Com quase 30 anos de carreira, Dalton Vigh tem uma grande e consolidada carreira na televisão brasileira. O ator iniciou sua carreira na extinta TV Manchete, onde chegou a participar também da novela’ Xica da Silva’ em 1996. Seu talento foi reconhecido e em 1998, Dalton conquistou seu primeiro protagonista na novela ‘Pérola Negra’ no SBT.
Um dos personagens de maior sucesso na sua carreira, inclusive reconhecido internacionalmente, foi Said Rachid de ‘O Clone’. Aliás, a novela está sendo exibida pela quarta vez na TV, no Vale A Pena Ver De Novo da TV Globo e, mesmo depois de tantos anos, o sucesso permanece.
“Acho que a história de um amor impossível, o choque de culturas, a discussão ética sobre criar um ser humano em laboratório, tudo o que o texto da Glória Perez abordava alinhado à direção sensível do Jayme e à entrega do elenco formulou uma receita que cativou o público”, comenta o ator sobre o sucesso da novela.
Sucesso entre o público teen, ‘As Aventuras de Poliana’, além de ter sido um grande sucesso na sua exibição original e reprise, aparece constantemente no Top 10 Brasil da Netflix e Dalton também faz parte do projeto. Na novela infanto-juvenil ele dá vida a Otto, pai de Poliana. Nessa semana estreou no SBT ‘Poliana Moça’, sequência da novela anterior e o ator contou durante a entrevista como é a experiência de dar continuidade a um personagem de novela, já que isso raramente acontece.
O fato é que quando falamos de Dalton Vigh, precisamos falar a palavra versatilidade. Além do sucesso na teledramaturgia, ele também tem personagens de sucesso em séries de streaming, como é o caso de Venâncio Couto, seu personagem em ‘A Divisão’ no Globoplay. Mesmo durante a pandemia, o teatro não ficou de lado, mesmo de uma forma diferente: online.
Confira abaixo minha entrevista completa com Dalton Vigh:
Mariane Barcelos – ArteCult: O ‘Clone’ foi exibido originalmente em 2001/2002 e completou 20 anos. A novela foi reexibida no ano passado no Canal VIVA e está sendo reprisada pela segunda vez no Vale a Pena Ver De Novo. A que você atribui esse grande sucesso da novela?
Danton Vigh: Sempre achei que parte do sucesso da novela se deve à curiosidade do público acerca do islamismo após o 11 de setembro (a novela estreou algumas semanas depois do atentado), mas vinte anos depois e tendo sido sucesso em todos os países onde foi exibida, percebo que há algo mais. Acho que a história de um amor impossível, o choque de culturas, a discussão ética sobre criar um ser humano em laboratório, tudo o que o texto da Glória Perez abordava alinhado à direção sensível do Jayme e à entrega do elenco formulou uma receita que cativou o público.
Uma questão sobre o seu personagem é que Said divide opiniões do público: se ele é ou não o vilão da trama. Você acha que foi o grande vilão da história?
Acho que era pra ser, mas com a torcida do público para que Jade ficasse com ele, o Said acabou até tendo um final feliz, o que o descaracteriza como vilão.
Quais são as memórias mais marcantes que você tem da época das gravações?
Lembro muito da preocupação que tinha em corresponder à expectativa, afinal, tinham me dado um personagem com grande destaque na trama e não queria fazer feio…
Outra lembrança é do dia 11 de setembro de 2001. Estávamos nos preparando para começar o dia de gravação quando veio a notícia do atentado ao World Trade Center. Ao longo do dia fomos recebendo as notícias dos desabamentos e também de que a novela poderia nem ir ao ar, por retratar o islamismo naquele momento, houve o receio de que ela não fosse bem recebida pelo público.
Mas também lembro de momentos divertidíssimos nos bastidores e em cena também. Eu contracenava com o Antonio Calloni e com a Eliane Giardini que sempre tentavam superar um ao outro na comédia e várias vezes caí na gargalhada com eles, o que me rendeu algumas participações no quadro “Falha Nossa”, do extinto “Vídeo Show”.
Há mais de 20 também, para ser mais exata há 24 anos atrás, você era protagonista de uma novela no SBT ‘Pérola Negra’. E 20 anos depois, em 2018 você voltou para a emissora para gravar ‘Poliana’. Como foi essa volta para o SBT, principalmente com esse personagem tão marcante que é o Otto?
Foi muito bacana. É sempre bom saber que mesmo depois de vinte anos seu trabalho continua sendo valorizado e prestigiado. Só tinha boas lembranças dos períodos que havia trabalhado no SBT.
Ao longo da sua carreira, você não participou de muitos produtos direcionados para o público infanto-juvenil. Qual a recepção desse público com você?
Já havia feito uma temporada de “Malhação”, mas a recepção do público de “Poliana” tem sido realmente incomparável. O carinho e admiração das crianças é genuíno e de uma pureza única, elas são fãs dos personagens antes de tudo.
‘Poliana’ foi um enorme sucesso, tanto que teremos agora a continuação da história em ‘Poliana Moça’. Como é pra você dar sequência em um personagem, dentro de uma novela, já que isso raramente acontece?
É uma experiência realmente muito interessante para um ator poder revisitar um personagem, principalmente quando ele passa por mudanças, como é o caso do Pendleton.
Ao mesmo tempo em que se trata de uma construção de personagem já concluída, é sempre uma novidade por existirem novos elementos e novas relações, além de ser uma outra história. É quase como reformar uma casa, você pega o que existe e acrescenta ou elimina elementos e transforma em uma nova casa mantendo a estrutura original.
Com a pandemia, você se apresentou no teatro de uma forma diferente, online. Conta um pouco dessa experiência para a gente.
Foi uma experiência muito interessante porque é completamente diferente de tudo, não é teatro e nem televisão. Eu costumo dizer que devia ser assim que se fazia o Teleteatro Tupi, grande sucesso das décadas de 50/60. Eu acho esse formato do teatro online muito atraente porque sempre fui um dos defensores de que as emissoras deveriam fazer produções de textos teatrais para televisão, até pra estimular a leitura, para as pessoas tomarem conhecimento de histórias, personagens e autores, uma questão cultural mesmo, uma questão de enriquecer a cultura do brasileiro.
Além das gravações de ‘Poliana Moça’ você já tem outros futuros trabalhos?
Nesse momento, estou estudando a possibilidade de reativar um projeto em teatro que deveria ter estreado em março de 2020.