A composição da narrativa de Caminhos da Memória (“Reminiscence”), mistura dois gêneros com uma ótima dosagem entre eles, a Ficção Científica e o estilo Noir, que é um gênero muito popular na década de 50 e 60 e anda quase esquecido, mas de vez em quando, um cineasta acaba o resgatando da beira de sua extinção, como nesse caso.
A diretora Lisa Joy (Westworld) prevalece o estilo noir como o gênero dominante, utilizando elementos base do gênero, como a narrativa constante do protagonista em voz off, o que ajuda a contextualizar e estabelecer informações para a trama prosseguir, a fotografia que apresenta cores quentes em um tom séptico em meio de um cenário sujo, mas que ainda consegue ser deslumbrante, e é claro, uma história de investigação integrante, no qual esse elemento em específico, não apresenta algo que chega perto do empolgante.
A ficção científica proposta pelo roteiro, não é nada inventiva, mas funciona para o que a história propõe: acessar memórias antigas das pessoas e manifestá-las de forma holográfica, causando a mesma sensação ao dono da memória de quando viveu aquele momento, revelando também que essa máquina foi inventada e inicialmente utilizada para métodos de interrogatório, e como toda invenção, passou a ser explorada comercialmente pelo protagonista, a fim de fazer as pessoas sentirem novamente os seus melhores momentos passados.
O contexto do filme é um futuro distópico, no qual não fica muito bem explicado sobre o que aconteceu no mundo, apenas que ocorreu um alagamento de diversas cidades e uma guerra. Tudo é rapidamente mencionado pelo protagonista, de forma bem vaga, sem muitos detalhes e mesmo não sendo o foco da história, fica essa pequena lacuna no roteiro.
Sobre a trama principal, a premissa é bem simples, de um homem que se apaixona por uma mulher, ela desaparece sem dar nenhuma satisfação e ele fica obcecado para saber para onde ela foi e porque se foi. A simplicidade dessa premissa não impede a criação de uma boa história, mas a forma como a diretora a constrói que é o problema. Joy até consegue utilizar bem os elementos da ficção junto com a investigação de Nick (Hugh Jackman) que, a cada nova pista, fica mais perto de saber o que fez Mae (Rebecca Ferguson) se afastar repentinamente.
A montagem é boa, apresentando pistas através das memórias recuperadas dos que testemunharam os eventos, o grande problema são os pequenos arcos que ajudam a compor a trama principal, nos quais ela apresenta apenas como acontecimentos paralelos à jornada de Nick, mas que têm mais importância do que parece, se tornando uma forma fraca de despistar a atenção do público.
O modo como a direção constrói a personalidade de Nick é meio irritante. Por parte do ator, Hugh Jackman está ótimo, como um homem apaixonado que só quer respostas e deseja rever e entender a mulher que ama, mas a direção acaba destacando demais a obsessão do personagem, faltando um pouco de sutileza em sua composição.
Mesmo com o desenvolvimento meramente razoável, a resolução é o ponto forte do filme, não se trata de nada genérico e sem muita criatividade, felizmente o roteiro consegue surpreender o público, que cria boas conexões entre a Mae e os arcos menores, que mesmo com a fraca motivação dos antagonistas, tudo relacionado a Mae funciona, apresentando ótimas escolhas vindas dela.
CONFIRA O TRAILER :
Caminho da Memória, mostra que o gênero noir está longe de ser esquecido, se renovando-se e adaptando-se aos tempos atuais, e, mesmo com uma história que falta empolgação, esse é o tipo de filme que vale a pena acompanhar pelo final surpreendente, bem escrito que foge do convencional e do previsível.
NOTA: 6
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