

Foto: Rodrigo Menezes
Fazia um tempo que eu queria assistir Lupita e esse dia finalmente chegou. No Teatro Sesi Firjan, em Jacarepaguá, a montagem me encontrou.
A autora e idealizadora, Flávia Lopes, me recebeu com um lindo sorriso — eu jamais imaginava que fosse ela a dona dessa história encantada. Logo ela, que me fez chorar com uma atuação belíssima no espetáculo Bordados, da Cia Amok.
Flávia parece banhada em poesia. Tem um olhar que enxerga o mundo diferente, como se até o cair de uma folha acontecesse com graciosidade. A artista soube trazer o tema da morte com equilíbrio e leveza — simplesmente fantástico — com a delicadeza de uma pena.
Se aqui no Brasil a morte é vista com tanta dor, no México tudo parece uma festa. Os mexicanos celebram as partidas, e entender a América Latina é ir além de sermos apenas brasileiros — é compreender que somos um continente inteiro.
Essa consciência tem sido trabalhada e é lindo ver o quanto o teatro pode apresentar esse pertencimento aos pequenos, transformando-os desde cedo.
As cores fortes e misturadas, essa latinidade que julgamos às vezes brejeira, são um encanto. Quando nos reconhecemos nelas, nos olhamos diferentes — parece que passamos a integrar uma cultura viva, quente e verdadeira.
Uma galinha voando e correndo no quintal, considero um escândalo e a plateia toda ri.
Foram sessenta minutos de um drama para crianças. Confesso que me questionei se elas se manteriam conectadas, mas ficaram — atentas, participativas, respondendo a provocações e mergulhadas na história.
E havia bons motivos para isso: a montagem é riquíssima — com pássaros, figurinos fluorescentes, caveiras dançantes — tudo muito chamativo e cheio de vida.
O espetáculo fala com delicadeza às crianças. O tema da morte é tratado com tanta suavidade, que surpreende. A iluminação reforça essa transição de forma poética, traduzindo sentimentos com precisão e beleza.
O texto da Flávia me ensinou tanto. Frases como:
“Quando meu avô passou a morar no meu coração.”
ou
“É impossível prender o vento.”
São de uma genialidade tamanha.
Quantas considerações cabem aqui… A meu ver, todas as crianças deveriam ter acesso a esse espetáculo — para que os traumas não se instalem em suas vidas. Crianças de Gaza, das periferias violentas do Rio, de hospitais — todas merecem essa tradução tão humana e benéfica da morte.
E o que dizer de Marise e Adélia? No mínimo, bravíssimas! No máximo, seria preciso usar todas as palavras do dicionário para elogiá-las. Falamos de atrizes que já são reconhecidas por nós amantes do teatro.
Os figurinos são coloridos e magnânimos, assim como as máscaras e o cenário, que homenageia artistas latinos que já “viraram passarinhos”.
A luz, de Ana Luzia de Simoni, é preciosíssima.
Os músicos, que entram como mariachis, trazem o México em forma de som.
As cores de Lupita me seduziram, mas foi o amor que chegou quando o assisti. Entendi, então, que minha mãe não é um passarinho ou uma estrelinha — ela está dentro de mim.
Obrigada, Sesi, por essa oportunidade de aprendizado.
Obrigada aos artistas que criam e atuam com a leveza de um pequeno beija-flor — pássaro tão simbólico na nossa América Latina.
Como eles, voem!
Em um México imaginário, Lupita, de 10 anos, faz parte de uma família muito parecida com tantas outras. Ela vive com sua mãe e seu avô, que também é o seu melhor amigo. A menina adora ouvir as histórias dele, principalmente de quando era bem pequeno, do tamanho de um botão que cabe na palma da mão.
Com seu avô, Lupita aprendeu a ouvir e a contar histórias. Aprendeu também que tudo é música, até o silêncio, e que nada é impossível para quem tem imaginação.
A sua jornada começa com a tradicional festa do Dia dos Mortos, que acontece todos os anos no Vilarejo de San Miguel del Corazón, mas que naquele ano seria diferente e mais especial, por ser o primeiro ano da partida de seu avô.
A encenação é uma viagem pelas memórias de Lupita, em que o público torna-se cúmplice de suas lembranças entre presente e passado.
Sinopse
Em um México imaginário, Lupita, de 10 anos, faz parte de uma família muito parecida com tantas outras. Ela vive com sua mãe e seu avô, que também é o seu melhor amigo. A menina adora ouvir as histórias dele, principalmente de quando era bem pequeno, do tamanho de um botão que cabe na palma da mão.
Com seu avô, Lupita aprendeu a ouvir e a contar histórias. Aprendeu também que tudo é música, até o silêncio, e que nada é impossível para quem tem imaginação.
A sua jornada começa com a tradicional festa do Dia dos Mortos, que acontece todos os anos no Vilarejo de San Miguel del Corazón, mas que naquele ano seria diferente e mais especial, por ser o primeiro ano da partida de seu avô.
A encenação é uma viagem pelas memórias de Lupita, em que o público torna-se cúmplice de suas lembranças entre presente e passado.
Ficha técnica:
- Dramaturgia e direção: Flávia Lopes
- Direção musical: Karina Neves e Jonas Hocherman
- Elenco: Adriano Pellegrini, Aline Marosa, Bruno França, Caio Passos, Gabrielly Vianna, Juliana Brisson, Marcio Nascimento, Maria Adélia, Marise Nogueira e Tatiane Santoro
- Cenário e figurinos: Carlos Alberto Nunes
- Iluminação: Ana Luzia Molinari deSimoni
- Assistente de direção: Fernando Queiroz
- Bonecos: Márcio Newsland
- Máscaras: Flávia Lopes, Maria Adélia e Marise Nogueira
- Visagismo: Mona Magalhães
- Videografismo: Guilherme Fernandes
- Produção executiva: Fernando Queiroz
- Direção de produção: Pagu Produções Culturais
SERVIÇO
LUPITA
- Teatro Firjan SESI Campos. Avenida Dep. Bartolomeu Lysandro, 862 – Guarus
Campos dos Goytacazes – RJ - 25/10/2025
- 16h às 17h
- Duração: 60 min
- Classificação: Livre

Paty Lopes (@arteriaingressos). Foto: Divulgação.

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