“Para Onde Voam as Feiticeiras“ é um documentário híbrido com direção coletiva assinada por Eliane Caffé, Carla Caffé e Beto Amaral. Através de interações com transeuntes, improvisos cênicos e rodas de conversa, o filme entrelaça realidade e ficção para discutir a marginalização de diferentes grupos na sociedade. Com produção da Aurora Filmes, coprodução da Cisma Produções, e distribuição da Descoloniza Filmes, o longa chega em circuito nacional no dia 31 de agosto.
“Para Onde Voam as Feiticeiras” tem a narrativa centralizada em sete personagens LGBTQIA+, as artistas-ativistas autodenominadas “manas”: Ave Terrena Alves, Fernanda Ferreira Ailish, Gabriel Lodi, Mariano Mattos Martins, Preta Ferreira, Thatha Lopes e Wan Gomez. Apesar da direção assinada pelo trio de cineastas, o filme precisou ser construído horizontalmente, em conjunto com as personagens centrais, para que atendesse fielmente à proposta. Como forma de amplificar vozes frequentemente silenciadas, as manas transformam o centro de São Paulo em um palco aberto para a troca de ideias, talentos e revoltas pessoais. O resultado é um grande encontro de personagens de mundos diferentes, que ora se chocam e entram em contradição, ora se apaziguam e se aliam.
Para enriquecer o debate sobre a interseccionalidade dos movimentos e a formação de alianças políticas, o filme conta com a participação especial de importantes personalidades. Entre elas, Judith Butler, filósofa reconhecida internacionalmente por obras que revolucionaram os estudos de gênero; Carmen Silva, líder do Movimento Sem Teto do Centro (MSTC); Helena Vieira, pesquisadora e professora de gênero e sexualidade; Sônia Barbosa (em guarani: Ara Mirim), ativista indígena da terra do Jaraguá; e os deputados federais eleitos pelo PSOL Erika Hilton e o Pastor Henrique Vieira.
Depois da estreia nacional na 9ª edição do Festival Olhar de Cinema de Curitiba, o longa passou por diversos festivais e mostras competitivas, onde venceu “Melhor Filme“ no Festival Queer Porto; “Melhor Filme“ (voto popular) e “Melhor Direção“ no Rio Festival LGBTQIA+; “Melhor Direção“ e “Melhor Filme“ (júri técnico) no Festival de Vitória; e “Melhor Direção Longa Nacional“ no Santos Film Fest. Também esteve nas seleções oficiais do 23º Festival de Documentários de Montreal, 42º Festival de Havana, Chicago ChangeFest 2021 e La Fête du Slip (Lausanne, Suíça).
Confira abaixo a nossa entrevista exclusiva com o diretor, produtora e “AS MANAS” do filme:
SAIBA MAIS SOBRE O FILME:
Confira o trailer:
SAIBA SOBRE “AS MANAS”
Ave Terrena Alves: dramaturga, diretora teatral e poeta. Com nove textos encenados no Brasil, em Portugal e no México, já foi contemplada com prêmios como a Mostra de Dramaturgia do CCSP, Zé Renato, da Secretaria Municipal de Cultura, TUSP Peças em Processo, entre outros. Atualmente, é uma das diretoras da peça “Fracassadas BR”, com estreia em agosto no Instituto Brasileiro de Teatro.
Fernanda Ferreira Ailish: modelo, atriz e escritora. Formada em Design de Moda, desfila na semana de moda Casa de Criadores, com estilistas como Vicenta Perrota e Gustavo Silvestre. Seus textos foram publicados em coletâneas de textos com editoras independentes paulistas.
Gabriel Lodi: ator, dublador e transativista. Começou sua carreira no teatro com a “Trilogia Anti Patriarcal” dos Satyros, peça que lhe rendeu a indicação de ator revelação com Cabaret Transperipatético. Para a TV, atuou nas séries “Todxs Nós” (HBO) e “Seus Olhos” (Amazon Prime). Seus trabalhos mais recentes são a série “Da Ponte Pra Lá” (HBO Max), em fase de pós–produção, e a peça “A Herança”, com texto de Matthew Lópes e direção de Zé Henrique de Paula.
Mariano Mattos Martins: ator, diretor e produtor cultural, é atualmente o personagem Silvio Santos, protagonista da série “O Rei da TV” na plataforma Star+. Também está no elenco principal da série “O Escolhido”, da Netfix Brasil, dirigida por Michel Tikhomiroff. No cinema, esteve entre o elenco dos longas-metragens “Hebe – A estrela do Brasil”, “Abestalhados 2”, “Jardim Atlântico”, “A Primeira Missa” e “Encarnação do Demônio”.
Preta Ferreira: atriz, cantora e compositora baiana. Além de já ter assinado produção de elenco e atuado em clipes de artistas como Maria Gadú, Ana Canãs, Criolo e Baco Exu do Blues (Gran Prix Cannes Lion 2019), também fez parte da produção de “Rotas do ódio”, “O Personagem” e “Travessia”. Preta levou o título de Melhor Atriz Coadjuvante no Festival de Gramado, por sua atuação em “Receita de Caranguejo”. Também trabalha na liderança do Movimento Sem Teto do Centro em São Paulo.
Thata Lopes: artivista e palestrante em temáticas de gênero e raça. Atualmente, trabalha na área de produção artística e cultural da Casa Chama, ONG voltada para pessoas trans. Assinou a produção de diversos eventos, como o Festival Transversalidades, leilões e exposições de arte, e o 1o Congresso de Saúde Trans da Casa Chama.
Wan Gomez: natural do Espírito Santo, residente de São Paulo há mais de vinte anos. Artista independente, trabalha como ator e modelo. Esteve em projetos de estilistas como Gustavo Silvestre e Vicenta Perrota, além de desfiles nas semanas de moda Casa de Criadores. Também foi performer no coletivo Animalias e participou de trabalhos experimentais na Casa da Luz.
SINOPSE
Para onde voam as feiticeiras acompanha a deriva de encenações e improvisos de sete artistas pelas ruas do centro de São Paulo em uma experiência cinematográfica que torna visível a persistência de preconceitos arcaicos de gênero e raça no imaginário comum. No centro desta narrativa polifônica está a importância da resistência política através das alianças de luta comum entre coletivos LGBTQIA+, negritude, indígenas e trabalhadores sem teto.
Ficha Técnica
- Direção: Eliane Caffé, Carla Caffé e Beto Amaral
- Produzido por: André Montenegro e Rui Pires
- Produção Executiva: Sônia Hamburger, André Montenegro e Rui Pires
- Direção de Fotografia: Leonardo Feliciano
- Câmera: Manoela Rabinovitch
- Direção de Arte: Carla Caffé
- Direção de Som: Vasco Pimentel
- Edição de Som e Mixagem: Vasco Pimentel e Pedro Noizyman
- Trilha Sonora: Carlinhos Antunes e Rui Barossi
- Montagem: Eliane Caffé
- Direção de Produção: Jair Netto
- Coordenação Executiva: Andrea Lanzoni
- Produção de Finalização: Beto Bassi
- Assistente de Direção: Tarsila Araújo
- Produção: Aurora Filmes
- Coprodução: Cisma Produções
- Distribuidora: Descoloniza Filmes
89 min | cor | 5.1 | Full HD | 2020
SOBRE OS DIRETORES
Eliane Caffé | diretora e montadora
Eliane Caffé formou-se em psicologia e em 1990 iniciou seus estudos de cinema na “Escola Internacional de Cine y TV de San Antonio de los Baños”. Em seguida realizou filmes de curta e longa metragens, entre eles “Kenoma”, “Narradores de Javé”, “O Sol do Meio-Dia” e “Era o Hotel Cambridge”; todos com prêmios da crítica e de importantes festivais e mostras nacionais e internacionais, como Festival de Veneza, Donostia / San Sebastían e Biarritz. Também dirigiu séries e documentários para TV. Paralelamente ao cinema, a diretora dedica-se a coordenação de oficinas audiovisuais em zonas de conflito na cidade de São Paulo e também no interior do Brasil.
