O site ArteCult entra na campanha contra o machismo e o assédio sexual masculino (#MexeuComUmaMexeucomTodas e #ChegadeAssédio) e aproveita para relembrar uma das figuras mais significativas do feminismo e da educação no Brasil do século XX.
Bertha Maria Julia Lutz (São Paulo, 2 de agosto de 1894 – Rio de Janeiro, 16 de setembro de 1976) foi uma bióloga brasileira especializada em anfíbios, pesquisadora do Museu Nacional e uma das figuras mais significativas do feminismo e da educação no Brasil do século XX. Ela foi a principal autora da publicação Lutz’s Rapids Frog, que descreveu o Paratelmatobius lutzii (Lutz and Carvalho, 1958).
Depois de tomar contato com os movimentos feministas da Europa e dos Estados Unidos, Bertha criou as bases do feminismo no Brasil. Uma das principais bandeiras do feminismo à época era o sufrágio feminino.
Foi a fundadora da Federação Brasileira pelo Progresso Feminino (FBPF), em 1919, após ter representado o Brasil na assembléia geral da Liga das Mulheres Eleitoras, realizada nos Estados Unidos, onde foi eleita vice-presidente da Sociedade Pan-Americana.
Em 1932, através do Código Eleitoral, as mulheres do Brasil adquiriram o direito ao voto, uma consequência do trabalho das organizações feministas da época. Continuaram pressionando os políticos para assegurar o direito de voto às mulheres no texto da Constituição de 1934 e tiveram sucesso.
Também se tornou advogada em 1933 pela Faculdade do Rio de Janeiro, que depois foi incorporada à UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro). Tentou se tornar professora da instituição com a tese “A Nacionalidade da Mulher Casada perante o Direito Internacional Privado“, em que abordava a perda da nacionalidade feminina quando a mulher se casava com um estrangeiro.
Foi eleita suplente para deputado federal em 1934, após duas tentativas malogradas de se eleger. Em 1936 assumiu o mandato, que durou pouco mais de um ano. As principais bandeiras de luta eram mudanças na legislação trabalhista com relação ao direito feminino ao trabalho, contra o trabalho infantil, direito a licença maternidade e a equiparação de salários e direitos. Em 1937, com o golpe do Estado Novo e o consequente fechamento do Congresso Nacional Bertha continuou a sua carreira em órgãos públicos, a exemplo do cargo de chefia no setor de botânica do Museu Nacional que ocupou até aposentar-se, em 1965.
Integrou a delegação do Brasil à Conferência de San Francisco, realizada entre maio e junho de 1945. Esta conferência foi convocada para redigir o texto definitivo da Carta das Organizações das Nações Unidas e, durante a reunião, Bertha se empenhou para assegurar que a Carta da ONU fosse revista periodicamente, além de outras aspirações da diplomacia brasileira, em sintonia com as delegações da América do Sul. Mas, seu grande feito foi o trabalho de apoio político ao delegado da África do Sul, General Smuts, a fim de que o preâmbulo da Carta fosse redigido mediante o compromisso com a igualdade, entre homens e mulheres e entre as nações. Por conta de sua atuação na Conferência de San Francisco, Bertha foi convidada pelo Itamaraty a integrar a delegação brasileira à Conferência do Ano Internacional da Mulher, realizada no México, em junho de 1975.
Bertha nunca se casou.
VISITE:
Museu Virtual Bertha Lutz, desenvolvido na UnB (Universidade de Brasília), com apoio do CNPq.
Fontes:
- Senado
- Portal Brasil
- O Globo – Acervo
- Livraria da Câmara
- Site de Bertha Lutz