A Fase 4 da Marvel tem tentado renovar (e com êxito) seu estilo de contar histórias, sempre trazendo uma nova forma de abordagem, seja na narrativa como em Shang-Chi ou no visual, que é o caso de WandaVision. Em ETERNOS temos novamente um filme que se diferencia de outras obras já feitas pelo estúdio, ao trazer na sua direção Chloé Zhao, uma cineasta do cinema contemplativo e que faz sua estreia em um grande blockbuster, no qual teve total liberdade criativa na hora de conduzir o projeto.
Para os que não estão familiarizados com o trabalho de Zhao, recomendo ver seu último filme, Nomadland, que rendeu 2 Oscar, sendo de melhor direção e melhor filme, pois muitas das técnicas empregadas nesse filme e em projetos passados também foram aplicadas em Eternos. Podemos citar, por exemplo, a fotografia com uma coloração e iluminação mais suave e o ritmo sereno e calmo em aluns momentos, o que traz bastante de sua identidade para esse novo capítulo do MCU e o que, aliás, pode causar talvez estranheza no público que espera ver mais do mesmo.
Mas desde o início do longa a diretora exibe também recursos e elementos novos. Logo no início temos uma introdução que contextualiza a origem da espécie Eternos e sua função no universo, seguido por uma trilha sonora majestosa, que acompanha todo o filme com faixas que encaixam e realçam os momentos contemplativos que tanto a diretora tem êxito em mostrar.
E mesmo com toda essa liberdade criativa ainda existem alguns elementos básicos do estilo da Marvel que são colocados na história, para que o filme não fique totalmente deslocado e distante do restante do universo compartilhado, principalmente nas cenas de ação e combates que, por sinal, são bem dirigidas, e é claro no humor descontraído que apresenta momentos levemente engraçados, com destaque para o personagem de Harish Patel, suas participações só fazem com o que o público queira ver mais dele, e que não fazem o filme se distanciar tanto da proposta da diretora.
Quanto ao CGI, embora não seja nada revolucionário, temos efeitos muito bons, principalmente no design de criação de personagens como os deviantes, que é rico em detalhes e bem atrativo, mas a personalidade do principal deviante é fraca e pouco desenvolvida.
Em Eternos, o uso do recurso de armas e objetos em Eternos que simplesmente aparecem magicamente sobre o corpo dos personagens (como a armadura do Homem de Ferro ou o traje do Pantera Negra e que nesses casos foram uma forma preguiçosa e sem criatividade de uniformiza-los) foi mais bem utilizado e mais fácil de aceitar, já que estamos vendo seres de outro mundo e que tem acesso a uma tecnologia muito mais avançada. As armas são muito bem apresentadas e utilizadas, notando melhor o uso da técnica com a Thena (Angelina Jolie), que além de apresentá-la como uma das integrantes mais fortes e ágeis do grupo, acaba tendo uma função narrativa bem relevante sobre o futuro e destino dos personagens.
Um dos grandes desafios do roteiro foi escrever uma história de origem para um grupo de dez super-heróis, desenvolve-los separadamente e isso conseguiu ser bem sucedido. No que tange à origem do grupo e sua missão, isso não era desafiador, já que todos tem a mesmo função de proteger os humanos dos deviantes, sem interferir nos seus atos, o que justifica o motivo dos Eternos não terem ajudado os Vingadores em nenhuma de suas batalhas. O grande destaque mesmo é o desenvolvimento dos personagens interagindo com eles mesmos e de como a humanidade os afetou, o que fez cada um desenvolver sua própria personalidade e sua visão sobre a Terra e sobre os celestiais que os criaram.
O roteiro perde um pouco a linha no posicionamento dos arcos românticos, perdendo muito tempo apresentando e aprofundando um relacionamento que não contribui em nada na narrativa. Às vezes também simplesmente jogam um interesse por outro para criar atrito ou um contratempo emocional desnecessário. Provavelmente a única coisa de interessante que se originalizou disso foi uma cena de sexo, que mesmo sendo bem implícita, é ousada para um filme da Marvel.
Além da diretora de naturalidade chinesa, o elenco é rico em diversidade e consegue dar bastante protagonismo para esses integrantes, além de dar mais representatividade não só para outras etnias, mas também para pessoas portadoras de deficiências. Isso é representado pela personagem Makkari (Lauren Ridloff), acrescentando também personagens representando a comunidade LGBTQ. Dessa vez não fica só na menção que tal personagem é gay, mas ultrapassa indo mais além do simples e do básico.
A diretora não consegue manter um ritmo bom para o desfecho, mostra um momento grandioso, mas ela acaba focando muito na parte contemplativa, sendo que a cena pedia um pouco mais de agilidade e intensidade. Na finalidade de arcos de alguns personagens também faltou criatividade.
CONFIRA O TRAILER:
Eternos infelizmente é um filme que não vai agradar a todos, pelo estilo e ritmo bem diferente de outros projetos da Marvel, mas mesmo com a possibilidade de não agradar boa parte dos fãs, ainda é um filme renovador para a Marvel, que muitas vezes foge do convencional, com o intuito de trazer um conceito mais artístico e ousado, fazendo o filme se destacar entre as obras do MCU. Pelo bem ou pelo mal.
NOTA: 8,5
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