Quando a Alemanha foi dividida e os Soviéticos se apoderaram da planta industrial da Carl Zeiss, em Jena, e de seus projetos e maquinário, como forma de reparação pelos danos do conflito, as fórmulas ópticas mais famosas foram aperfeiçoadas e utilizadas pela indústria soviética na fabricação de lentes e câmeras. Das mais famosas encontrava-se a Biotar. Uma lente de projeto derivado da fórmula Sonnar, como vimos nos vídeos da Biotar e da Helios, no canal Analógico Lógico, no Youtube.
Foi então que naquele mesmo 1958, as lentes soviéticas Mir 1, Tair 3 e 11 e Helios 40, todas derivadas dos design Zeiss e aperfeiçoadas pelo Professor Volosov, ganharam o Grande Prêmio da Feira Mundial de Bruxelas. Dessa forma, ficou claro que a Zeiss precisaria evoluir para não ficar para trás da concorrência dentro do seu próprio jogo.
E assim foi feito. A resposta veio quando a Zeiss lança a sua nova lente Flexon 50mm f/2, como lente standard da novíssima Praktina IIA, que estreava naquele mesmo ano.
A lente chegava com o mount Praktina, de anel de fixação por rotação, possuindo DMF de 50cm, com abertura de f/2 a f/22, diafragma de 6 lâminas recurvadas, com rosca para filtro de 49mm, possuindo design óptico de 6 elementos em quatro grupos. Design este que era uma evolução do design das Biotar, na qual o conhecido efeito de redemoinho, o famoso swirly bokeh, foi controlado, gerando-se, agora, um bokeh mais suave e refinado, remetendo à pinceladas de aquarela, com cores bonitas de saturação agradável em belos tons pastéis, típicos do vidro Zeiss. Belíssima lente.
Ocorre que, um ano depois, em 1959, surge a VEB Kamera und Kinowerk Dresden, um gigantesco conglomerado estatal que viria a ser rebatizado por Pentacon, e uma das fabricantes englobadas foi justamente a KW, fabricante da Praktina IIA, que a fabricou até o ano seguinte, sendo a Carl Zeiss Flexon 50/2 renomeada de Pancolar, em alusão à Pan Color ou todas as cores. Ou seja, as Flexon e as Pancolar iniciais, são a mesmíssima lente, sendo que as Flexon só foram produzidas para o mount Praktina e as Pancolar, por questões de economia, foram produzidas em diversos mounts, como os Praktica B, M42 e o Exa, das Exakta.
Podendo trazer corpos em padrões que partem do alumínio polido, passam pelo padrão zebra e terminam na laca preta, também podem ser single ou multi coated dependendo do ano de fabricação. Lembrando que as MC só começam a partir dos anos 1970 e no modelo f/1.8 da série Pancolar.
Uma curiosidade é que as do padrão zebra também são estranhamente conhecidas por Pancolar “Star Wars”, não por terem sido produzidas há muito tempo em uma galáxia distante mas, sim, porque alguém achou que seu padrão lembrava a estética utilizada no interior das naves da série. Apenas isso.
Apesar de ser uma lente excelente, com um bokeh realmente belo e distinto, raro de se ver, as Pancolar podem sofrer de ressecamento do lubrificante à base de óleo de baleia, assim como todas as lentes alemãs do período, necessitando de uma limpeza e relubrificação. Nenhum drama.
Sendo uma lente fabulosa, em especial para retratos, já que consegue dar seu toque especial, realmente belo e único, a Carl Zeiss Pancolar 50/2 é uma lente fantástica, linda de se fotografar tanto aqui quanto em outras galáxias, fazendo com que a força esteja sempre com o fotógrafo analógico… Lógico!
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