Para quem está acostumado a vê João Côrtes somente na frente das câmeras, como ator e apresentador, talvez não saiba que o talento desse menino vai muito além. Diretor e roteirista, João teve seu longa e curta estreando primeiro no exterior.
“Nas Mãos de Quem me Leva”, que marca a estreia do ator como roteirista e diretor, teve sua estreia no FIN Atlantic International Film Festival, que aconteceu no Canadá. E foi selecionado também para a mostra paralela do 13º Los Angeles Brazilian Film Festival, que aconteceu agora em outubro.
Já o curta-metragem “Flush”, escrito por João e dirigido por Diego Freitas, já foi indicado em outros 3 festivais. O filme estará no Vancouver International Film Festival, no Queer X Film Culture Festival, em Los Angeles; e no Indie Short Fest, também em LA! Por conta da pandemia, os eventos serão on-line.
Conversamos com o artista sobre sua experiências com a sétimas arte e abaixo você confere a entrevista na íntegra.
João seu primeiro curta foi indicado em outros 3 festivais internacionais. Tenho certeza que a sensação é incrível, mas queria que você falasse um pouco sobre o processo, como foi realizar esse curta e ter esse retorno.
Foi um processo “rápido”, mas muito intenso. Eu e Nicolas já queríamos fazer um projeto autoral juntos, só estávamos procurando o tema certo. Me veio a ideia na cabeça, e escrevi em duas semanas. Mandei para o Nicolas, que também gostou muito. E decidimos convidar o Diego Freitas para dirigir. A partir daí, tudo se intensificou muito e começamos a fazer reuniões com a equipe, com os outros produtores do filme, e eu esculpindo o roteiro. Nosso foco era saber exatamente do que estávamos falando, qual era a mensagem do filme. Foi desafiador em vários sentidos. É um projeto bastante ousado, considerando o momento que estamos vivendo no nosso país, politicamente e culturalmente. Mas isso só nos deu mais gás. A equipe toda se entregou e se dedicou muito para fazer acontecer. Todos motivados pelo amor ao cinema, e por acreditarem na história. Ficamos todos muito unidos e conectados, e acho que isso refletiu na tela. É lindo ver um trabalho 100% independente, tão próximo do nosso coração, ser aplaudido e premiado pelo mundo. Dá um orgulho danado, e nos fortalece como artistas para seguir criando.
Além do seu curta, “Nas mãos de quem me leva” o longa que traz você como diretor e roteirista, também teve a estreia no exterior, na última semana no FIN Atlantic International Film Festival. Parabéns é pouco para você em um momento como esse. Quando você viu que gostava também de estar nas funções por trás das câmeras?
Eu sempre gostei muito de escrever. Tenho o hábito de escrever textos e crônicas desde sempre. Foi em 2017 que a ideia do “Nas Mãos de quem me Leva” me veio na cabeça. E comecei a escrever o roteiro, sem muitas pretensões. E em 7 meses o roteiro estava pronto. E a cada vez que fazíamos leituras do filme, eu entendia que eu precisava dirigir. Eu sabia exatamente como cada cena deveria ser, como deveriam ser os planos, os climas… Então me joguei. Fizemos o longa de maneira 100% independente, sem apoio nenhum, e por mais desafiador e insano que tenha sido, foi profundamente emocionante. Me apaixonei pela direção também.
Você saberia dizer qual foi o momento mais importante, durante a sua caminhada para chegar até esse ponto?
Acho que o mais importante foi ter começado. Às vezes temos o hábito de procrastinar algo, com medo de falhar, ou errar. E pra mim, foi muito importante ter quebrado essa barreira e começado a escrever. Tanto o longa quanto o curta. E acredito que esse medo sempre vai existir. E teremos que enfrentá-lo sempre.
Qual seu filme favorito?
Vish… Essa pergunta é quase impossível. Mas tenho alguns na manga. Tem um filme chamado “Eu e Minha Mãe”, do Xavier Dolan. Esse filme é lindíssimo. Outro filme que amo é “O Mestre”, do Paul Thomas Anderson. Incrível. Outro sensacional é “Os Suspeitos”, do Dennis Villeneuve. E eu sou fã incondicional de animações, então posso citar como favoritos: “Procurando Nemo”, “Os Incríveis”, “Up – Altas Aventuras”…
A pandemia deixou muita gente desanimada com alguns projetos, você também teve esse momento de desanimar?
Super. A luta para se manter firme, enérgico e potente é constante. Esse ano tem sido um baita desafio para todos nós. Estamos exaustos, né? Mas o importante é levar um dia de cada vez, continuar respirando, continuar acreditando…
Queria que você falasse um pouco sobre sua parceria com o ator Nicolas Prattes, com quem você já atuou antes e com o diretor e roteirista Diego Freitas, que também teve outros trabalhos.
São dois amigos, irmãos, parceiros, que amo muito. E que tenho profunda admiração. Conheci o Nicolas faz bastante tempo, em 2014, fazendo um musical. E o Diego me dirigiu em “O Segredo de Davi”. Nos conectamos muito artisticamente, e reconheço nos dois a vontade de criar, o sangue nos olhos para fazer arte, contar histórias, se jogar… Acredito que é só o começo dessa nossa parceria, já temos outros projetos encaminhados, já já poderemos falar sobre…
Qual a importância do cinema na sua vida?
Eu cresci assistindo filmes. Desde os filmes de ação, romances, até os clássicos da Disney. Foram os filmes que me ensinaram sobre o mundo. Que me ensinaram a falar inglês. Que deram (e continuam dando) combustível para minha imaginação. Eu tenho uma relação quase amorosa com o cinema. Sou viciado em assistir filmes, e ultimamente, séries. A experiência cinematográfica sempre mexeu muito comigo. Com minhas emoções. É terapia pura. Sempre me transbordava, me atravessava e influenciava intensamente. E a carreira que tenho até hoje como ator, e mais recentemente, diretor e roteirista, é fruto desse desejo constante de fazer parte desses mundos, dessas histórias.
Você tem um diretor ou roteirista em que se inspire?
Vários! Me inspiro no cinema da Lais Bodanzki, no cinema da Anna Muylaert, do Fernando Meirelles, do Gabriel Mascaro… E internacionalmente, Woody Allen, Lucca Guadagnino, Taika Waititi, Alma Har’el, Shia Labeouf… A lista é longa…rs