em 2020, foi indicada ao prêmio PIPA. A artista participou de diversas residências artísticas nacionais e internacionais, entre elas: CASCO: Programa de integração arte e comunidade, Rio Grande do Sul, Brasil, 2020; Pivô Arte e Pesquisa, São Paulo, Brasil, 2019; Red Bull Station, São Paulo, Brasil, 2016; Homesession, Barcelona, Espanha, 2011; GlogauAIR Art Residency Berlin, Berlim, Alemanha, 2009. 

Entre suas exposições, destacam-se as individuais: América do Sal, Galeria de Artistas – GDA, São Paulo, 2021; Dizem que há um silêncio todo negro, Auroras, São Paulo, 2019; Una nit a 8360 km d’aquí, Àngels Barcelona, Espanha, 2018; Carolina Cordeiro, Ciclón, Santiago de Compostela, Espanha, 2018; Entre, Memorial Minas Gerais Vale, Belo Horizonte, 2013; Carolina Cordeiro, Homesession, Barcelona, Espanha, 2011. E as coletivas: Casa no céu (para Rochelle), Galeria Vermelho, São Paulo, 2023; Semana sim, semana não, Casa Zalszupin, São Paulo, 2022; Lenta explosión de una semilla, OTR. Espacio de arte, Madri, Espanha, 2020; I remember earth, Le Magasin des horizons, Grenoble, França, 2019; Estratégias do Feminino, Farol Santander, Porto Alegre, 2019; Agora somos mais de mil, Parque Lage, Rio de Janeiro, 2016; Blind Field, Krannert Art Museum, Champaign, Illinois, EUA, 2013.

Sobre a Galatea

A Galatea é uma galeria que surge a partir das diferentes e complementares trajetórias e vivências de seus sócios-fundadores: Antonia Bergamin esteve à frente por quase uma década como sócia-diretora de uma galeria de grande porte em São Paulo; Conrado Mesquita é marchand e colecionador, especializado em descobrir grandes obras em lugares improváveis; e Tomás Toledo é curador e contribuiu ativamente para a histórica renovação institucional do MASP, de onde saiu recentemente como curador-chefe.

Tendo a arte brasileira moderna e contemporânea como foco principal, a Galatea trabalha e comercializa tanto nomes já consagrados do cenário artístico nacional quanto novos talentos da arte contemporânea, além de promover o resgate de artistas históricos. Tal amplitude temporal reflete e articula os pilares conceituais do programa da galeria: ser um ponto de fomento e convergência entre culturas, temporalidades, estilos e gêneros distintos, gerando uma rica fricção entre o antigo e o novo, o canônico e o não-canônico, o erudito e o informal.

Além dessas conexões propostas, a galeria também aposta na relação entre artistas, colecionadores, instituições e galeristas. De um lado, o cuidado no processo de pesquisa, o respeito ao tempo criativo e o incentivo do desenvolvimento profissional do artista com acompanhamento curatorial. Do outro, a escuta e a transparência constante nas relações comerciais. Ao estreitar laços, com um olhar sensível ao que é importante para cada um, Galatea enaltece as relações que se criam em torno da arte — porque acredita que fazer isso também é enaltecer a arte em si.

Nesse sentido, partindo da ideia de relação é que surge o nome da galeria, tomado emprestado do mito grego de Pigmaleão e Galatea. Este mito narra a história do artista Pigmaleão, que ao esculpir em marfim Galatea, uma figura feminina, apaixona-se por sua própria obra e passa a adorá-la. A deusa Afrodite, comovida por tal devoção, transforma a estátua em uma mulher de carne e osso para que criador e criatura possam, enfim, viver uma relação verdadeira.

www.galatea.art

@galatea.art_

SERVIÇO

Carolina Cordeiro: o tempo é

  • Local: Galatea
  • Endereço: Rua Oscar Freire, 379, loja 1 – Jardins, São Paulo – SP
  • Abertura: 2 de setembro, sábado, das 11h às 17h
  • Período expositivo: 4 de setembro a 14 de outubro de 2023
  • Funcionamento: Segunda a sexta-feira, das 10h às 19h; sábados, das 11 às 15h
  • Mais informações: https://www.galatea.art/
  • Estacionamento: Estacionamento no local

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Author

Fundador, CEO e Editor-Geral do ArteCult.com (@artecult), Sócio-fundador e Editor-Geral do QuadriMundi (Quadrinhos, Mangás e Animações) @quadrimundi , sócio-diretor do CinemaeCompanhia (@cinemaecompanhia), admin do @portalteamigo no Instagram. Apaixonado pela sua família, por tecnologia e por todas as formas de ARTE e CULTURA. Viva o POVO BRASILEIRO e sua rica e infindável cultura.

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *