Essa semana um querido amigo, Monsieur André Carretoni, escritor, músico e fofo e que também é colunista aqui no ArteCult do canal Literatura (leiam!), me comentou sobre a beleza dos filmes preto e branco, no que concordo inteiramente com ele. O PB é mágico! Respondi-lhe com uma célebre frase do fotógrafo canadense Ted Grant, que resume tudo:
“Quando se fotografa pessoas em cores, você fotografa suas roupas, quando se fotografa pessoas em PB, você fotografa suas almas”.
Bem por ai.
Dessa forma, fiz um vídeo falando sobre um de meus filmes PB favoritos, o Kodak Tri-X 400. Lindo, lindo filme. E resolvi contar um pouco da história desse filme tão fabuloso para vocês. Ela começa assim…
Era uma vez uma empresa fundada por George Eastman, em 1888, em Rochester, NY, que se chamava Eastman Kodak. A Eastman vinha do próprio sobrenome de Mister George e Kodak, que não significava nada, mas soava bem.
Em pouco tempo a Kodak ficou conhecida por popularizar a fotografia ao permitir que o consumidor médio se utilizasse de sua invenção mais preciosa: o filme em rolo, que era utilizado, inicialmente, em câmeras de médio formato portáteis e fáceis de manejar e que, após terem sido batidas as fotos, dever-se-ia, apenas, enviar os rolos a alguma loja Kodak que os revelaria, conforme dizia seu bordão da época: “você aperta o botão, nós fazemos o resto”.
No entanto, foi sua concorrente mais famosa nas emulsões PB, a britânica Ilford, quem saiu na frente, nesse caso, ao criar, em 1931, seu filme Hypersensitive Panchromatic, o qual foi rebatizado alguns anos mais tarde, em 1935, apenas com as iniciais HP.
O filme pancromático mais famoso da Kodak, o Tri-X, só surgiria 23 anos mais tarde, em 1° de novembro de 1954, observando-se que, já existia um filme denominado de Tri-X Pan desde 1940, sendo que este era para chapas de grande formato e era classificado em ASA 160 para luz de tungstênio e ASA 200 para dia.
Antes desse, em 1933, a Kodak havia lançado o Panatomic-X, em ASA 40, ao inaugurar a sua linha de bobinas 135, que ainda eram novidades para os fotógrafos da época, acostumados aos médio e grande formatos.
Do Panatomic-X a Kodak lança, em 1940, seu Super XX, de ASA 200, como seu filme de “alta velocidade”, até este ser substituído, em 1954 pelos Tri-X 320 e 400 e será este sobre o qual falaremos hoje.
O Kodak Tri-X 400 é classificado como sendo um filme pancromático (enxerga todas as “cores”, traduzindo-as como tons de cinza), de alta velocidade (média para os dias atuais), grande nitidez e de boa latitude, podendo ser batido de -1 até +3 Stops ou de ASA 200 a ASA 1600 onde, nesse caso, ocorrerá um expressivo aumento na granulação, com perda de detalhes, especialmente nas sombras. Leiam meus artigos sobre exposição, Stops e outras cositas más, caso tenham alguma dúvida ou queiram relembrar (http://artecult.com/analogico-logico-os-alicerces-da-fotografia-parte-1/)
Tendo sido, por décadas, o filme favorito dos fotojornalistas, não apenas devido às suas fabulosas características e tonalidades, mas, sobretudo, à sua extrema confiabilidade e capacidade de registro sob as mais diversas e/ou adversas condições de luz, o Tri-X também é um filme de notória importância na fotografia artística, saindo-se maravilhosamente bem em paisagens naturais e urbanas, principalmente, bem como na fotografia de retratos, já que consegue capturar detalhes finos e transições tonais com toda a classe e maestria que realmente se espera de um filme tão fabuloso quanto ele.
O Tri-X 400 pode ser utilizado com uma infinidade de filtros de cor, seja para escurecer um céu, em fotografia de paisagens, bem como clarear ou escurecer tons de peles, em retratos, devendo-se, entretanto, atentar para o fator dos filtros para compensá-los. Observando-se que, a reciprocidade (a capacidade do filme ser sensibilizado pela luz quanto mais se aumenta o tempo de exposição) do Tri-X realmente não é das melhores, ficando-se os tempos de compensação (de exposição à luz) muito maiores que os fotometrados originalmente, especialmente em fotografia noturna.
Dessa forma, desaconselho longas exposições acima de 1 segundo, a não ser que a ideia seja realmente essa e se saiba o que se está fazendo. Fora isso, batendo normal se obtém melhores resultados, na prática.
Em 2007 o Tri-X 400 passou por uma revisão e mudou sua designação de TX400 para 400TX, tendo sua quantidade de haleto de prata levemente diminuída com a adoção de novas químicas com o intuito de refinar a emulsão gerando uma granulação mais sofisticada, sem perder sua essência.
Sendo um ícone vivo dos filmes, considerado por muitos como o melhor e mais charmoso filme PB já produzido, o Kodak Tri-X foi, é e sempre será um belíssimo e emblemático filme, digno de ser batido, com todo orgulho, por todo e qualquer fotógrafo analógico… Lógico!
Espero que tenham gostado, acompanhem os vídeos semanais do Analógico Lógico, no YouTube, dando aquela força necessária seguindo o canal e deixando o like maroto. Forte abraço e boas fotos!
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