Adeus a Berta Loran: ícone do humor brasileiro morre aos 99 anos

Berta Loran. Foto : Divulgação

 

A atriz e comediante Berta Loran, um dos nomes mais emblemáticos da história do humor brasileiro, faleceu na noite de domingo, 28 de setembro de 2025, aos 99 anos, no Hospital Copa D’Or, em Copacabana, Zona Sul do Rio de Janeiro. A informação foi confirmada pela assessoria da unidade hospitalar, que lamentou a perda e se solidarizou com familiares, amigos e fãs.

 

Uma trajetória marcada pelo riso e pela resistência

 

Nascida como Basza Ajs em Varsóvia, na Polônia, em 23 de março de 1926, Berta imigrou para o Brasil aos 11 anos com sua família, fugindo das perseguições nazistas contra judeus. Instalou-se no Rio de Janeiro, onde começou a trilhar sua carreira artística ainda adolescente, aos 14 anos, incentivada pelo pai, José Ajs, alfaiate e ator.

 

Ao longo de quase oito décadas de carreira, Berta Loran se destacou como uma das pioneiras do humor feminino na televisão brasileira, enfrentando um cenário dominado por homens com irreverência, espontaneidade e um carisma inconfundível. Seu sotaque característico e jeito debochado conquistaram o público e marcaram gerações.

 

Do teatro de revista à televisão

 

Berta iniciou sua carreira nos palcos do teatro de revista e logo ganhou projeção internacional, atuando por dois anos na Argentina e sete em Portugal, onde se consolidou como atriz cômica. De volta ao Brasil, foi contratada pela TV Record e, em 1966, ingressou na TV Globo, onde participou de inúmeros programas humorísticos e novelas.

 

Entre seus trabalhos mais memoráveis estão:

 

– Humorísticos: “Balança Mas Não Cai”, “Faça Humor, Não Faça Guerra”, “Planeta dos Homens”, “Viva o Gordo”, “Zorra Total”, “A Grande Família”, “Vai Que Cola” e “Tá no Ar: a TV na TV”.

– Parceria com Chico Anysio: viveu a portuguesa Manuela D’Além-Mar na “Escolinha do Professor Raimundo” e integrou “Estados Anysios de Chico City” e “Chico Total”.

– Novelas: “Amor com Amor se Paga”, “Cambalacho”, “Torre de Babel”, “Cama de Gato”, “Ti-Ti-Ti”, “Cordel Encantado” e “A Dona do Pedaço”, seu último papel na TV, aos 93 anos.

 

Legado e homenagens

 

Em 2016, aos 90 anos, foi homenageada com o livro Berta Loran: 90 anos de humor, escrito pelo produtor cultural João Luiz Azevedo. Reclusa nos últimos anos, Berta evitava os holofotes, mas sua obra permanece viva na memória afetiva do público brasileiro.

 

Despedida

 

A cerimônia de despedida será realizada nesta terça-feira, 30 de setembro, a partir das 8h, na Sociedade Religiosa Israelita Chevra Kadisha. O sepultamento ocorrerá às 11h no Cemitério Israelita de Belford Roxo.

 

Berta Loran deixa a sobrinha Sarita Paskin e uma legião de admiradores que celebram sua vida e legado. Seu humor foi mais que entretenimento — foi resistência, identidade e inspiração.

 

 

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