Desde 2015, o MASP vem colocando temas que abarcam as suas exposições anuais. Este ano, o país comemora os 130 anos da Abolição da Escravatura e é dentro da celebração que o mais conhecido artista do Barroco brasileiro, o Aleijadinho (1738 – 1814), tem reunidas, em uma exposição, 37 peças. Elas são imagens de devoção – postas em altares nas igrejas, em oratórios residenciais ou em presépios – feitas sob encomenda pelo mestre ou em sua oficina em Vila Rica (MG), durante o período de mineração, entre o final do séc. XVIII e começo do XIX.
As imagens retratam vários santos e santas esculpidos em madeira e, na sua grande maioria, pintadas. Expostas em displays de vidro e à altura dos olhos, as imagens são dessacralizadas e se transformam em objetos de admiração. Admiração pela beleza do trabalho de escultura, pelo detalhe de cada dobra do tecido, pela expressão do olhar das imagens. Nelas podemos observar como era a concepção da beleza na representação religiosa à época. Notamos, também, que a oportunidade rara, diga-se de passagem, de vermos um considerável número de obras do Aleijadinho em um único espaço.
Estão dispostas na sala do 1º andar e todas voltadas para a entrada, o que sugere estarem prontas para receberem os visitantes. Causa estranhamento a colocação das informações atrás da peça, mas a justificativa é deixar o impacto do deslumbramento pela obra falar primeiro ao visitante. Elas têm as mais diversas procedências: veem de museus, de coleções particulares e governamentais, de Dioceses, de coleções de bancos. Foram garimpadas, ao longo de 2 anos, e convidadas a participarem da exposição.
Além das imagens de Aleijadinho, o museu providenciou que outros tipos de trabalhos permitissem ao visitante vislumbrar o contexto em que o artista mineiro viveu – mapas de Vila Rica à época, gravuras de cenas de mineração (Rugendas) …, fotos de igrejas e das obras do mestre (Marc Ferrez), um suposto retrato (v. foto) – e homenagens nas obras de outros artistas – desenhos (Tarsila do Amaral) e textos (Mário de Andrade). Essa iconografia se encontra ao fundo da sala. A informação sobre estes objetos, no entanto, se encontra na parte lateral, dificultando a sua identificação (exceção feita àqueles assinados). O visitante é obrigado a olhar o quadro, por exemplo, e dirigir-se a outra parede lateral para identificar a sua numeração e voltar a olhar para procurar o quadro colocado na parede mais à frente. Isso exige que as pessoas desloquem no pequeno espaço, o que compromete a visualização e a contemplação da obra. Mas será que isso é “modernização/atualização” de novos conceitos de exposição ?
SERVIÇO:
. onde: Av. Paulista, 1578, São Paulo, SP – 1º. andar – tel.: (11) 3149-5959 – metrô MASP/Trianon (linha 2 – verde)
. quando: até 10. 07. 2018 – 3ª. a dom.: 10h às 18h (bilheteria aberta até as 17h30); 5ª.: das 10h às 20h (bilheteria até 19h30)
. quanto: R$35,00 (entrada); R$17,00 (meia-entrada) – às 3ª. a entrada é gratuita