COM 200 FILMES, 32º CURTA KINOFORUM EXIBE PREMIADOS EM CANNES, HOMENAGEM A GLAUBER ROCHA E PRODUÇÕES DE DIRETORAS INDÍGENAS
* programação é gratuita e ocorre de 19 a 29 de agosto
* evento acontece de forma online, estando disponível em todo o território brasileiro
* estão em cartaz 200 filmes, de 39 países
* homenagens são prestadas à montadora Vânia Debs e aos cineastas Glauber Rocha e Chris Marker
* estão presentes obras premiados nos festivais de Cannes, Locarno, Clermont-Ferrand, Bafici-Buenos Aires, Annecy e Toulouse
* cultura indígena e produção das periferias brasileiras ganham exibições e debates
* obras são assinadas por Kleber Mendonça Filho, Lirio Ferreira, Marcelo Gomes, Paulo Sacramento, Cao Hamburger, Evaldo Mocarzel, Rafael Conde, Sylvio Lanna, José Roberto Torero e Wilson Barros
* elencos dos filmes trazem nomes como Marcélia Cartaxo, Luiz Carlos Vasconcelos, Gilda Nomacce, Paulo José e Laura Cardoso
* encontros reúnem nomes como Kleber Mendonça Filho, Graciela Guarani, Paulo Caldas, Livio Tragtenberg, Pablo Ortellado e Bernard Payen, da Cinemateca Francesa
* festival é organizado pela Associação Cultural Kinoforum e tem direção de Zita Carvalhosa
Com um total de 200 filmes, representando 39 países, a 32ª edição do Festival Internacional de Curtas Metragens de São Paulo – Curta Kinoforum acontece de 19 a 29 de agosto, de forma online e gratuita, disponível em todo o território brasileiro. O evento é considerado um dos maiores e mais tradicionais festivais dedicados ao formato do curta-metragem no mundo. Todos filmes e encontros podem ser acessados pelo endereço www.kinoforum.org.
Clique no link para ver todos os filmes selecionados: 32º Curta Kinoforum – Filmes Selecionados
A produção brasileira está representada por um total de 116 títulos. Estão presentes “Céu de Agosto”, obra recém-premiado no Festival de Cannes e que tem no elenco Gilda Nomacce, “Ela Que Mora no Andar de Cima”, estrelado por Marcelia Cartaxo, o amazonense “Seiva Bruta”, com Luiz Carlos Vasconcelos no elenco e eleito como melhor curta-metragem latino-americano no prestigioso Directors Guild of America (DGA) e “Menarca”, de Lillah Halla, selecionado para a Semana da Crítica do Festival de Cannes e vencedor do prêmio do público no festival Cinelatino de Toulouse (França).
A pandemia da Covid-19 é abordada em produções como em “República” (de Grace Passô), “Monumento ao Wi-fi” (de Gustavo Vinagre), “Gilson” (de Vitoria Di Bonesso), “República das Saúvas” (Piero Sbragia) e “Janelas Daqui” (de Arthur Sherman e Luciano Vidigal). Estão programadas obras assinadas pelos cineastas com elogiada carreira, como Evaldo Mocarzel (“O Menino, O Sabiá e o Rato”), Petrus Cariry (“Foi um Tempo de Poesia”), Rafael Conde (“O Suposto Filme”) e Sylvio Lanna (“Nova Pasta. Antigo Baú”).
Exibições especiais marcam os 20 Anos de Oficinas Kinoforum de Realização Audiovisual, com apresentação do o filme “Sobre Olhares – Oficinas Kinoforum”, os 40 anos da morte do cineasta Glauber Rocha, com o polêmico curta “Di Cavalcanti Di Glauber” (1976), e o centenário de nascimento do realizador francês Chris Marker, através da programação do seminal “La Jetée” (1962). A influência deste último em curtas-metragens brasileiros merece um programa que inclui “Vinil Verde”, de Kleber Mendonça Filho, e “Juvenília”, de Paulo Sacramento.
