Diante da ameaça do fechamento do Teatro Princesa Isabel, um grupo de artistas e intelectuais encontra-se unido na campanha #SOSTEATROPRINCESAISABEL, lançada pela historiadora Isabel Miranda, filha do proprietário, com o objetivo de salvar um dos últimos e mais antigos teatros de rua da cidade.
“Estamos às vésperas de completar 57 anos de existência. O Teatro Princesa Isabel, no contexto da crise que se instalou na cultura brasileira, corre o risco de fechar as portas, diz Orlando Miranda, um dos fundadores da casa em 1965. O Princesa Isabel faz parte história das casas de espetáculo cariocas. Fomos palco dos primórdios da bossa nova, estreamos Roda Viva, trabalhamos com Procópio Ferreira, Zé Celso, Guarnieri, Marília Pêra, Jô Soares, Miele & Bôscoli, Simonal e muitos outros… Nosso objetivo é chamar atenção através da circulação da hashtag #SOSTEATROPRINCESAISABEL”, explica Isabel Miranda, responsável pelo lançamento da campanha.
Isabel é filha de Orlando Miranda, empresário e produtor teatral nascido no Rio de Janeiro, que fundou o Teatro com Pedro Veiga e Pernambuco de Oliveira em 27 de Janeiro de 1965.
Com ajuda dos proprietários do Teatro Oi Casa Grande, Silvia e Leonardo Haus, foi promovida uma reunião em 13 de dezembro nesse teatro, que contou, também, com a participação de Ana Cristina Carvalho da Silva Santos, nova diretora do INEPAC (Instituto Estadual do Patrimônio Cultural). Vários artistas, intelectuais e entidades culturais atenderam à convocação. Durante a reunião, o próprio Orlando expôs a todos os presentes a situação financeira do teatro, que está nos últimos momentos de uma prorrogação do acordo do contrato de aluguel do imóvel. Agora, no entanto, diz não poder mais arcar com as despesas do próprio bolso, algo que relatou já estar fazendo há muito tempo. Foi discutida, então, com todos os presentes, a proposta de um manifesto para obter o seu tombamento.
O objetivo do manifesto seria o de atrair a atenção da sociedade e ajudar na sobrevivência desse importante espaço de cultura do Rio de Janeiro.
“É fundamental que a comunidade artística e o poder público sensibilizem-se e entrem nessa luta. A deputada estadual Martha Rocha e o vereador Reimont já abraçaram a causa de projetos de lei de tombamento do teatro, um dos caminhos fundamentais para continuarmos”, completa Isabel Miranda.
Veja algumas imagens da reunião no Oi Casa Grande:
Fotos de Claudio Tostes. Clique para zoom.
Entrevista com Isabel Miranda
O Artecult entrevistou Isabel sobre a criação do movimento e sobre o andamento do manifesto para o tombamento do Teatro Princesa Isabel. Veja a seguir.
ARTECULT: Isabel, fale-nos um pouco sobre a campanha #SOSTeatroPrincesaIsabel
Isabel Miranda: “O Princesa Isabel está na iminência de fechar por causa de toda essa crise que a gente tá vivendo. Então diante desse quadro dramático, resolvi lançar uma campanha com essa hashtag. Isso há , digamos, uns quinze dias. A designer Verônica Machado me ajudou fazendo uma arte linda e a gente começou a jogar nas redes sociais.”
AC: Como foi a receptividade da campanha?
IM: “Obviamente não viralizou, mas teve a circulação necessária pra começar a chamar atenção de um grupo de pessoas que , na verdade, era meu alvo, entende? Pessoas da iniciativa privada e pública. Entre elas, a deputada Marta Rocha que, imediatamente, se sensibilizou e se propôs a elaborar um projeto de tombamento do teatro. Maravilhoso!”
AC: E Isabel, quais os próximos passos a partir do lançamento da campanha?
