A partir de algumas observações sobre o improviso no processo de criação na dança, percebe-se que alguns corpos se encontram entre a fisicalidade e a não integridade da energia para a composição do movimento. O bailarino permanece em movimento, mas não se encontra em energia potente no espaço.
O que se nota é uma urgência em compor, sem desejar o movimento. O bailarino esquece que o improviso pode ser um exercício de reencontro, de mostrar o que lhe é próprio, e para isso conduzir seus movimentos a partir de uma energia na qual precisa ser potencializada para que não haja um movimento preenchido de vazio.
O bailarino esquece que improvisar é exteriorizar o que foi previamente interiorizado. Improvisar é, sobretudo, dançar. E o que se percebe é uma ausência de energia antes de entrar no palco. Desse modo, pode-se considerar que a modificação entre o antes da dança propriamente dita, e o lugar da cena, entre o lugar do cotidiano e do extra – cotidiano, pode indicar a não apropriação do bailarino da técnica. Esta energia, de certa forma ausente conforme Barba (1995), pode ser substituída por uma energia potencializada.
Outro ponto a ser considerado é se intenção do bailarino é um ponto de interferência em sua criação, ou seja, se para haver dança é preciso estar em intenção de movimento. Segundo Barba (op.cit.), o corpo é conduzido a vários níveis, e a representação do ator estudada pelo autor, aqui também considerada pelo bailarino, é constituída por vários níveis de organização exceto pela intenção.
Deste modo, não existem conclusões a respeito do melhor uso do corpo do bailarino diante do improviso. O que existe são caminhos para que o bailarino potencialize esta energia, segundo Barba (op.cit) permite a construção de seu movimento.
RENATA BORGES
Referências Bibliográficas
BARBA, Eugênio; SAVARESE, Nicola. A arte secreta do ator: dicionário de antropologia teatral. Campinas: Hucitec,1995.