Ver fotografias antigas é sempre instigante pelo simples fato de elas trazerem para o presente uma realidade que não existe mais. A imagem congela um evento, um acontecimento, um episódio. E é isso o que acontece na exposição fotográfica “Equações da Metrópole” na Casa da Imagem, no centro velho de São Paulo que pode ser vista até 30.09. É um fio condutor de 140 anos (1862 a 2002).
São 119 fotos selecionadas do acervo municipal que tentam solucionar a “equação” da hoje, megalópole, capital paulistana. Parte dos registros são bem antigos, datando da 2ª metade do séc. XIX, quando São Paulo se resumia a uma cidadezinha provinciana e o eixo da vida circulava entre o Triângulo Sé-São Bento-Rosário. Pode-se ver, na exposição que ocorre uma evolução na ocupação do espaço urbano. Assim, com a chegada dos trilhos (levar a produção cafeeira ao porto de Santos), a região da estação da Luz começa a desenvolver e a se estender além. As fotos mostram isso. Fotógrafos como Militão Azevedo (1837-1905), Guilherme Gaensly (1843-1928) e Valério Vieira (1862-1941) sobem aos mirantes de torres e um horizonte de telhados fazem parte, agora, da paisagem. E assim são retratadas várias cenas urbanas de forma cronológica. Vemos os bondes puxados a cavalo darem lugar aos Ford “bigodes” e aos outros veículos das décadas seguintes. Os casarões saem de cena para os arranha-céus (como o Edif. Martinelli de 1928 e o Altino Arantes de 1939) entrarem. Nas fotos vemos a transformação do Vale do Anhangabaú, de bulevar viário para bulevar de pedestres, na reforma dos anos 80. Algumas construções permanecem impávidas, sobreviventes de um outro tempo, como é o caso do Teatro Municipal, sempre reconhecido, não importa o ângulo que o fotógrafo o registrou. O percurso das imagens termina com fotos mais recentes onde as grandes edificações ocupam o centro expandido da cidade e onde o metrô corre por debaixo da terra.
A “equação” da mostra não tem solução: a evolução (ou involução para alguns) é uma constante. O importante é que existem registros de diferentes épocas e que nós podemos revê-los e, assim refletirmos sobre como a cidade se transformou.
A mostra em si, é uma ótima oportunidade, também, de se conhecer a Casa da Imagem, casarão antigo do tempo da insipiente urbanização de São Paulo. Ao lado, está o Solar da Marquesa, onde encontra-se a enorme “Panorâmica de São Paulo”, foto de 1919 que abarca, em 180º, os bairros da Luz, Santa Efigênia e Campos Elísios.
A exposição tem textos informativos, mas somente o que abre a exposição está traduzido para o inglês. Também não tem folheto com uma relação das imagens, se o visitante quiser se informar mais a respeito. Se ela/ele quiser informações detalhadas sobre o acervo ou mais fotos, ou mesmo sobre a Casa, deverá agendar horário com os educadores. A acessibilidade se limita ao térreo.
ANDRÉA ASSIS
SERVIÇO:
Exposição: “Equações da Metrópole”
Onde: Casa da Imagem e Solar da Marquesa de Santos – Rua Roberto Simonsen, 136 – Sé – São Paulo-SP – tel.: (11) 3105 5122 ramal 203 ou 205 – metrô: estação Sé – linhas 1 (azul) ou 3 (vermelha)
Quando: até 30.09.2018 – 3ª a dom., das 09 às 17h
Quanto: gratuito