O filme retrata a história da trajetória da famosa cantora Whitney Houston (Naomi Ackie), desde sua descoberta, passando pelo sucesso estrondoso, até seus problemas pessoais com as drogas, que afetaram drasticamente sua carreira.
Pode ser comparado à “Bohemian Rhapsody”, sendo mais específico na montagem e na forma como aborda a vida da estrela, mas diferente do filme que retrata a vida de Freddie Mercury, “I Wanna Dance with Somebody” é ainda mais fiel à vida da cantora, mostrando diversos lados de Whitney, tantos os negativos, quanto os positivos.
A história de Whitney até tem pontos interessantes a serem contados, o problema é a montagem: quando algo interessante chama a atenção do espectador, a diretora Kasi Lemmons retrata isso de forma muito superficial e passageira, contando que aquilofoi, na vida da cantora, algo de grande importância, mas nunca aprofunda, após esse ponto de sua trajetória é revelado, a direção corta para a próxima sequência, deixando muito a desejar, principalmente para o fã que conhece bem sua história. E quando chega um momento decisivo carregado com um peso dramático forte, como por exemplo o problema da Whitney com as drogas, perde-se grande potencial para provocar uma cena mais impactante.
Embora temos essa forma picotada de contar a vida da estrela, a diretora acerta na escolha das canções da cantora e através dos shows e programas televisionados em que ela participou, conta a evolução gradativa de sua carreira, mostrando desde sua origem no coral da igreja, sempre incentivada pela mãe (Tamara Tunie), muito exigente, mas enxergava o potencial da filha. É nesse ponto, ao mostrar Whitney Houston, a cantora, que a direção se sai muito bem, diferente de mostrar a Whitney Houston, esposa, mãe e filha, deixando a desejar nesses pontos do filme.
A caracterização de Naomi Ackie como Whitney Houston está esplêndida, a atriz incorpora bem a personagem, mesmo com os poucos momentos mais dramáticos, entrega um alto desempenho e junto com todo o trabalho de figurino, maquiagem e cabelo, chega um ponto em que paramos de ver a atriz para dar espaço apenas à incorporação, por completo, da Whitney.
O trabalho de som também é ótimo, em boa parte Naomi faz um trabalho de dublagem em cima da voz original da própria Whitney, que é quase imperceptível, só não é perfeito por conta de alguns raros momentos em que a atriz dá alguns deslizes e perde a sincronia, que são bem visíveis.
Alguns lados da vida da Whitney são contados um pouco mais. Logo no início, por exemplo, é apresentada sua relação homossexual com a amiga Robyn (Nafessa Williams), e, perto do desfecho, relata o abuso financeiro sofrido do próprio pai (Clarke Peters). Ambos os momentos foram abordados de forma bem parecidas. No caso da Robyn, o roteiro coloca isso no início da história, mas logo é simplesmente deixado de lado após Whitney se casar com o cantor Bobby Brown (Ashton Sanders). Mostra como sofria abusos do marido, o que é mencionado mas nunca bem aprofundado. No caso da relação com seu pai, existem uma ou duas cenas bem rápidas em que se aproveita do sucesso da filha, mas é só perto do final que isso vem à tona de forma mais agressiva.
Dentro dos coadjuvantes, o que mais se destaca é o produtor musical Clive Davis (Stanley Tucci), que acaba sendo mais a figura paterna na vida de Whitney do que o próprio pai, desde que a viu pela primeira vez, mostrando o quanto admirava seu talento e a respeitava como pessoa, a ponto de se preocupar com sua frágil condição de saúde, após ela se descontrolar com o uso de drogas, diferente do produtor que enxergava os artistas apenas como uma fonte de enriquecer mais. O único problema do personagem, novamente, é o modo como o roteiro o coloca em segundo plano, ou seja, quando ele tem bastante a oferecer, por conta de sempre incentivar e proteger a Whitney, mas a direção ofusca demais sua presença.
Confira o trailer:
Para os fãs da Whitney Houston, “I Wanna Dance with Somebody” pode empolgar pelas músicas, pelo estilo e principalmente pela caracterização da atriz ao incorporar a cantora, mas é um filme que picota demais a trajetória dela, que graças a montagem, não flui de modo orgânico.
NOTA: 6,5
BRUNO MARTUCI
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