Nem mesmo a palavra artista, pode não descrever tudo que Gabriella Di Grecco é. Atriz, cantora, performer e compositora, a cuiabana teve contato com a arte desde muito jovem. Isso refletiu em uma mulher totalmente multifacetada, que já foi de vocalista da sua própria banda de rock até, uma jovem formada tecnóloga em Ciências Ambientais, especializando-se no bioma do Pantanal.
Novelas, teatro musical, séries e programas de Tv fazem parte da carreira dessa menina de apenas 32 anos. Os esportes também estiveram presentes durante sua trajetória, inclusive com premiações. Hoje, Gabriela faz um grande sucesso como apresentadora do Disney Planet News e co-protagonista da série “Bia”, que faz sucesso em mais de 40 países pela América Latina e Europa.
Abaixo você confere nossa entrevista exclusiva, onde Gabriella Di Grecco conta mais sobre sua trajetória até hoje.
Como ter estudado em um colégio de pedagogia Waldorf influenciou na sua formação artística?
A pedagogia Waldorf, para mim, teve 2 pilares que me ajudaram muito não só na formação, mas na percepção e vivência da arte. Em primeiro lugar, essa pedagogia preza pelo contato com a arte como currículo obrigatório nas suas escolas. Então desde muito pequena eu tinha aulas de pintura, escultura, costura, crochê, canto, música, desenho, teatro, entre tantas outras coisas na escola. Outra coisa fundamental da pedagogia Waldorf é que o aprendizado está na vivência, no contato com as coisas e com as pessoas. Então na escola não tinha prova. Não tinha certo e errado. Os alunos eram avaliados conforme a sua vivência. E se o currículo da aula não foi totalmente absorvido, uma mudança na didática era feita. Por exemplo: Se lendo um livro os alunos não absorveram todo o currículo da história de Júlio César em Roma, por exemplo, o aprendizado era estendido fazendo uma peça de teatro sobre a vida de Júlio César. Isso bota os professores e alunos em contato de verdade. Buscando formas criativas e colaborativas de alcançar um objetivo. Esses são os pilares da minha formação artística.
Ballet clássico, Vôlei, Hipismo e Kung Fu Wushu… não sei se tem mais algum esporte. Como é a sua ligação com o esporte?
Eu AMO os esportes. Desde muito pequena gostei de atividades físicas. O esporte coloca isso dentro de um contexto, de um jogo. E isso conversa totalmente com a atuação, por exemplo. Ter praticado todos esses esportes (ainda tive a chance de ter contato com outros: basquete, handball, atletismo) foi fundamental pra ter consciência corporal, consciência de trabalho em equipe e disciplina. Elementos fundamentais pra quem quer ser ator.
Você fez teatro musical e infelizmente esse tipo de arte não é muito consumido no Brasil. Como foi essa experiência aqui no Brasil?
Por sorte, eu comecei o teatro musical quando o Brasil vinha muito bem nesse segmento. Claro que sempre dá pra evoluir. Mas comecei num momento bem bacana. Onde já havia escolas especializadas nesse nicho, havia também bastante incentivo financeiro para a produção de espetáculos. O mercado e a indústria estavam bem aquecidos. Então percebo que tive experiências bastante positivas. Cinza, que é um musical autoral que toca em muitos tabus e em temas controversos, foi um sucesso! VAMP, que já era uma peça cômica, voltada para a família, também foi uma peça bastante exitosa. Na verdade, sou uma pessoa otimista com o teatro musical no Brasil. Apesar da situação da pandemia, o Brasil tem um público que gosta de música e tem muita gente competente pra trabalhar e entregar pra esse público. Confio muito nesses ingredientes e espero que a gente possa produzir e desfrutar de grandes obras assim que for possível.
Como é a preparação para um produção como Cinderela? Imagino que seja bem emocionante, ainda mais se você for fã da Disney.
Apesar de ter sido uma pegada mais autoral, ter feito Cinderela foi incrível! Foi meu primeiro trabalho profissional em teatro musical então, foi um período no qual eu aprendi muito! Foi nesse trabalho que entendi a importância da função de cada um dentro do processo de levantar uma obra: produção, direção, direção musical, preparador vocal, preparador de elenco, direção de arte, figurinistas, maquiadores, visagistas, camareiros, técnicos, auxiliares… a lista é infinita e todas essas pessoas são MUITO valiosas pra fazer o trabalho do ator acontecer 100%.
Você já teve uma experiência em novelas. Como foi gravar Cúmplices de Um Resgate?
Eu adoro fazer novelas, séries.. enfim.. audiovisual! Gravar Cúmplices foi uma delícia. A novela já tinha começado quando eu entrei, entretanto, fui recebida com um carinho como se estivesse no elenco desde o começo. A sensação era de família. Todos eram muito amigos e se tratavam de forma muito aberta tanto dentro quanto fora do set! E gravar com a criançada é incrível! Eu aprendia muito mais com eles do que eles comigo.