Um programa presta homenagem à montadora e professora Vânia Debs, falecida no último mês de junho. São exibidos curtas clássicos em que a profissional atuou, como “Verão”, de Wilson Barros, “A Garota das Telas”, de Cao Hamburger, “O Crime da Imagem”, de Lirio Ferreira, “Clandestina Felicidade”, de Marcelo Gomes e Beto Normal, e “Morte.”, dirigido por José Roberto Torero e protagonizado por Paulo José e Laura Cardoso.
A representação latino-americana soma 19 filmes, produzidos em nove países da região.
Entre os destaques está “Correspondência”, uma espécie de correspondência visual entre as premiadas cineastas Carla Simón (Espanha) e Dominga Sotomayor (Chile), o mexicano “A Felicidade do Motociclista Não Cabe em Sua Roupa”, lançado pelo Festival de Berlim, “Quem Diz Pátria Diz Morte”, que focaliza os recentes distúrbios políticos e sociais no Chile, o uruguaio “Blanes Esquina Müller”, vencedor do prestigioso festival Bafici de Buenos Aires, o mexicano “O Sonho Mais Longo de Que Me Lembro”, selecionado para o Festival de Sundance e “A Montanha Lembra”, que venceu a competição internacional do festival É Tudo Verdade.
Entre os destaques internacionais da programação estão “Estrela Vermelha” traz a assinatura do badalado diretor e ator francês Yohan Manca, e obras premiadas no Festival de Clermont-Ferrand, o mais importante evento dedicado ao curta-metragem: “Irmãs” (Estônia), “Nadador” (Suécia) e “Ônibus Noturno” (Taiwan). A programação inclui ainda “Viagem ao Paraíso”, produção do Vietnã premiada no Festival de Locarno, “Casca”, eleito como o melhor curta internacional do Festival de Annecy, “Passagem”, curta alemão que evoca as primeiras experiências pré-cinematográficas de Eadweard Muybridge (1830-1904), “O Cordeiro de Deus” (Portugal) e “Dustin” (França), ambos selecionados para o Festival de Cannes. Estão presentes ainda duas elogiadas produções africanas, “Chega Para Lá” (Ruanda) e “O Paraíso Desce à Terra” (África do Sul).
Os programas especiais jogam luz sobre a cultura indígena, com uma mostra dedicada ao festival Amotara, dedicado a mulheres cineastas, e a sessão Música e Modo de Viver dos Guaranis. A produção feita por jovens cineastas das periferias merece espaço nos programas Diálogos: André Novais Oliveira e Lincoln Péricles, Cine Social Club e Kinolab Tela Digital – Destaques. Completam a programação a Mostra Limite, dedicada à experimentação e reinvenção, a Mostra Nocturno, com filmes fantásticos e de horror, Mostra Infantojuvenil, focada no público dessas faixas etárias, e os programas especiais Christian Petzold e a Escola de Berlim e Experimenta: Duo Strangloscope.
Uma série de 12 encontros discutem temas como o cinema das mulheres indígenas, o filme de curta duração nas plataformas de streaming, o cinema realizado nas periferias brasileiras e a produções de cursos audiovisuais durante a pandemia da Covid-19. Participam das mesas nomes como os cineastas Graciela Guarani, Paulo Caldas e Kleber Mendonça Filho, o compositor Livio Tragtenberg, o filósofo Pablo Ortellado e Bernard Payen, da Cinemateca Francesa.
O Festival Internacional de Curtas Metragens de São Paulo – Curta Kinoforum realiza também uma oficina de crítica cinematográfica e uma gincana audiovisual com escolas e cursos superiores. Parte dos filmes programados ficam disponíveis com recursos de acessibilidade de 19 a 25/08 no site www.kinoforum.org .
