A Arte Sequencial
Olá sejam bem-vindos a nossa seção “Dicas de Desenho Para Quadrinhos”, eu sou Eduardo de Oliveira e pelos próximos meses iremos falar sobre todas as técnicas envolvidas no desenvolvimento de uma História em Quadrinhos, criação de Portfólios e amostra para Editoras.
Inaugurando nossa seção vamos falar sobre algo tão importante quanto a arte de uma página de quadrinhos, a Arte Sequencial, como o próprio nome sugere uma página é basicamente composta por uma sequencia de artes organizadas de forma a situar e orientar o leitor dentro de uma história.
Lembro-me da minha primeira experiência com arte sequencial quando, por sugestão de um amigo, ele me sugeriu ler um livro do grande mestre Will Eisner, o pai do Spirit, intitulado “Quadrinhos e Arte Sequencial” e “Desvendando Quadrinhos” de Scott McCloud.
Ambos os livros me levaram a entender por que quadrinhos podem ser considerados arte sim, e que o desenho é apenas uma parte de todo um conjunto de elementos necessários para contar uma boa história. Assim como o sentido de leitura de um livro, que aprendemos a ler da esquerda para direita, os desenhos de uma página também devem seguir o mesmo sentido, isso proporciona ao leitor o sentido de continuidade a história guiando-o sempre a próxima ação e consequentemente para a próxima página.
Em outros países como o Japão, publicações como o Mangá por exemplo, possuem um sentido de leitura ao inverso do que estamos acostumados, a escrita japonesa, assim como a leitura, se dá sempre da direita para a esquerda, parece confuso não¿ …
Além do sentido da leitura, existem outros fatores importantes que contribuem para o bom entendimento do leitor de tudo que ocorre em uma história, uma delas é a localização. Parece simples dizer ao leitor que a cena a seguir se passa em um local específico como Nova Iorque ou Metrópolis mas estamos falando de um veículo de histórias onde a imagem é seu principal atrativo, é importante situar o leitor e arrasta-lo para dentro da história de forma que ele experimente a mesma atmosfera que o personagem. Existem vários recursos visuais para isso e vamos explora-los ao longo de nossas matérias. Geralmente uma boa cena panorâmica ou aérea ajuda dar ao leitor uma boa noção de imersão e localidade.
Entendendo a ambientação
Ambientes Selvagens
A ilustração abaixo pertence a edição Tarzan – o filho das selvas ilustrada por Burne Hogarth e escrita por Edgar Rice Borroughs , nesta cena é mostrado ao leitor o ambiente em que se passará a história, ao fundo podemos observar uma choupana que nos leva a perceber que ela terá um papel importante na trama, também podemos observar em meio ao cenário animais a espreita e uma vegetação com aspectos sinistros que indica muitos perigos que espreitam o cenário.
Ambiente Urbano
Esta página foi ilustrada por Wiil Eisner e utilizada na publicação “Celebrating 100 Years Of Will Eisner” nela podemos ver que toda a cena nos leva a um ambiente sujo e decadente típico da atmosfera “noir” das histórias do autor, o leitor é levado a sentir a melancolia do personagem e a imaginar tudo que pode haver escondido no cenário e seus perigos e prazeres ao longo de uma noite.
Ambientes de Fantasia
A Ilustração ao lado pertence a Flash Gordon de Alex Raymond e está na categoria de fantasia por ser algo que nos leva a mundos fantásticos onde a fauna, flora e arquitetura se limitam a própria imaginação do desenhista. Aqui somos apresentados a um castelo no topo de uma montanha em um planeta estranho onde o herói, junto aos seus aliados, mostram-se preparados para algo que está por vir.
Por enquanto é isto. Na próxima irei falar da importância de cada quadro e como ele deve ser pensado na composição de uma página de quadrinhos.
Espero que tenham gostado e até a próxima !
EDUARDO OLIVEIRA