A atriz Dora de Assis, que interpretou a Raíssa em Malhação – Toda Forma de Amar lançou seu primeiro livro ‘Poesia Rouca’. Uma coletânea de poesias, “Um livro em que os poemas se reconhecessem a partir da sua linguagem, como se o leitor também começasse a ler e ali existisse uma cena com zoom e que depois parte para uma conclusão de plano geral.”, como diz Dora de Assis.
Com apenas 22 anos, a jovem de Niterói, fez seu primeiro curso de teatro na Casa de Cultura Laura, dos 4 anos 6 anos, e já participou da série Segredos Médicos, do Multishow, além dos filmes Coisa de Mulher e Mate-me por favor.
Batemos um papo com Dora sobre seu lançamento literário e você confere a entrevista completa abaixo:
Para você, sobre o que é Poesia Rouca?
“É a poesia das coisas miúdas que se tornam grandes quando são percebidas por nós. É quando a fala tem a interferência da emoção e a voz falha um pouco, não sai limpa nem inteira. Rouca é a poesia que não se comporta bem, que não sai como esperada.”
Qual a importância que a poesia tem na sua vida?
“Estar aqui presente e me permitir sentir a vida que pulsa em mim, não só nos grandes acontecimentos, como também no tédio profundo, isso significa existir. E existir já é violentamente poético. Tenho um pouco de preguiça de quem sugere que a gente não pense no passado ou no futuro e foque nossa atenção no agora, porque o agora acontece em todas as direções e vai estar sempre ligado em todas as tomadas dos tempos que nós conhecemos, isso é essencial para se estar presente: saber fazer relações e narrar histórias através do que nos aconteceu. Olhar para alguma memória inflamada, rir dela e lamber pra sentir o gostinho, ver se dali ainda sai algum recheio, isso é poesia. Enquanto eu continuar olhando pra vida com atenção e querendo extrair suco de um caroço, a poesia vai ter importância pra mim.”
Em tempos de quarentena social, como você descreveria a importância da arte?
“A arte é essencial porque não se propõe a ser útil, a princípio ela não serve para nada, mas acaba por salvar uma vida. Tinha um menino que estudou comigo na escola que sempre dizia que “arte não constrói pontes”. Essa frase é de uma absurdez e me faz questionar se as pessoas que acreditam nisso reconhecem o significado da palavra ponte. Em tempos de quarentena, a arte promove encontros.”
Quais são suas maiores inspirações literárias?
“Clarice Lispector, Valter Hugo Mãe, Mia Couto, Mariana Salomão Carrara, Aline Bei, Ana Cristina César, Leonard Cohen, Hilda Hilst.”
Qual foi sua maior inspiração para você escrever o livro?
“Não sei. Vou tentar chutar essa pergunta e ver aonde ela cai: acho que enquanto algo me acontece, os objetos falam comigo, sinto um clima de tudo que participa e colabora para que aquela cena esteja acontecendo, todas as coisas dizendo sim umas para as outras fazem com que eu decida: vou escrever o que eu entendi. De poema em poema foi surgindo um livro, que já existia antes de ser escrito porque tinha sido vivido. E segue sendo.”
Como foi seu processo para a criação do livro?
“Em 2016 comecei a reunir poemas, escrever outros, tentei fazer um livro em que os poemas se reconhecessem a partir da sua linguagem, como se o leitor também começasse a ler e ali existisse uma cena com zoom e que depois parte para uma conclusão de plano geral. Gosto quando o poema conta uma história sendo cirúrgico nas palavras, essas que se desdobram e formam novos sentidos. Uma professora minha já dizia que a poesia é o cupim da língua. É o que eu busco quando escrevo, desafiar os sentidos que eu já conheço.”
Você tem mais poesias prontas? Podemos esperar um vol.2 ou um novo livro?
“Tenho, muitas. Espero que eu tenha coragem e a cara de pau para continuar escrevendo e publicar.”
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