O grande problema de “Animais Fantásticos : Os Crimes de Grindelwald” foi o roteiro escrito pela criadora do universo literário de Harry Potter, J.K. Rowling, e novamente, o mesmo problema se aplica em “Animais Fantásticos : Os Segredos de Dumbledore”.
Mesmo dividindo a função com o roteirista Steve Kloves, responsáveis pelos roteiros de toda franquia “Harry Potter” (com a única exceção de “Harry Potter: A Ordem da Fênix”), nota-se que Rowling teve bastante voz na decisão final, o que resultou no mesmo efeito do primeiro filme da franquia Animais Fantásticos, ou seja, um filme que mais parece um capítulo isolado de um livro mal acabado. E pior, pois muitas vezes durante a história, parece que o roteiro se perde nas próprias ideias, já que os personagens bolam um plano um tanto confuso para tentar driblar a visão de um clarividente. Na prática, isso não fez muito sentido e acabou criando um desafio para o diretor David Yates: tentar disfarçar essas falhas, para deixar a história pelo menos algo que nos entretenha.
Para ajudar a esconder essa bagunça, os roteiristas apelam para o fator nostálgico a fim de tentar recuperar a atenção dos fãs, ao levar por exemplo os personagens de volta à Hogwarts. A razão de colocar o castelo onde se encontra a famosa escola de magia é unicamente a nostalgia, já que, diferente dos filmes da franquia “Harry Potter”, onde esse cenário era essencial, aqui ele não tem tanta importância. Não faria diferença se o roteiro se ambientasse em Hogwarts, ou em Londres, ou no Brasil, já que o que os personagens fazem lá não é nada do que poderiam ter feito em outro lugar. Nem ambientes novos do castelo são explorados, ou seja, novamente o roteiro faz uma aposta segura em trazer de volta uma das salas que o público já conhece, ao invés de mostrar novos lugares da escola.
Para quem espera ver cenas da comunidade bruxa brasileira, pode se decepcionar, já que em momento algum os personagens visitam o país. A única referência ao Brasil é mesmo a presença da ministra da magia brasileira, Vicência Santos (Maria Fernanda Cândido), que tem poucas aparições no filme e mais presença devido aos seus apoiadores que gritam seu nome pelas ruas.
Um dos personagens com maior destaque, é , é claro, o famoso bruxo Alvo Dumbledore (Jude Law), com seu lado mais sentimental, revelando seus sentimentos pelo antagonista Gellert Grindelwald. Ao mesmo tempo que sente algum afeto pelo antigo companheiro, também sabe o perigo que Grindelwald representa e o porquê deve ser detido.
Além de Alvo, outros membros da família Dumbledore também ganham destaque e algum aprofundamento na trama, como o irmão de Alvo, Aberforth (Richard Coyle) e sua irmã Ariana, que tem um pouco mais de sua história contada, algo que não foi tão mostrado em “Harry Potter”, mas que em “Animais Fantásticos” nos dá a oportunidade de assim explorar melhor a história desses famosos personagens que tem bastante a oferecer.
Embora franquia ainda leve o título de “Animais Fantásticos”, cada vez menos as criaturas possuem importância na história, pois apesar de continuarem aparecendo, nenhuma delas possui relevância para dar continuidade a narrativa. São raros agora os momentos em que aparecem, até mesmo a maleta de Newt Scamander (Eddie Redmayne), quase é deixada de fora de boa parte do filme, para dar mais importância ao arco do plano de Dumbledore em derrotar Grindelwald.
O vilão Grindelwald agora é interpretado por Mads Mikkelsen, assim como o Dumbledore em Harry Potter que teve uma troca de ator, por conta da morte do primeiro interprete Richard Harris, e foi substituído por Michael Gambon, o filme não dá uma justificativa pela mudança da aparência do personagem, os produtores apenas decidiram seguir o filme adiante, como se o Johnny Depp nunca tivesse participado da franquia, contudo o Grindelwald de Mads não foge da impressão de parecer uma cópia do Grindelwald de Johnny, pois permanece a mesma essência e modo de atuação do antigo intérprete, o que para o personagem não é ruim, já que ainda transmite o mesmo nível de ameaça apresentada no segundo filme, mas limita a atuação de Mads e o que ele poderia acrescentar ao vilão, logo não é culpa do ator e sim da direção, que preferiu manter o que já foi feito com o personagem dentro da zona de conforto.
A ausência da Tina Goldstein (Katherine Waterston) tem uma rápida explicação nada criativa, mas que não compromete na trama. Contudo, sua ausência é bastante compreensível em termos narrativos, por conta de tantos personagens presentes que foram bem distribuídos e utilizados. Principalmente em relação ao arco principal, o romance entre Tina e Newt poderia comprometer e deslocar o ritmo do filme, que tem uma atmosfera mais sombria e séria.
Os efeitos visuais e o design mantém o nível dos outros filmes, não chegam a ser os mais criativos ou os mais refinados, mas tem bastante capricho ao criar criaturas novas e estranhamente bonitas e fantásticas.
Confira o trailer
“Animais Fantásticos: Os Segredos de Dumbledore” pode conquistar o público e os fãs do Wizarding World pela nostalgia, mas se separar isso do resto do filme, encontrará outra história mediana, no mesmo nível do filme anterior.
NOTA: 6
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