Amanhã (15/12) irei com a deputada e um grupo de artistas e intelectuais na ALERJ. Depois, teremos uma reunião com o presidente da casa pra falar sobre o assunto. Esse é um ponto, o outro foi a decisão, no meio do caminho, de organizar uma reunião no Teatro Casa Grande, que é um espaço de tradição política pra falar sobre o assunto. Porque, como diz meu pai, o teatro não é só dele, é de todos! Quando você fecha um equipamento cultural, é a cidade que perde.
AC: Fale-nos um pouco , por favor, sobre essa reunião convocada no Teatro Oi Casa Grande.
A reunião foi organizada por mim e o casal Leo e Silvia Haus, donos do Teatro Casa Grande, que são parceiraços nossos! Léo e Silvia são filhos do Max Hauss, que já é falecido, fundador do Casa Grande e que foi sócio do meu pai no Teatro Galeria, no Flamengo. De qualquer forma, eles eram muito amigos e conheço a Silvia e o Léo desde crianças. O outro organizador, muito atuante na campanha, é o Reginaldo Celestino, que é do SATED, e também é secretário do meu pai. Reginaldo é um cara que está super atuante na campanha. Esse encontro ontem lá foi muito bacana, muito representativo. A doutora Ana Cristina Carvalho, atual presidente do INEPAC, também esteve presente e demonstrou enorme interesse em somar esforços. Estiveram também presentes e emprestando seus apoios o assessor da deputada Marta Rocha, o assessor do deputado Valdeck Carneiros e o assessor do deputado Luiz Paulo , todos abraçaram também a campanha e estão juntos conosco nessa batalha. Eu sou historiadora e como tenho uma pesquisa enorme sobre o assunto, também domino bastante o tema.
SOBRE ISABEL MIRANDA
Isabel é graduada em História (PUC/Rio) e possui Especialização em Gestão e Produção Cultural (Fundação Getúlio Vargas). Trabalha com concepção e desenvolvimento de projetos de memória e de pesquisa histórica para produtos culturais tais como publicacões, seminários, eventos e documentários. É parecerista da Lei Rouanet para a área de patrimônio; trabalhou anos como programadora do Espaço Cultural CEDIM (Conselho Estadual dos Direitos da Mulher).
SOBRE ORLANDO MIRANDA
Homem de teatro e dirigente do órgão cultural mais atuante do período de redemocratização, Orlando Miranda é, aos 88 anos de idade, dono de uma das mais expressivas trajetórias do teatro brasileiro. Suas atuações como proprietário do Teatro Princesa Isabel e como gestor público de vigorosa atuação à frente do Inacen durante 11 anos, são uma prova disso. Seu comprometimento com a liberdade de expressão, seus relatos sobre sua convivência com nomes como Plínio Marcos, Glauce Rocha, Lélia Abramo, Ziembinski e Nelson Rodrigues; seus relatos sobre teatro, circo, dança, rádio, ideologias políticas, censura e ditadura; são alguns dos temas que se confundem com a história recente da cultura nacional.
SOBRE O TEATRO PRINCESA ISABEL
Localizado no Leme, o Teatro Princesa Isabel foi inaugurado em 1961. Com capacidade para 300 lugares, o local é palco para peças teatrais e shows de todos os gêneros musicais. Já recebeu nomes como Procópio Ferreira, Jardel Filho, Marília Pêra, Jô Soares, Francisco Milani, Millôr Fernandes, Rogéria, Agildo Ribeiro e Iris Bruzzi.
Endereço: Av. Princesa Isabel, 186 – Leme, Rio de Janeiro – RJ
Confira algumas imagens do Teatro Princesa Isabel:
E participe você também dessa campanha para salvar o Princesa Isabel!
Utilize as hashtags:
#SOSTEATROPRINCESAISABEL
#ficateatroprincesaisabel
#salveoteatroprincesaisabel
#teatroprincesaisabelresiste
Colaboraram para essa matéria e entrevista: Claudio Tostes e Leonardo Haus.