As exibições e encontros ficam abrigados nas plataformas digitais parceiras Innsaei.TV, Cardume, Spcine Play e Sesc Digital.
A cerimônia de abertura acontece na quinta-feira, 19/08, às 20h00, com condução da jornalista Flávia Guerra.
O festival é organizado pela Associação Cultural Kinoforum e tem direção da produtora cultural Zita Carvalhosa:
“O festival este ano comprova o vigor da produção no formato curta-metragem: mesmo em plena pandemia, recebemos 2.800 inscrições, sendo 600 só de obras brasileiras. O desafio foi montar uma programação com diferentes recortes de tempo e lugares, de vozes e territórios, para todas as idades e gostos. Acima de tudo, o objetivo foi o de criar um evento que celebre a criatividade e a vida”, comentou Zita.
Viabilizado através do Edital ProAC Expresso Lei Aldir Blanc, o evento conta com patrocínioda Spcine e da Prefeitura Municipal de São Paulo. Uma realização da Associação Cultural Kinoforum, Sesc e Museu da Imagem e do Som, tem como correalizadores o Governo do Estado de São Paulo, por meio da Secretaria de Cultura e Economia Criativa, Ministério do Turismo e Governo Federal.
DESTALHES SOBRE OS PROGRAMAS
Programas Brasileiros
Os Programas Brasileiros do Festival Internacional de Curtas Metragens de São Paulo – Curta Kinoforum conta com 48 filmes, selecionados de um total de 500 inscrições. Estão presentes produções de 14 estados e do Distrito Federal. As obras são assinadas por diretores veteranos e também por cineastas estreantes, com vários títulos tendo obtido premiações em festivais brasileiros e internacionais. A seção está organizada em Mostra Brasil e Mostra Competitiva. A competição conta no júri com a produtora cultural e curadora Márcia Vaz, o cineasta Hilton Lacerda e Ana Ventura Miranda, jornalista, produtora cultural e promotora artística portuguesa, diretora do Arte Institute em Nova York.
A pandemia da Covid-19 é abordada em parte das produções. Dirigido pela atriz Grace Passô, “República” foi eleito melhor curta-metragem do ano pela Associação Brasileira de Críticos de Cinema (Abraccine) ao evidenciar a dimensão da necropolítica que opera no país. Cartas pandêmicas estão na base da coprodução Brasil/Cuba “Monumento ao Wi-fi”, do cineaste Gustavo Vinagre (do premiado longa “Vil, Ma?”). Já “Gilson”, de Vitoria Di Bonesso, aborda a desigualdade social e concentração de renda através da trajetória de um entregador de aplicativo de delivery que precisa trabalhar durante a pandemia. Em “República das Saúvas”, Piero Sbragia trata da ignorância e do negacionismo. Reflexões sobre a pandemia na favela do Vidigal, Rio de Janeiro, estão em foco em “Janelas Daqui”, de Arthur Sherman e Luciano Vidigal – este último, codiretor do longa “Cidade de Deus: 10 Anos Depois”).
Entre os longas-metragistas com obras no evento está Evaldo Mocarzel (de “A Margem da Imagem”), que dedica “O Menino, O Sabiá e o Rato” ao cineasta francês Robert Bresson (1901-1999), utilizando frases de seu livro “Notas sobre o Cinematógrafo”. Petrus Cariry (de “Mãe e Filha”) recupera, em “Foi um Tempo de Poesia” material inédito com o poeta Patativa do Assaré (1909-2002). Imagens de sua autoria são revisitadas pelo realizador mineiro Rafael Conde (de “Samba Canção”) estão em “O Suposto Filme”. Responsável por “Sagrada Família”, importante título do ciclo do cinema marginal brasileiro, Sylvio Lanna faz em “Nova Pasta. Antigo Baú” um ensaio sobre a vida e o início do amor.
