
Foto: Victoria Heloise
A alma dos fãs de Dark Passion Play e Imaginaerum foi lavada com a turnê sul-americana de Anette Olzon. Nesta última fria segunda-feira (22), o Tork N’ Roll, em Curitiba, aqueceu-se com o imenso carinho entre fãs nostálgicos e uma cantora cheia de amor e gratidão.
A demissão da vocalista em 2012 deixou um sabor agridoce na história do Nightwish, cercada de controvérsias sobre o modo e os motivos de sua saída. Para os fãs, mais uma polêmica. Para a cantora, o retorno à enfermagem e a música colocada em segundo plano.
Apesar de alguns trabalhos solo, projetos e participações, Anette se restringiu ao estúdio e a aparições pontuais em programas, sem nunca mais embarcar em uma turnê – especialmente tão longe de casa. Humilde, pediu compreensão: “faz 13 anos que não canto essas músicas e estou com 54 anos”. Mas, para o público, a turnê era um presente. O “agridoce” ficou para trás, dando lugar apenas à doçura, simpatia e energia da artista.
Os grandes hits da era Anette não deixaram ninguém parado. “Amaranth”, “Storytime”, “Bye Bye Beautiful” e “Last Ride of the Day” foram o recheio essencial do setlist. Já músicas pouco ou nunca tocadas ao vivo deram o toque especial: “Rest Calm”, “Turn Loose the Mermaids” e “Meadows of Heaven” emocionaram o público e mostraram que talento não se resume à extensão vocal.
A banda brasileira que acompanhou Anette também mereceu destaque. O guitarrista Sanzio Rocha, o tecladista Vithor Moraes, o baterista Kiko Lopes e o baixista Filipe Duarte mostraram entrosamento, técnica e presença de palco. Além de animarem o público e cantarem juntos, brilharam sozinhos em “Last of the Wilds”, enquanto Anette fazia uma pausa. Rocha esbanjou técnica nos solos, e Duarte surpreendeu ao assumir os vocais desafiadores de Marko Hietala.
O entrosamento foi tanto que o grupo decidiu eternizar o momento com uma tatuagem feita em Curitiba. Anette, sorridente, exibiu a cruz tatuada na nuca e contou sobre suas experiências em restaurantes locais, reforçando o quanto se sente bem-vinda no Brasil.
Outro momento marcante foi a participação de Lya Seffrin, vocalista da banda de abertura Magistry, na canção “Sahara”. Em perfeita sintonia com o grupo, a curitibana entregou uma performance poderosa e mostrou impressionante química com Anette na divisão dos vocais.
Mais cedo, Lya e a Magistry aqueceram o público com um setlist enxuto de seis músicas. A banda, formada por Leonardo Arentz (guitarra e vocais), João Borth (guitarra), Thiago Parpinelli (teclados), Leonardo Rivabem (baixo) e Johan Wodzynski (bateria), apresentou seu metal sinfônico com influências de death, doom e gothic metal, equilibrando peso, melodia e passagens progressivas.
A escolha da Magistry para a abertura foi um acerto da turnê, valorizando a cena local e autoral. Com músicos de altíssimo nível, a banda merece reconhecimento maior na cena nacional. Inclusive, o show trouxe faixas frescas do EP Venus Mellifera, lançado na sexta-feira (19), três dias antes da apresentação.
De volta à atração principal, outro ponto alto foi “The Poet and the Pendulum”, música particularmente emocionante para Anette. Em 2008, durante show em Belo Horizonte com o Nightwish, a cantora deixou o palco justamente no trecho final da canção, marcado pela menção aos filhos. Na época, contou que a turnê se tornou o estopim para um colapso, resultado da longa ausência do filho Seth, somada a problemas de saúde e às críticas persistentes por ser a nova vocalista.
Em entrevista à revista finlandesa MeNaiset, em 2009, Anette revelou o desejo do filho de acompanhá-la nas turnês: “Claro, às vezes é difícil. Quando passo muito tempo fora, ele pergunta quando pode vir me acompanhar na estrada”. Agora, em 2025, Seth realizou esse sonho: subiu ao palco enrolado em uma bandeira do Brasil, aprendeu a dizer “amo vocês” e até arriscou “pastora” em português, puxando coro e arrancando sorrisos da plateia.
A simpatia e a doçura da dupla não se restringiram ao palco. Anette e Seth conversaram e tiraram fotos com fãs após o show. A vocalista não poupou abraços, autógrafos e selfies, além de prometer: assim que puder, estará de volta.
Cantora trouxe sucessos da sua passagem por Nightwish e provou que um espetáculo não se restrige unicamente à extensão vocal.
Confira as fotos da cobertura:
- Foto: Victoria Heloise
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Setlist
7 Days to the Wolves
Storytime
Ghost River
Bye Bye Beautiful
Amaranth
Rest Calm
Last of the Wilds
Eva
Turn Loose the Mermaids
Sahara
The Poet and the Pendulum
Meadows of Heaven
Last Ride of the Day
Victoria Heloise




















