A CRÔNICA FRANCESA: Wes Anderson mostra o jornalismo antigo de maneira deslumbrante e contemplativa

 

Assim como o ótimo “Todos os Homens do Presidente”, o novo filme de Wes Anderson (“O Grande Hotel Budapeste” e “Ilha dos Cachorros”) aborda um pouco da antiga forma de se fazer jornalismo, muito antes da era da Internet surgir.  Mostra um grupo de repórteres e redatores da revista “A Crônica Francesa“, relatando três histórias que fazem parte da última edição da revista, finalizada após a morte de seu dono, Arthur Howitzer Jr. (Bill Murray).

Cena de “A Crônica Francesa”. Foto: Divulgação/Searchlight Pictures.

A narrativa dessas três histórias segue bastante o estilo excêntrico do cineasta, com contos extravagantes e charmosos, junto com o humor leve e descontraído, típico de se esperar de um filme feito pelo diretor. Na verdade, não temos do que se queixar de toda parte técnica : assim como em suas obras anteriores, “A Crônica Francesa” tem um visual agradável e reconfortante, com enquadramentos simétricos e uma trilha sonora relaxante, que criam uma experiência divertida, tanto pela elegância da direção de artes, como de todo o conceito técnico da identidade de Anderson.  A parte menos atrativa são as histórias em que o roteiro não engata;  pelo menos a segunda história, que envolve os personagens de Timothée Chalamet e de Francis McDormand, a mais fraca e menos atrativa entre as três. O ponto de vista narrativo, que fica por conta de McDormand, não foi a escolha ideal para mostrar o arco envolvendo Chamalet, pouco desenvolvido, e quando se acha que a história vai engrenar, ela é finalizada.

Cena de “A Crônica Francesa”. Foto: Divulgação/Searchlight Pictures.

Das três histórias, a mais interessante é a do pintor presidiário, interpretado por Benicio del Toro, que ganha notoriedade pelo seu trabalho incompreensível. O que chama mesmo a atenção são os personagens.  Até mesmo os mais interesseiros têm um certo carisma, por conta do humor que o diretor aplica sobre as situações criadas.

A terceira história, envolvendo um sequestro de uma criança, no meio de um artigo sobre gastronomia, fica bem no meio termo, comparado com as duas anteriores.  O grande ponto forte é a sequência animada criada para o final da história. Embora a opção de fazer uma sequência inteira em animação é, claramente, por conta do custo de produção, a sequência é extremamente charmosa e combina perfeitamente com o estilo de Wes Anderson.

Cena de “A Crônica Francesa”. Foto: Divulgação/Searchlight Pictures.

Normalmente, Anderson sempre apresenta um filme bem colorido, com uma palheta de cores suaves e harmoniosas, o que também se vê bastante nessa obra. A novidade é o uso do preto em branco, que fica variando entre o ótimo uso desse recurso estético, que ainda permanece o charme do visual, e a utilização espontânea,  que muda a coloração sem muita justificativa narrativa, além de mostrar a cor do ambiente em questão.

O elenco é rico , com grandes talentos, muitos que já trabalharam com o diretor em projetos passados.  Mas, por conta desse grande número de artistas talentosos, nem todos têm o devido destaque; alguns são colocados para fazer apenas uma ápida participação. Entre os nomes de mais destaque estão Bill Murray, Frances McDormand, Benicio del Toro, Léa Seydoux, Jeffrey Wright, Owen Wilson e Tilda Swinton, que tem mais de um momento significativo em cena, como narradora de uma das história e como personagem crucial para o elenco feminino.

CONFIRA O TRAILER

“A Crônica Francesa” pode ser considerado uma bela homenagem ao antigo estilo de fazer jornalismo. A visão de Wes Anderson deixa tudo mais deslumbrante e agradável para testemunharem-se as reportagens no meio de tantos momentos prazerosos, impactantes e trágicos.

NOTA: 7,5

BRUNO MARTUCI


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Colaborador de Teatro Musical e CINEMA & SÉRIES dos sites ARTECULT.com, The Geeks, Bagulhos Sinistros, entre outros.

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