O cineasta Carlos Reichenbach (1945-2012) ganha homenagem em “Olhos Livres”, de Fábio Rogério, enquanto o jogador Sócrates (1954-2011) tem entrevista inédita no centro de “Carta ao Magrão”, de Pedro Asbeg (do longa “Democracia em Preto e Branco”).
Vencedor de menção especial do júri no recente Festival de Cannes, “Céu de Agosto”, de Jasmin Tenucci, focaliza uma enfermeira grávida que se vê cada vez mais atraída por uma igreja neopentecostal e tem no elenco a atriz Gilda Nomacce (do longa “As Boas Maneiras”). “4 Bilhões de Infinitos”, de Marco Antonio Pereira, acumula premiações em festivais no Brasil e na Alemanha ao mostrar crianças fabulando diante de uma tela em em branco. Estrelado por Marcelia Cartaxo (premiada por “Pacarrete”) e Raquel Rizzo, “Ela Que Mora no Andar de Cima” mostra a peculiar relação entre duas vizinhas e angariou duas dezenas de láureas em eventos no país e no exterior.
Com uma protagonista que fabrica o dendê que utiliza no seu acarajé, “O Babado de Toinha”, de Sérgio Bloch, foi eleito como melhor documentário no NYC Downtown Short Film Festival (EUA). O amazonense “Seiva Bruta”, de Gustavo Milan, acompanha uma travessia de um grupo de imigrantes venezuelanos e conquistou o prêmio de melhor curta-metragem latino-americano no prestigioso Directors Guild of America (DGA). No elenco do filme estão Luiz Carlos Vasconcelos (das séries “Justiça” e “Aruanas”) e a venezuelana Samantha Castillo (premiada nos festivais de Montreal e Turim por “Pelo Malo”). Passado em uma aldeia infestada de piranhas, “Menarca”, de Lillah Halla, foi selecionado para a Semana da Crítica do Festival de Cannes e conquistou o prêmio do público no festival Cinelatino de Toulouse (França).
O realizador Thiago Mendonça teve seu “Belos Carnavais” – que narra um acontecimento no mundo das escolas de samba paulistanas – programado no Festival de Oberhausen (Alemanha), um dos mais tradicionais eventos do circuito internacional de curtas-metragens. Produção maranhense vencedora do Festival de Brasília do Cinema Brasileiro, “Quanto Pesa”, de Breno Nina, focaliza o dia a dia de uma jovem que trabalha em uma peixaria e tem que lidar com suas emoções. Triplamente premiado no Fade to Black Festival, o baiano “5 Fitas”, de Heraldo de Deus e Vilma Carla Martins, se passa em meio a festa de Nosso Senhor do Bonfim, onde dois irmãos vivem suas aventuras. Selecionado para o Cineffable – Paris International Lesbian and Feminist Film Festival e premiado em vários eventos brasileiros, “Seremos Ouvidas”, de Larissa Nepomuceno Moreira, aborda as lutas e trajetórias de três integrantes do movimento feminista surdo.
Codirigido por Tatiana Lohmann (de “Solidão & Fé”), Roberta Estrela D’Alva (de “Slam: Voz de Levante”) e Claudia Schapira, “VIVXS!” registra um encontro de poetas de diferentes partes do mundo na região do porto carioca que mais recebeu escravizados na história da humanidade e foi selecionado para o Nova Frontier Film Festival (Nova York). Eleito como melhor filme no Kuala Lumpur Film Fest (Malásia) e selecionado para o importante Festival de Clermont-Ferrand (França), a produção do Distrito Federal “A Terra em que Pisar”, de Fáuston da Silva, tem como protagonista uma participante de ocupação irregular de terra pública. “Fotos Privadas”, de Marcelo Grabowsky, mostra o estranhamento de um casal com um terceiro corpo e foi selecionado para o festival LGBTQIA+ Outfest, de Los Angeles. Já “Ir e Vir” discute o “avesso do tempo” e tem direção de Christian Caselli (do longa “Rosemberg – Cinema, Colagem e Afetos”) e Florencia Santágelo.
