Depois de Capitã Marvel, a Marvel Studios traz novamente um novo super-herói dentro de seu universo cinematográfico (MCU) , trazendo uma das melhores histórias de origem, desde Homem de Ferro: “Shang-Chi e a Lenda dos Dez Anéis” .
Assim como Guardiões da Galáxia, Shang-Chi é um dos personagem da Marvel menos conhecidos do público que acompanha apenas os filmes e as séries, mas o estúdio consegue aproveitar bem o personagem das HQs e os elementos que fazem parte de seu mundo, que no pior dos casos, poderia resultar no filme mais deslocado que a Marvel já fez até então. Por sorte, isso acontece, contudo, de modo muito bem aproveitado, e fácil de se comprar a ideia de que criaturas místicas da cultura asiática também existam, principalmente depois de tudo que já foi introduzido dentro no MCU, desde deuses nórdicos até árvores humanoides.
O filme tem um estilo bem diferente também, adotando o uso de artes marciais em seu ritmo, fazendo uma boa mistura com os padrões Marvel, que mantém elementos básicos que o estúdio estruturou durante todos esses anos de MCU, o que ajuda o filme a ter uma breve semelhança na identidade da Marvel. Mas é perceptível a dedicação do diretor Destin Daniel Cretton (“Luta por Justiça”) para criar algo revolucionário nesse universo, ou pelo menos, trazer algo novo e diferente. E nesse quesito a direção tem êxito.
Os personagens têm bons arcos construídos em cima de ótimos temas como dedicação e foco, e devoção a família. Vemos isso principalmente no antagonista (Tony Leung Chiu-Wai), que tem uma boa motivação e que utiliza métodos errados para consegui-los, mas ainda é compreensível, já que a direção consegue passar o ponto de vista do personagem, sem que pareça algo maligno ou cruel, ao invés disso, concentra toda a maldade do personagem em seus atos, do que no motivo pelo qual ele faz tudo isso.
A trajetória de Shang-Chi, (Simu Liu) não tem muito a ser aprofundada em questões criativas, ela é a típica jornada do herói que tenta se distanciar do legado que seu pai quer deixar para ele um dia, e tentar descobrir seu real potencial e propósito. Não é muito original, mas é bem executado e o ator tem carisma suficiente para fazer o espectador se importar com ele.
Quem consegue roubar a cena é a amiga de Shang, Katy (Awkwafina), que é utilizada como alívio cômico, mas que também tem um ótimo desenvolvimento, pois também descobre habilidades que, tanto ela quanto Shang, ignoraram durante anos.
Vários personagens conhecidos do MCU fazem participações durante a história, os mais famosos são mais utilizados para fazer uma aparição gratuita, sem muita função ou contribuição na narrativa. O roteiro decide trazer personagens esquecidos e focar neles, dando mais destaque e sempre sabendo como utilizá-los.
O CGI é funcional na construção de mundos e das novas criaturas e é bastante notável em grandes cenários, onde se percebe que apenas os atores são reais e o restante é um visual gerado por computador. A direção tem um grande problema para saber como utilizar as piadas e momentos cômicos, que aliás o público já espera em ver nos filmes da Marvel. A maioria delas são pontuais, mas quando são colocadas no momento errado, perde-se completamente o ótimo clima que tinha sido muito bem estabelecido.
A montagem também impressiona. Por não fazer uma história de origem linear, o diretor começa apresentando a origem dos dez anéis e de toda a trajetória do pai de Shang, deixando a história do protagonista fragmentada durante todo o filme e ratificando junto com sua trajetória.
“Shang-Chi e a Lenda dos Dez Anéis” tem mais a oferecer em originalidade dentro da Marvel do que só introduzir um novo personagem ao universo, mostrando novos mundos e conceitos que não tinham sido vistos até então, deixando grandes brechas e questões que serão mais aprofundadas nos próximos filmes da Marvel Studio e que trarão mais novidades que irão mudar o MCU.
NOTA: 8,5
BRUNO MARTUCI
Confira o trailer :
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