Carla Caffé | diretora e diretora de arte
Carla Caffé formada pela FAU_USP é artista, diretora de arte e professora. Participou de importantes mostras internacionais entre elas a Bienal de Chicago 2019. Seus principais projetos realizados em cinema são entre outros: “Era o Hotel Cambridge” (Eliane Caffé, 2017), “Narradores de Javé” (Eliane Caffé, 2001) e “Central do Brasil” (Walter Salles, 1998). Publicou quatro livros, sendo os mais recentes “Era o Hotel Cambridge, arquitetura, cinema e educação”, edições SESC, e o livro de artista “A (e) rea Paulista”, publicado pela Galeria Vermelho. É reconhecida por seus projetos multidisciplinares envolvendo arte, cinema e práticas pedagógicas.
Beto Amaral | diretor e coprodutor
Beto Amaral produziu, entre outros projetos, “Insolação” (Felipe Hirsch e Daniela Thomas, 2009) que teve sua estreia mundial no Festival de Veneza 2009. Foi corroteirista e produziu “Vazante” (Daniela Thomas, 2018), que abriu a Mostra Panorama do Festival de Berlim em 2017. Colaborou no roteiro e produziu o filme “O Banquete” (Daniela Thomas, 2018). Produziu o documentário “Partida” (Caco Ciocler, 2020) lançado em plataformas digitais e que teve sua estreia internacional no 23º Festival de Cinema de Málaga.
SOBRE A PRODUTORA | AURORA FILMES
Aurora Filmes é uma produtora audiovisual fundada em 2006 pelos sócios André Montenegro e Rui Pires após uma consolidada carreira na produção de cinema desde a sua retomada. Com projetos nacionais e internacionais voltados para tanto para cinema quanto para TV, suas produções são reconhecidas pela crítica e pelo público, com passagens em festivais como Festival de Cannes, Berlinalle, Locarno IFF, Rotterdam IFF, Festival Cinélatino Encontres de Toulouse, Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, Festival do Rio, entre outros. Em 2017, lançou seu mais recente longa-metragem, “Era O Hotel Cambridge” (Eliane Caffé, 2017), que recebeu os prêmios de pós-produção e finalização do Hubert Bals Fund e Cine en Construcción e Prêmio da Indústria do Festival de San Sebastián, e as séries de TV “Axogun” (5 episódios, 26 min) e “A Grande Viagem” (13 episódios, 26 min), a última indicada ao Emmy Kids International. Seus próximos lançamentos, previstos para 2020, são o longa metragem “Sobre Girassóis” (dirigido por Caroline Fioratti), o longa-metragem “Meu Último Desejo” (dirigido por Arnaldo Jabor) e o documentário “Para Onde Voam as Feiticeiras” (dirigido por Eliane Caffé, Carla Caffé e Beto Amaral).
SOBRE A DISTRIBUIDORA | DESCOLONIZA FILMES
Fundada em 2017 por Ibirá Machado, a Descoloniza Filmes nasceu com o propósito de equiparar a distribuição de filmes dirigidos por mulheres e que tragam novas propostas narrativas e temáticas, contribuindo com a construção de uma nova forma de pensar. Em 2018, a Descoloniza lançou o filme argentino “Minha Amiga do Parque”, de Ana Katz, vencedor do prêmio de melhor roteiro no Festival de Sundance, “Híbridos – Os Espíritos do Brasil”, de Priscilla Telmon e Vincent Moon, o chileno “Rei”, de Niles Attalah, vencedor do grande prêmio do júri no Festival de Roterdã, e “Como Fotografei os Yanomami”, de Otavio Cury. Em 2019 codistribuiu junto à Vitrine Filmes a obra “Los Silencios“, de Beatriz Seigner, e levou aos cinemas “Carta Para Além dos Muros”, de André Canto. Agora em 2020 prepara o lançamento do documentário “Saudade Mundão”, de Julia Hannud e Catharina Scarpellini.