Mostra Latino-Americana
A Mostra Latino-Americana deste ano programou 16 títulos, representando a Argentina, Chile, Colômbia, Costa Rica, Cuba, México e Uruguai. Entre os destaques está a coprodução Chile/Espanha “Correspondência”. Vencedora do Festival de Mar del Plata, a obra é uma correspondência visual entre as cineastas Carla Simón e Dominga Sotomayor que, através de pequenos relatos de suas vidas, trocam reflexões sobre cinema, família, heranças e maternidade. Carla Simón é diretora do longa “Verão 1993”, premiado no Festival de Berlim, enquanto que Dominga Sotomayor foi a primeira mulher a vencer o prêmio de melhor direção no Festival de Locarno, com o longa “Tarde para Morrer Jovem”. Também chileno é “Quem Diz Pátria Diz Morte”, de Sebastián Quiroz, premiado no Festival de Toulouse. O filme é uma radiografia precisa e original dos recentes distúrbios políticos e sociais no Chile.
Com estreia mundial no mais recente Festival de Berlim, o mexicano “A Felicidade do Motociclista Não Cabe em Sua Roupa”, de Gabriel Herrera, explora, através de uma narrativa experimental e provocadora, a devoção à motocicleta em terras mexicanas. A produção argentina “Muralha da China” focaliza um tenso momento familiar que se transforma em uma peculiar conversa existencialista sobre a morte. Dirigido por Santiago Barzi e selecionado para a seção Cinéfondation do Festival de Cannes, o filme é um bom exemplo do fino e sutil humor argentino. O cubano “Hora Azul”, de Zoe Miranda, focaliza um inesperado encontro em um hospital: ele está lá para fazer exame de próstata, ela à espera do corpo de seu falecido marido. O uruguaio “Blanes Esquina Müller”, de Nicolás Botana, focaliza um rapaz que recebe a visita de uma versão futura de si mesmo. A obra foi vencedora de curtas-metragens do Bafici-Buenos Aires e premiada no Indie Short Fest, de Los Angeles.
Produção da Colômbia, em parceria com a Costa Rica e Brasil, “Adentro” reúne seis episódios dirigidos por algumas das vozes mais relevantes do atual cinema latino-americano: os colombianos Jorge Forero (do longa “Violência”), a costarriquenha Alexandra Latishev (de “Medea”), a equatoriana Gabriela Calvache (de “La Mala Noche”), o venezuelano Gustavo Rondón (de “La Familia”), o argentino Diego Lerman (de “Tão de Repente”) e o brasileiro Gustavo Vinagre (de “Vil, Má”).
Produção cubana dirigida por Damian Sainz Edwards e selecionada para o festival Cinélatino de Toulouse (França), “Os Indomados” se passa em uma floresta noturna na qual se escondem os terrores de seu protagonista: os espíritos e a homossexualidade de seu irmão. No mexicano “Água”, de Santiago Zermeño, um remador adolescente pensa que seus encontros sexuais com outro homem foram descobertos por um colega do trabalho e vai confrontá-lo, com resultados inesperados. Selecionado para o badalado Festival de Sundance, o também mexicano “O Sonho Mais Longo de Que Me Lembro”, de Carlos Lenin, aborda as atrocidades cometidas pelo crime organizado no país e suas consequências na vida de uma jovem. “A Montanha Lembra”, coprodução Argentina/México dirigida por Delfina Carlota Vazquez, focaliza os habitantes da região do vulcão mexicano ativo Popocatepetl que são guardiões das relíquias mesoamericanas encontradas nas bases da colina e foi vencedor da competição internacional de curtas-metragens do É Tudo Verdade – Festival Internacional de Documentários.
