Existe razão nas coisas feitas pelo coração?
Pessoas tão diferentes podem se amar e viver um relacionamento duradouro?
“Eduardo e Mônica“, música da Legião Urbana que embalou vários romances, materializa-se em filme homônimo dirigido por René Sampaio, mesmo diretor de “Faroeste Caboclo”, que aliás foi inspirado em outra música homônima da banda e venceu o 13º Grande Prêmio do Cinema Brasileiro em sete categorias, incluindo melhor filme de ficção, mostrando que o diretor, está realmente mergulhando na obra de Renato com todo seu coração. René, em entrevista esse mês para o site “Ingresso.com”, já comentou que pretende criar mais um filme baseado nas músicas de Renato e contou que foi essa obra que o motivou a estudar cinema.
Dessa forma, a gente começa a entender a leitura do diretor nessa adaptação para as telonas, pois o filme é muito poético e nos presenteia com várias camadas adicionais à história contada por Renato Russo. Reza a lenda que Renato teria se baseado em alguns casais amigos ao compor a canção, mas, aparentemente, não fora literal com nenhum destes casais. O casal mais próximo da letra teria sido, provavelmente, sua amiga Leonice de Araújo Coimbra (Leo Coimbra) e seu marido Fernando Coimbra. Assim como na letra, Leo Coimbra realmente adorava os filmes de Godard e, de vez em quando, tinha tinta no cabelo, afinal ela é artista plástica. Além disso, Fernando é, realmente, mais novo do que Leo. Mas ela já fez questão de refutar em algumas entrevistas os demais aspectos da Mônica que aparecem na letra como sendo inspiradas nela.
À margem dessa discussão, René simplesmente seguiu a maioria das características do casal e criou um filme bem romântico. A diferença de estilos, dos gostos e de idade estão todas ali e muito bem contadas: a vida de Eduardo com o avô, uma Mônica madura e culta, enfim, uma bela homenagem à canção.
Mas no que essa produção mais acerta é, justamente, saber acrescentar à história muito mais elementos que nos fazem ficar encantados por essa improvável história de amor. O roteiro expande certas nuances dos relacionamentos familiares de cada um (a mãe de Mônica, o perfil avô de Eduardo, etc), explora a amizade de Eduardo com o amigo que o levava para “as festas estranhas com gente esquisita” (criando um personagem adorável) e cria outros elementos únicos que surgem apenas na história daquele casal, coisas bem particulares que não estão na música, mas que, certamente fazem parte de cada romance e potencializa – e muito – a trama, criando realmente um belo, emocionante e muito bem dirigido filme romântico.
Não podemos esquecer de citar a ótima trilha sonora, embalada com os hits dos anos 80 e, até mesmo, da própria Legião. Além disso, os outros temas estão muito bem alinhados ao drama, trazendo um romantismo de que não me recordo, no momento, em nenhum outro filme nacional. Também precisamos louvar a atuação de Alice Braga (que também é produtora do filme, assim como Fernando Meirelles) e de Gabriel Leone, que souberam trabalhar os novos detalhes propostos pelo roteiro e deram vida a esse casal que, de tão cantado, nos parece tão próximo.
O filme explora muito bem, em seu terceito ato, o drama da incompatibilidade e da distância do casal, quando Mônica precisa trabalhar e morar no Rio de Janeiro. Não posso (nem devo!) dar spoiler, mas termino reforçando que vale a pena, sim, ver todas essas novas nuances, camadas e elementos adicionais, pois materializam um casal improvável, mas um amor “batalhado”.
Confira o trailer
Aos românticos de plantão: não deixem de ver e se emocionar com essa bela homenagem. E preparem-se, pois o diretor já tem planos para mais um filme baseado em música de Renato Russo.
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