Carl Zeiss Jena Pancolar 50/1.8: O Retorno da Jedi

Antes de qualquer coisa peço aos meus três leitores que me perdoem por não ter sido possível postar meu artigo semana passada. Mas, finalmente, após conseguir me soltar das cordas, escalar as paredes da masmorra e me esgueirar por 500 m de esgoto, consegui me libertar do cativeiro, no qual era mantido subjugado por piratas contrabandistas de bebês golfinhos e, conseguindo capturá-los todos, os entreguei às autoridades a tempo de enviar o texto dessa semana. Enfim…

Como vimos no último artigo, bem como no vídeo no Canal Analógico Lógico, no YouTube, no qual eu falei sobre a Pancolar 50mm f/2, uma lente rara e que evoluiu o famoso design Biotar, tornando sua renderização, sua entrega, mais harmônica. A primeira Pancolar 50mm possuía 6 elementos em 4 grupos tendo sido fabricada até 1965.

Ocorre que na época começavam a surgir lentes de distância focal de 50mm mais claras, chegando até aos f/1.4, como as Takumar, por exemplo, e tendo a sua maior concorrente, a Meyer Optik Gorlitz emplacado, com sucesso, a sua Oreston 50mm f/1.8 desde 1960, como a queridinha das lentes standard alemães, graças as fabulosas cores Meyer e bokeh refinado, a Carl Zeiss Jena sentiu a pressão e tratou, não de evoluir ainda mais o design da Pancolar 50/2, que já havia chegado ao seu ápice, porém, de criar uma nova fórmula óptica que fosse merecedora de receber o nome de sua famosa série Pancolar.

Dessa forma a lente surge em 1964 como uma evolução do design de duplo Gauss Planar, vindo agora com 6 elementos em 5 grupos, no qual os elementos anteriores ao diafragma eram maiores que os do grupo posterior, sendo que estes perderam a coesão por cimento vítreo e agora constituíam 3 elementos soltos.

Coisa interessante de se observar é o seguinte: inicialmente, a Zeiss visando uma melhor qualidade de imagem, construiu a série zebra inicial das Pancolar 50/1.8 com oito lâminas no diafragma e vidro à base do radioativo Tório, até o número de série 8552600, em 1967.

A partir dessa numeração, a lente perde o vidro de Tório, passando a vir com vidro óptico Scholl com single coating, bem como também perde as oito lâminas, passando a vir, agora, com seis lâminas no diafragma, na mesma versão zebra da lente.

Três anos mais tarde, em 1970, chega a versão Pancolar auto MC, na qual apresentava o multi coating e perdia o padrão zebra, passando agora a apresentar o corpo todo em laca preta. Em 1978 essa versão foi aprimorada, recebendo conectores para possibilitar o contato entre a câmera e a lente, visando melhoras na fotometria. Essa nova série passou a se chamar Pancolar Electric e ambas foram produzidas até ente 1990 e 1991, lembrando que todas as Pancolar 50/1.8 possuiam a mesma fórmula óptica.

Pesando honestos 220 g, a lente vai de f/1.8 a f/22 em escalas de meio stop. Em comparação direta com o modelo de 50mm f/2, além de ser levemente mais rápida, pode gerar um glow quando totalmente aberta, que pode funcionar bem para retratos femininos ou fotografias com um ar mais lúdico, se tornando bastante mais nítida a partir de f/2.8.

Além disso, conseguiu um grande incremento na distância mínima de foco (DMF) que, saindo dos 50 cm do modelo f/2, agora chega aos bons 35 cm de distância que, não sendo uma macro, possui uma excelente distância para close ups. Bela lente.

Como quase todas as lentes do período, sofre com luzes diretas, além do conhecido problema da lubrificação à base de óleo de baleia, que tende a ressecar com o tempo. Nada que uma limpeza com relubrificação não resolva.

Assim como sua irmã mais velha, a Pancolar 50/1.8 apresenta as conhecidas cores Zeiss que lhe valeram o nome, sendo estas naturais e agradáveis e que merece, com certeza, fazer parte do equipamento de todo bom fotógrafo analógico… Lógico!

VITOR OLIVEIRA

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Author

Vitor Oliveira é dono de uma visão poética sobre a vida e o mundo que o permeia. Fotógrafo experiente e autodidata, fotografa desde os 10 anos de idade influenciado por seu avô, o pintor paisagista Altamiro Oliveira, de quem, além da pintura clássica, o influenciou no desenho e na literatura, arte que exerce escrevendo romances ambientados no submundo de uma São Sebastião do Rio de Janeiro do final do Séc XIX e começo do Séc XX que não mais existe. Pesquisador de métodos, técnicas e equipamentos fotográficos e colecionador, Vitor Oliveira fotografa principalmente em película, por considerar que, após quase 200 anos de evolução desta forma de arte, esta ainda oferece os melhores resultados, ao depurar a técnica artística, quase que alquimicamente. Sendo um dos únicos fotógrafos de nível mundial a participar, usando filme, no maior concurso fotográfico do mundo, o Sony World Photography Awards, da World Photography Organization, Vitor Oliveira inaugura seu Canal Analógico Lógico!, no YouTube, através do qual procura compartilhar um pouco de uma aprendizagem que nunca finda. Hare Hare! Canal Analógico Lógico! : https://youtube.com/channel/UCom1NVVBUDI2AMxfk3q8CpA Video de abertura: https://youtu.be/N_cuYPi6b4M

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