Vamos falar sobre “Bia”. Primeiro eu gostaria que você contasse como foi sua preparação para o teste.
Na verdade, foram alguns testes. E para eles as preparações foram diferentes porque eram demandas diferentes. Por exemplo, teve teste no Brasil, na Argentina… teve teste de atuação… canto e dança… mas para todos os testes eu tinha uma coisa em comum nessa preparação: entregar com amor o que eu estava fazendo. Todas as vezes que eu entreguei (seja canto, dança ou atuação) com toda a tranquilidade que só o amor pode dar, eu fiz um bom teste.
“Bia” é uma série que faz muito sucesso em vários países, uma das séries de mais sucesso da Disney no seguimento. Quais as dificuldades que você encontrou trabalhando em algo tão grande?
Acho que a minha maior dificuldade foi entregar com todo o amor e qualidade um projeto que demanda muito sua disponibilidade. Nunca tinha feito algo tão grande, que está na TV, no Streaming, nas redes sociais, que está em tantos países, que tem tantos fãs. É um ritmo de entrega bastante particular. Pra isso, eu tive que me desconstruir em muitos sentidos e me adaptar para que eu continue servindo com amor e com propósito. Isso é perfeitamente possível e desfruto muito desse processo!
Além da série, “Bia: Um Mundo do Avesso” é um grande sucesso no Disney Plus. Como foi participar desse show tão especial e diferente?
Foi como um cometa! Lindo, brilhante, excepcional e rápido! Nos preparamos e gravamos em pouco tempo! Estávamos todos tão animados por fazer e entregar um projeto tão diferente e tão ousado que a energia no set era muito vibrante! Atores, produtores, direção, equipe… Todos estavam com muita gana de fazer algo lindo! Por se tratar de um projeto lúdico dentro do universo de Bia, senti todos muito dispostos a brincar com isso! Seja os atores trazendo algumas piadas pras cenas, seja a direção colocando um easter egg em algum lugar, sabe? Foi muito gostoso ter gravado esse especial. E continua sendo! Agora estamos vivenciando a repercussão do especial! Então, agora os fãs entram na equação dessa brincadeira! É demais! Estou amando!
Você também é apresentadora do Disney Planet News junto do Bruno Heder, um programa que faz parte da grade do canal há cinco anos. Como foi essa troca com o Bruno quando você começou a apresentar?
Foi incrível! O Bruno é um grande parceiro! Me recebeu como se já fizesse parte do programa há anos! Haha! Sempre que estou num projeto, tento fazer o exercício de me colocar no lugar de aprendiz de todo mundo. No Planet não foi diferente. O Bruno me ensina muito sobre esse universo de apresentação. A produção do programa me ensina muito também. O set de um programa de televisão no qual você apresenta tem uma dinâmica bastante diferente de uma obra de ficção. Então me coloquei no lugar de esponjinha pra aprender tudo o que eu posso desse universo e me divertir, claro!
Você lançou no seu canal do Youtube um projeto chamado Tamo Junto, com várias entrevistas, muita música e animação. De onde veio a ideia desse projeto? E como foi gravar ele com suas irmãs agora na segunda temporada?
A ideia desse projeto veio de uma mudança na minha forma de pensar nos últimos 2 anos. Senti que a vida tem mais sentido se você se relaciona com as pessoas. Sabe quando a gente tá conversando com alguém e você se dá conta de que você nem tá escutando a pessoa e só tá pensando no que vai responder pra ela? Isso não é conversar. Isso não é se relacionar. Então, como exercício, resolvi me colocar disponível para ouvir o outro de verdade. E quando fiz isso, me senti junto da pessoa de verdade mesmo. Isso foi tão forte que senti que deveria compartilhar essa sensação com as pessoas. Foi daí que veio o projeto, como um exercício de estar disponível e mergulhar no universo do convidado (através da direção, cenografia, direção de arte, bate papo) e celebrar isso com música, que também reflete quem é esse convidado.
Gravar com as minhas irmãs foi muito simbólico. Primeiro porque estamos em quarentena, então voltamos a viver e conviver juntas todos os dias. Nossos laços se estreitaram de uma maneira muito bonita nesse contexto. E também foi uma oportunidade de fazermos algo juntas como artistas pela primeira vez. Minhas irmãs estão começando a carreira artística delas agora, então senti que o Tamo Junto com elas foi um primeiro contato amoroso e familiar com esse universo da indústria artística. Foi como dar as boas vindas pra elas e dizer pra elas que elas podem contar comigo pro que der e vier. Afinal, Tamo Junto.