Aclamado pela crítica Dinamarquesa – concorrendo praticamente a todas as categorias do Robert Award – “Loucos Por Justiça” (“Riders of Justice”) é um misto de sentimentos que arrebata o telespectador. Reduzir sua sinopse a uma trama de suspense parece-me insensível, para não definir como apático. Anders Thomas Jensen (direção e roteiro), em suas cenas iniciais e finais, em harmonioso encaixe, retrata o singelo sentimento natalino carregado por uma criança, pondo ao fundo uma acolhedora sinfonia orquestral. Disto surge o caos!
O filme, em seu miolo, retrata a história de Markus (Mads Mikkelsen) um militar que perdeu sua esposa em um trágico acidente de trem, sendo que tal infortúnio acaba por criar um emaranhado de relações pessoais e casuais, unindo-o a um improvável grupo de recatados cientistas, movidos todos por um interesse comum vingativo de fazer justiça com as próprias mãos. Apesar da trama, o cerne do longa, desde sua gênese, direciona seu público para um questionamento de ordem abstrata e subjetiva, indicando terem seus intérpretes traumas pessoais e demônios a serem encarados. A teoria do caos é posta de plano de fundo, com parcial aprofundamento; na verdade, a direção responde ao caos com candura; ao absurdo com ingenuidade.
Nesse sentido, a penosa e traumática vida de seus personagens, retratada por cenas insanas, cruas e inclementes, são, quase como contra resposta, abrandadas pela irreverência das cenas e pelo modo cômico que são apresentadas; Esta dinâmica é muitíssimo bem utilizada pela direção, sendo, em resposta, retratadas de forma proposital como contrapesos ao caos instaurado.
É possível vislumbrá-la magistralmente também na fotográfica, onde a cor azul (relacionada a cor da bicicleta apresentada no início do longa), é empregada em algumas oportunidades ao protagonista, mesmo este estando fora de seu equilíbrio emocional. Agregado a tudo isto, é imperioso exaltar as belas atuações, para além do cultuado Mads Mikkelsen, destacando-se Nikolaj Lie Kaas (Otto); Lars Brygmann (Lennart), Nicolas Bro (Emmenthaler) e Gustav Lindh (Bodashka).
Anders Thomas Jensen nos apresenta uma densa problemática, mas não a responde; compartilha do peso que esta tem sobre todos nós, contudo, extrai dela uma beleza, estando aqui o âmago do filme. Entender a vida em sua infinita complexidade torna-se um estorvo, um caminho sem volta; talvez aceitá-la em sua soberania, independentemente de crença ou formação, seja o caminho, ou, ao menos, o caminho menos doloroso.
Assim, tem-se um filme inspirador, que é bem sucedido em tudo que propõe, unindo o improvável e tendo como elo a dificuldade, extraindo de todo o caos uma bela sinfonia. Junta-se todos os elementos para, por fim, trazer uma conforto estonteante!
ArteCult – Cinema & Companhia
Siga nosso canal e nossos parceiros no Instagram para ficar sempre ligado nas nossas críticas, últimas novidades sobre Cinema e Séries, participar de sorteios de convites e produtos, saber nossas promoções e muito mais!
@artecult , @cinemaecompanhia , @cabinesete ,
@cinestimado, @cineelaw e @marimastrange
#VamosParaOCinemaJuntos