Arquiteto Chicô Gouvêa leiloa mais de 900 itens de sua coleção particular

Visitas acontecem somente até esta sexta-feira, dia 26 de abril, na icônica casa do arquiteto na Gávea

Leilão on-line será realizado a partir do dia 29 de abril no site Bolsa de Arte 

Um dos mais respeitados e criativos arquitetos cariocas, Chicô Gouvêa é conhecido por seus projetos arquitetônicos e design de móveis e objetos, que realçam sua brasilidade e suas cores. Mas o que nem todo mundo sabe é que ele é dono de uma grande coleção, com milhares de itens, que começou ainda na infância, e que há anos decoram a sua icônica casa na Gávea. As peças incluem arte africana, indígena e contemporânea, com importantes nomes, além de centenas de objetos, com destaque para uma grande coleção de peças lúdicas. Com o objetivo de simplificar a vida, cerca de 900 itens deste acervo, garimpados ao longo de muitos anos, serão leiloados a partir do dia 29 de abril por Jones Bergamin, o Peninha, da conceituada casa de leilão Bolsa de Arte. O leilão acontece on-line (www.bolsadearte.com) e as peças estão expostas na casa do arquiteto até esta sexta-feira, dia 26 de abril, com visitas mediante agendamento.

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“Sou um curioso, sempre gostei de garimpar e colecionar coisas inusitadas, como um conjunto de apontadores chineses, por exemplo. E sempre gostei de viver cercado dessas coisas diversas, mas, com a idade, resolvi simplificar a vida”, conta Chicô Gouvêa, que não vai se desfazer de toda a sua coleção.

Arte popular Maranhão – Flor da ilha – pano de boi – colagens sobre tecido. Foto Óskar Sjostedt

As peças leiloadas vão desde obras de arte contemporânea de nomes importantes, como Frans Krajcberg, Eduardo Sued, Glauco Rodrigues, Ascânio MMM, Ivan Serpa, de quem foi aluno, entre outros, passando por diversas peças de arte indígena, como plumagens e cocares, paixão adquirida há mais de 20 anos, quando foi trabalhar em Brasília e conheceu a Fundação Nacional dos Povos Indígenas (FUNAI). Há, ainda, uma grande coleção de máscaras e peças africanas, outra paixão do arquiteto. “A arte africana é super importante, pois é o início do cubismo, além de ser, junto com a arte indígena, a minha raiz, pois somos a combinação do indígena, do negro e do europeu. Quando comecei a colecionar arte africana e indígena as pessoas se assustavam, mas hoje isso tudo está em alta”, diz Chicô Gouvêa, que destaca, ainda, que os grafismos das artes africana e indígena influenciaram muito os móveis que desenhou.

Há, ainda, peças portuguesas, como conjuntos de azulejos, e gravuras japonesas, que datam desde o século XVIII até o início do século XX. Destaca-se, também, uma belíssima coleção de caixas de madeira em marchetaria com paisagens do Rio de Janeiro. “Escolhi as melhores que encontrei durante anos. Sou um carioca completamente apaixonado pelo Rio e há muitas referências à cidade na coleção”, conta o arquiteto, que incluiu no leilão também livros incríveis sobre a iconografia da cidade.

Rikbaktsa – Par de Braçadeiras – fibra de algodão, ossos de asas de pássaro e penas. Foto Óskar Sjostedt.

Os objetos lúdicos são um capítulo à parte, com centenas de miniaturas de personagens de histórias em quadrinhos, como Tintin, e de desenhos animados, como Mickey Mouse, Betty Boop e Fred Flintstone. Além disso, parte de sua imensa e cobiçada coleção de soldadinhos de chumbo também fará parte do leilão. Completam a lista coleções de canecas, chaveiros, apontadores, livros e outras centenas de itens. “Todas as peças têm uma história, fazem parte de algum momento da minha vida”, diz Chicô.

“A coleção traz uma visualidade constelar, que nos encanta a todo instante, pois contempla variadas criações artísticas em contínuo processo de interlocução. Reinventam em verdadeiro zigue-zague, tendo a brasilidade como tônus vital e um repertório de cores, formas e figuras que norteiam os percursos das aquisições de cada objeto, que considero fragmentos significativos das suas inquietações estéticas, próprias de sua gramática visual. Ali pulsa um mundo imaginativo muito atual, uma importante referência para as outras gerações”, afirma a curadora e historiadora da arte Vanda Klabin, amiga de Chicô desde a década de 1970, que assina o texto que acompanha a mostra.

COLECIONADOR NATO

Chicô Gouvêa sempre gostou de colecionar. Quando tinha 10 anos, começou a comprar livros em quadrinhos do repórter investigativo Tintin; a coleção de bonecos, no entanto, veio um pouco mais tarde. Por volta dos 18 anos, começou a colecionar soldadinhos de chumbo, que hoje possui aos milhares. “Em minha primeira viagem para a Europa comprei uma caixa de soldadinhos, depois duas, três, e virou uma coleção. De início eu trazia as peças de fora, mas depois conheci uma pessoa que fazia no Brasil, então parte da coleção é importada, parte nacional”, conta.

John Nicholson. óleo sobre cartão colado em madeira. Foto Óskar Sjostedt.

Ao longo dos anos, a coleção foi crescendo e sempre teve sua morada na casa-escritório do arquiteto, por se tratarem de peças afetivas, garimpadas uma a uma para seu acervo pessoal, para a sua convivência diária. “Baseados no seu olhar plural e marcado pelo arbítrio do seu gosto pessoal, os objetos foram adquiridos por afeto, criando uma relação de intimidade no seu cotidiano, irradiando um verdadeiro saber vivenciado”, ressalta Vanda Klabin.

E será no mesmo espaço onde tiveram morada por tantos anos que as peças serão expostas, uma oportunidade única para o público conhecer a fundo o mundo deste tão criativo arquiteto, com peças que inspiraram suas famosas criações. No primeiro andar, estarão as obras de arte indígena e africana e no segundo as demais peças, divididas por temas. Os itens têm preços acessíveis e custarão a partir de R$200.

Chicô Gouveia. Foto: Divulgação

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Leilão Chicô Gouvêa

 

 

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