Diferente de outros filmes biográficos, que focam na vida completa ou em um determinado período importante para o indivíduo retratado, “Spencer” não conta algum acontecimento extraordinário ou famoso da vida da princesa Diana (Kristen Stewart), isso porque o filme não foca na sua história, mas sim no desenvolvimento humanitário dessa famosa e importante figura da Família Real Britânica.
Para um filme desse tipo, o mais importante é, sem dúvidas, a escalação de uma atriz que dê conta de carregar todo o filme do começo ao fim apenas com sua performance, e a escolhida para essa missão, foi a protagonista de “Crepúsculo”, Kristen Stewart, que acabou ganhando fama de péssima atriz por conta dessa saga vampiresca.
Mas é com bastante orgulho informar que ela entrega sua melhor atuação até o momento. E não só comparando com o que a atriz fez no passado, mas também com atuações de outras grandes atrizes que entregaram performances brilhantes e num nível superior. O que Kristen faz em “Spencer” é inacreditável, em um bom sentido, reencarnando Diana com tamanha perfeição, ao mostrá-la em seu cotidiano, dentro da família real, que era algo que não a agradava, e tendo que fazer parte dessas antigas tradições da realeza, mostrando bem como era sufocante cada interação, afinal tudo era para agradar aos membros dessa família da qual aceitou fazer parte, ao se casar com o príncipe Charles. E ainda ter que continuar esse legado e costumes, mesmo que isso a sufoque.
A direção do Pablo Larrain (“Jackie”) também ajuda a transmitir esse desconforto para o espectador, através, por exemplo, da fotografia que utiliza planos fechados no rosto de Diana ou enquadramentos que parecem comprimir o ambiente, realçando essa sensação de sufocamento, o que é exatamente o que a Princesa de Gales sentia com toda essa situação. O filme também compara essa angústia com alguns rápidos momentos de liberdade que Diana consegue, com pequenos espaços de tempo em que ela se sente aliviada de toda a pressão da monarquia, como aqueles que interage com seus filhos longe de outros membros da família.
São mostradas todas as cordialidades a que ela precisa se submeter diariamente para criar a imagem de princesa que alcançou a fama, luxo e dinheiro, sem perder a humildade e carisma. Apesar de não fingir ao expor sua personalidade humanitária e gentil, a direção é certeira ao mostrar como agia em frente à mídia, algo que tinha que lidar praticamente todos os dias de sua vida. Diana era autêntica e exibia gentileza e bondade, mas o filme mostra também que isso acaba servindo como uma máscara para esconder sua dor e desespero, como se seu olhar tramite-se um pedindo de ajuda para tirá-la dessa vida, e nesse ponto, o diretor é bem delicado e preciso para expor, sem exageros, tudo que a protagonista sente apenas com o olhar e suas expressões, novamente mérito também da atriz.
O roteiro cria uma relação interessante de Diana com a personagem de Sally Hawkins, sendo uma das poucas pessoas de dentro que tenta compreender Diana, e quando o roteiro se dedica a construir a personagem como um amiga para a princesa, funciona, mas em certos momentos essa relação de compreensão e carinho começam a se perder, principalmente no terceiro ato, onde esse relacionamento começa a servir como um meio de exposição barata para verbalizar tudo o que a Diana passou, mas o que ela queria mesmo para sua vida era ficar longe desse universo a ela imposto.
Existe também algumas comparações entre as vidas e o mesmo desejo de Diana e Ana Bolena em largar seus casamentos, criando até uma boa conexão para essa comparativa. O problema está na forma como a direção acaba passando isso para a tela, o que se distancia um pouco do restante da trama do filme.
A qualidade da maquiagem, em geral, é impressionante, mas é obvio que o maior destaque é a transformação de Kristen , pois ela ficou idêntica à princesa Diana. Os excelentes trabalhos de cabelo e figurino, junto à fotografia, criam um visual que nos remete atrativamente à década de 90 quando o filme se passa.
Confira o Trailer:
Spencer é um deslumbrante filme sobre uma mulher que, embora meiga e gentil em público e de aparentemente ter a vida perfeita, cheia de riquezas, luxos e que muitas pessoas desejam, era presa por tradições reais às quais tinha que se submeter diariamente. Na verdade, ela só queria ser Diana Frances Spencer.
NOTA: 8
BRUNO MARTUCI
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