Mostra Internacional
A Mostra Internacional do reúne este ano 38 filmes, produzidos em 25 países. Um dos destaques da programação é “Estrasburgo 1518”, do premiado diretor inglês Jonathan Glazer, conhecido por videoclipes e pelo longa-metragem “Sob a Pele” (2013, estrelado por Scarlett Johansson). No curta, ele faz referência a um acontecimento inusitado ocorrido na França no século 16, quando houve uma “epidemia” de dança. Focalizando um homem dedica todo o seu tempo ao clube de seu bairro e sobrevive com pequenos expedientes, “Estrela Vermelha” traz a assinatura do badalado diretor e ator francês Yohan Manca, que participou do Festival de Cannes 2021 com seu primeiro longa-metragem “Mes Frères et Moi”. Selecionado para o tradicional Festival de Oberhausen, a produção alemã “Fantasia do Desastre” faz uma sensível e nostálgica abordagem para o 20° “aniversário” da tragédia do 11 de setembro de 2001. Seus diretores, Christoph Girardet e Matthias Müller, abordam a onipresença das torres gêmeas do World Trade Center no cinema norte-americano e no imaginário da população.
A produção da Eslovênia “Irmãs”, de Katarina Rešek, venceu o grand prix internacional no Festival de Clermont-Ferrand, na França, considerado o mais importante evento voltado ao filme curto. No enredo do filme, um grupo de amigas, virgens por juramento, envolvem-se em uma briga com garotos locais. Outro vencedor em Clermont-Ferrand, onde foi premiado como a melhor animação internacional, “A Arte no Sangue”, de Joanna Quinn, mostra como a obsessão está no DNA de uma família.
Um covil de caçadores e uma casa abandonada habitada por morcegos são o cenário de reflexões sobre a ligação entre a exploração humana do mundo natural em “Hospedeiros Naturais”, produção do Reino Unido, assinada pelo artista visual e cineasta Nick Jordan, nome reconhecido em exposições internacionais e festivais de cinema. Premiado no prestigioso Festival de Locarno, “Viagem ao Paraíso”, produção do Vietnã dirigida por Linh Duong, focaliza uma viagem de ônibus peculiar ao Delta do Rio Mekong na qual uma senhora esbarra com seu namorado do colégio. “Passagem”, curta alemão dirigido por Ann Oren laureado no Festival Slamdance como melhor curta experimental, evoca as primeiras experiências de Eadweard Muybridge (1830-1904), fotógrafo inglês conhecido por seus experimentos com o uso de múltiplas câmeras para captar o movimento com cavalos.
Produção de Portugal selecionada para o Festival de Cannes, “O Cordeiro de Deus”, de David Pinheiro Vincente, traça um sensual e violento retrato de uma família em meio às festividades de verão de uma pequena localidade do país. Também exibido em Cannes, dentro da Semana da Crítica, “Dustin”, de Naïla Guiguet, se passa em um galpão abandonado, onde dança, em meio à multidão, um jovem trans. Vencedor do Festival de Toronto e de mais de 15 prêmios em eventos internacionais, “Dustin”, de Naïla Guiguet, acompanha a noitada de uma jovem trans e de seu grupo de amigos.
Outros títulos premiados da programação internacional incluem o melhor curta internacional do Festival de Annecy “Casca” (de Samuel Patthey e Silvain Monney, Suíça); e dois outros laureados na edição deste ano do importante Festival de Clermont-Ferrand: “Nadador” (de Jonatan Etzler, Suécia), ganhador do prêmio de melhor comédia, e “Ônibus Noturno” (de Joe Hsieh, Taiwan), menção especial do júri da competição Labo.
O continente africano é representado por três filmes que desafiam o obscurantismo. “Chega Para Lá”, produção de Ruanda dirigida por Inès Girihirwe, mostra uma mulher que decide mudar o curso de sua vida, buscando aventura na casa da vizinha. No curta sul-africano “O Paraíso Desce à Terra”, de Tebogo Maebogo, um rapaz se descobre atraído pelo amigo e deve lidar com sua emoções. Rodado no Marrocos, o francês “A Canção do Pecado”, de Khalid Maadour conta, por sua vez, a resistência de um casal de músicos à violência religiosa.
