Bela Vingança: Mais uma obra de vingança feminina visualmente gratificante

 

Assim como os filmes dentro do gênero do terror “Doce Vingança” e “Vingança”, que abordam a temática de vingança de uma mulher a partir de um estupro, “Bela Vingança” aborda esse mesmo tema através de um drama forte, com um tom bem dosado de suspense, mas de forma mais contida e sem exageros gráficos.

 

Bem no começo, vemos a protagonista Cassie, (Carey Mullingan), simulando estar bêbada em boates e bares, para enganar homens aproveitadores, com o intuito de deixa-los constrangidos com a situação, o que é até gratificante ver uma mulher se arriscar dessa forma e ter êxito em desmascarar cada homem repulsivo que não pensam duas vezes em se aproveitar do momento, só para satisfazer seus instintos sexuais, mas na hora de vê que quem está no controle não são eles, é uma cena sensacional e divertida de ver, mas apesar desse passatempo da protagonista, aos poucos é revelado a motivação de Cassie que surgiu de um trauma, cujo o ato desumano destruiu a vida e o futuro promissor dela, já que como o roteiro revela mais tarde, que justiça foi uma coisa que não foi feita por ela, e o desdobramento desse crime é feito através do plano de vingança bem orquestrado, é bem elaborado dela, revelando um novo detalhe sobre o ocorrido, através de cada pessoa envolvida nisso, ou que simplesmente ignoraram o caso, como da reitora da faculdade de medicina, onde o abuso ocorreu, que favorece os praticantes envolvidos, culpando a vítima, ou a de uma antiga colega que diz que a vítima praticamente pediu por isso, todos sempre jogando a vítima no papel de culpada, o que só faz o público ter mais antipatia por esses personagens secundários, o que faz os atos cruéis de Cassie, não serem vistos com maus olhos pelo público, ao reproduzir o desespero e medo sobre essas pessoas, os mesmos sentimentos que uma vítima de abusos com certeza senti.

O personagem interpretado por Alfred Molina, que tem uma aparição bem breve, e acrescentado apenas para uma função que irá contribuir com o desfecho. E embora toda a parte da busca pela vingança de Cassie seja um dos pontos que chamam a atenção, o roteiro as vezes perde a sutileza ao explica algum método que ela usa de um modo expositivo, no qual a diretora Emerald Fennell não consegue diluir a informação naturalmente, ou ao menos tentar disfarçar, em vez disso, fica aquela sensação que é uma informação que está mais direcionada ao público, do que para os personagens envolvidos na cena.

E no meio do segundo ato, a protagonistas vive um romance que tem uma função narrativa para causar um impacto revoltante no terceiro ato, mas a forma como é desenvolvido, e bem piegas, fazendo parecer uma comédia romântica bem café com leite, que se distancia totalmente do estilo do filme, principalmente que depois o filme começa a ficar mais ácido perto do final.

A diretora também mostra a quantidade de atos machistas que se encontra a cada esquina, o que provavelmente esse público específico vai contestar, dizendo que isso é um exagero, mas com certeza é uma realidade abusiva que infelizmente existe, principalmente através do olhar de uma mulher que teve algum tipo de experiência desse gênero, e a Carey Mullingan faz um trabalho sensacional, o quanto ela consegue ser intimidadora sem muito esforço, ela já causa desconforto sobre esses homens desprezíveis só encarando-os, tendo uma motivação bem pessoal por trás que faz o público torcer por ela o tempo todo durante cada etapa de seu plano, mesmo ela usando argumentos ou táticas um pouco extremas demais, mas tudo isso com a intenção de provocar em cada uma das pessoas que não tiveram pena de quando ela mais precisou de ajuda.

 

CONFIRA O TRAILER

Bela vingança tem uma direção agressiva e bem construída, no qual um homem na direção desse filme provavelmente não teria o mesmo olhar e desempenho quanto da diretora Emerald Fennell, que mesmo deixando alguns assuntos ambíguos ou pela quebra de ritmo, o desfecho consegue se redimir, através das despistadas que o roteiro faz para fugir do previsível, o que torna o ato final da personagem, um dos momentos mais gratificantes do filme.

NOTA: 7,5

BRUNO MARTUCI


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Colaborador de Teatro Musical e CINEMA & SÉRIES dos sites ARTECULT.com, The Geeks, Bagulhos Sinistros, entre outros.

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