O quinto filme da franquia, Uma Noite de Crimes – A Fronteira, assim como seus antecessores e com exceção do primeiro do primeiro filme, não tem uma história muito inventiva que fuja muito da obra original, entretanto, aborda um tema bem interessante e contemporâneo.
A início, parece que o filme vai seguir a mesma estrutura dos dois primeiros filmes, mostrando simultaneamente famílias mais riscas e os menos favorecidos lidando com a “noite do expurgo”, mas a direção até esse momento, consegue despistar o espectador para provocar uma reação de surpresa para quem acompanha a franquia desde o início, ao introduzir o “expurgo eterno”, o que chega a ser uma novidade, mas no final é apenas mais do mesmo: pessoas matando e cometendo crimes hediondos, só que agora em tempo integral e de forma constante. E nem chega a ter tanta violência ou mortes brutais, pois em boa parte da história vemos os personagens fugindo dos EUA, com destino à fronteira do México para escapar dessa nova modalidade, o que lembra – e muito – a estrutura de um vídeo game, com os personagens sobrevivendo fase a fase até o seu objetivo final.
A história é bem fraca, repleta de clichês e personagens sem muito desenvolvimento ou arcos que entreguem algo relevante à narrativa, na qual muitos são descartados antes mesmo de serem mais aprofundados. E isso, depois de introduzir o arco, colocando vários elementos no decorrer do filme, o que faz com que o espectador ache que isso dará origem a algo que afetará a trajetória dos personagens, mas quando acontece algo, não é acrescentado nenhuma grande mudança, ou algo que impacte a trama de algum modo.
O que chama a atenção no roteiro é o tema de xenofobia que o filme aborda, mostrando esse conceito de modo violento e mais explícito. Essa exposição funciona com o estilo do filme, talvez por causa da história ou pelos personagens que não conseguem conquistar o mínimo de carisma, conseguindo que boa parte da abordagem do tema se torne mais atrativa, não apenas por ser uma realidade existente, pois mesmo após o fim do governo Trump, ainda há um número significativo de estadunidenses que desprezam qualquer diversidade vinda de outros países. A cena final pode até provocar reações negativas nessas pessoas, mas vai agradar principalmente o público de outros países e pessoas que defendem a migração.
O roteiro também usa elementos que são comuns na cultura norte-americana para destacar os pequenos atos de xenofobia, como o fato deles não consumirem filmes estrangeiros com frequência, simplesmente pelo idioma estrangeiro, fato que é ressaltado pela forma com que o filme o aborda, tendo assim um peso maior.
Dos personagens, a única que têm alguma personalidade forte é a protagonista vivida por Ana de la Reguera, cujo passado possui algum tipo de experiência que é bem útil para ela sobreviver ao expurgo.
A figura escolhida para ser o principal antagonista, além de aparecer bem tarde no filme, é bem estereotipada, representando o típico cidadão petulante, que se diz um verdadeiro patriota e, na visão ignorante dele, os EUA precisam ser “purificados” dos imigrantes que “tentam tomar o país”. O personagem poderia até funcionar se tivesse um pouco mais de refinamento do roteiro e sutileza na direção de atores.
CONFIRA O TRAILER
Assim, Uma Noite de Crimes: A Fronteira acaba sendo mais um filme de violência gratuita, que nem chega a ser o mais violento da franquia. Talvez, nas mãos certas, poderia até dar um ótimo filme e conseguir um desenvolvimento melhor do tema, mas acaba tendo todo seu potencial desperdiçado, com um roteiro raso e uma direção sem entusiasmo.
NOTA: 5
ArteCult – Cinema & Companhia
Siga nosso canal e nossos parceiros no Instagram para ficar sempre ligado nas nossas críticas, últimas novidades sobre Cinema e Séries, participar de sorteios de convites e produtos, saber nossas promoções e muito mais!
@artecult , @cinemaecompanhia , @cabinesete ,
@cinestimado, @cineelaw e @marimastrange
#VamosParaOCinemaJuntos