Projeções Especiais
20 Anos de Oficinas Kinoforum
Celebrando os 20 anos de atividades das Oficinas Kinoforum de Realização Audiovisual, voltadas a despertar o interesse no fazer cinematográfico em jovens de comunidades e das periferias da cidade de São Paulo, a programação exibe em pré-estreia “Sobre Olhares – Oficinas Kinoforum”.
A produção, dirigida por Christian Saghaard e Zita Carvalhosa, reúne trabalhos de destaque realizados por alunos das oficinas desde 2001. Entre as temáticas estão questões presentes no cotidiano desses jovens, como a falta de perspectiva de trabalho, a presença do racismo estrutural, o direito à moradia e a falta de saneamento básico, homofobia e transfobia. Estão presentes ainda depoimentos dos alunos, relatando a importância de ter participado do projeto em suas carreiras profissionais.
As oficinas são de responsabilidade da Associação Kinoforum, entidade que realiza o Festival Internacional de Curtas Metragens de São Paulo – Curta Kinoforum, entre outros eventos.
40 Anos Sem Glauber Rocha
Um dos mais importantes diretores do cinema brasileiro, Glauber Rocha é homenageado no Festival Internacional de Curtas Metragens de São Paulo – Curta Kinoforum com a exibição de “Di Cavalcanti Di Glauber” (1976, 17 minutos), em uma parceria com o Centro Técnico do Audiovisual – CTAv da Secretaria Nacional do Audiovisual. Presente nas listas dos mais importantes títulos nacionais de todos os tempos e vencedor de prêmio especial do júri no Festival de Cannes de 1977, o curta é considerado uma das mais inventivas obras do cineasta. Sua exibição especial acontece em 22 de agosto, data de falecimento, em 1981, do realizador.
Trata-se de uma homenagem a Emiliano Di Cavalcanti (1897-1976), nascida do ímpeto de registrar o velório do pintor. Estão encadeados por uma montagem denominada pelo realizador como “nuclear”, recortes de imagens, participações de Joel Barcelos, Marina Montini e Antonio Pitanga, músicas de Paulinho da Viola, Lamartine Babo, Villa-Lobos e Pixinguinha, trechos de poema de Vinícius de Moraes e até gritos do diretor. O resultado, polêmico, levou à interdição judicial da exibição do curta no Brasil a partir de 1979 – que posteriormente revelou-se sem fundamentos jurídicos.
100 Anos de Chris Marker
Em homenagem aos 100 anos de nascimento do cineasta francês Chris Marker (1921-2012), celebrados em 29 de julho, o Festival Internacional de Curtas Metragens de São Paulo – Curta Kinoforum, em parceria com o Consulado Geral da França, promove a exibição especial, em 24/08, do clássico “La Jetée” (1962, 28 min). Considerado um marco do movimento da Nouvelle Vague, o curta-metragem é inspiração para toda uma produção de fotofilmes a partir da década de 1960 e foi base para o enredo do longa-metragem norte-americano de sucesso “Os 12 Macacos”, estrelado por Bruce Willis e Brad Pitt. Seu roteiro se passa em um futuro pós-apocaliptico, quando um homem é assombrado por uma lembrança de infância que se revelará desastrosa.
Chris Marker assinou, a partir de 1952, mais de 60 títulos. Incorporou realizações em vídeo e em CD-Rom, instalações multimídia e projetos pela internet. Pouco se conhece de sua biografia, pois sempre foi pouco afeito a entrevistas e a ser fotografado, o que certamente contribuiu para a mística e as brincadeiras dos amigos. Seu colega Alain Resnais (1922-2014) afirmou certa vez: “Existe uma teoria que circula, e com um certo fundamento, segundo a qual Chris Marker seria um extraterrestre. Ele tem aparência humana, mas a verdade é que vem do futuro ou de um outro planeta.”
“‘La Jetée’ e Seu Impacto na Construção de Narrativas” é o tema que o festival promove em 24/08, às 17h00. Nele estão reunidos o cineasta brasileiro Kleber Mendonça Filho (de “Bacurau”) e o francês Bernard Payen, programador da Cinemateca Francesa.
Já o programa especial “’La Jetée’ e o Curta Brasileiro” apresenta seis obras realizadas no Brasil a partir da década de 1990. Assinadas por Kleber Mendonça Filho (“Vinil Verde”), Paulo Sacramento (“Juvenília”) e Fernanda Ramos” (“Jugular”), entre outros cineastas, elas enfrentaram o desfio de criar uma dramaturgia utilizando exclusivamente imagens fixas e edição de som, sem o sistema tradicional de registro fílmico contínuo.
Mostra Limite
Seção dedicada à experimentação e reinvenção, a Mostra Limite se propõe a criar pontes estéticas e semânticas entre curtas-metragens realizados em diferentes partes do mundo. Este ano, estão programados 15 filmes, representando 11 países. Vencedor do prêmio de melhor animação experimental no Festival de Annecy, o australiano “Mimoides Reativos”, de Vladimir Todorovic, é uma homenagem bem-humorada a “Solaris”, de Stanislaw Lem, livro clássico de ficção científica que inspirou dois longas-metragens de mesmo título (dirigidos por Andrei Tarkovski, em 1972, e por Steven Soderbergh, em 2002).
Já a produção dos Estados Unidos “Son Chant” é assinada pela diretora franco-brasileira Vivian Ostrovsky e traz um relato da colaboração artística entre a cineasta belga Chantal Akerman (1950-2015) e Sonia Wieder-Atherton, a violoncelista que trabalhou na música de 20 de seus filmes. Através de trechos de filmes, imagens de arquivo e do próprio acervo de Ostrosky, o curta constitui uma homenagem afetiva ao som no cinema. O brasileiro “Vagalumes”, de Léo Bittencourt, revela o lado noturno dos jardins de Roberto Burle Marx, habitados por frequentadores enquanto a cidade do Rio de Janeiro adormece. “Utopia 360”, de Violena Isabel Ampudia Rodriguez, reúne, sem uma ordem lógica, o passado e o futuro de Cuba através de dois jogadores, que testam um jogo de realidade virtual que não está funcionando bem.
“Alexander Mosolov. Três Peças”, coprodução Rússia/Bielorússia assinada por Natalia Ryss, é dedicado ao período construtivista de Alexander Mosolov (1900-1973), importante compositor do início da era soviética. O austríaco “Todas as Paredes”, de Josef Dabernig, trata com ironia detalhes de decoração, arquitetura e cultura nativa da antiga Europa comunista, destacando os clichês sobre mulheres e empregados. “Dentro”, de Yann Chapotel, apresenta um mosaico de janelas, destacando momentos da vida cotidiana que formam um afresco coreográfico de gestos simples. O brasileiro “O Túmulo da Terra”, de Yhuri Cruz, foi concebido como fábula expressionista preta e conta a origem da máscara de pedra Pretusi a partir da jornada de um homem sem rosto que é perseguido e atormentado por sua própria subjetividade encarnada em seus pares. Selecionado para eventos na Alemanha e Japão, “Rocha Matriz”, dos brasileiros Miro Soares e Gabriel Menotti, examinha a cadeia produtiva de mármore e granito a partir de uma consciência alienígena e traça conexões entre formas de trabalho cotidiano, o mercado global e o tempo profundo da Terra.
Mostra Infantojuvenil
Em 2021, a Mostra Infantojuvenil está dividida em tês programas, reunindo 22 filmes de dez países. São duas seções infantis e uma voltada ao público juvenil.
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