A partir desta última sexta-feira (17/11), o Recife passou a contar com a primeira sala de cinema com acessibilidade para pessoas com deficiência sensorial do Brasil – localizado no Cinema da Fundação/Museu, que fica no Museu do Homem do Nordeste, bairro de Casa Forte, Zona Norte do Recife. O projeto Alumiar é uma parceria entre a Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj), a TV Escola e o Ministério da Educação, que possibilita a exibição de filmes em audiodescrição, Língua Brasileira de Sinais (Libras) e legendas para surdos e ensurdecidos (LSE).
Após uma hora de atraso, o Ministro da Educação, Mendonça Filho, compareceu à sessão do filme “Auto da Compadecida”, de Guel Arraes, baseado em obra de Ariano Suassuna, e falou da importância de proporcionar acessibilidade e integração social. “É mais uma ação de política pública que auxilia pessoas com deficiência. Celebro um marco importante numa casa que incentiva o cinema em Pernambuco”, declarou.
Questionado se a ação será ampliada para outros cinemas locais e no resto do País, Mendonça sinalizou positivamente. “Temos que ter uma programação regular e fazer com que essa referência aqui vire uma padrão para outras salas de todo o Brasil”.
“Conseguimos sensibilizar o Ministério da Educação. Temos tecnologia para a iniciativa. Então organizamos um conjunto de filmes antigos nacionais com o objetivo de educar o público, principalmente os alunos das escolas públicas e associações”, disse Ana Farache, diretora do Cinema da Fundação/ Museu.
Ela adiantou que os filmes serão exibidos quinzenalmente, sempre às terças-feiras, às 14h. “Após a exibição teremos sempre uma conversa com o público para saber o que estão achando da iniciativa”, declara Ana, que revelou gastos de R$ 450 mil com o projeto, que ainda inclui seminários e material publicitário para mídias sociais. “Em março teremos um seminário internacional aqui. Pela amplitude do projeto, o custo não é alto. Afinal, somos um cinema público que trabalha com a inclusão”, defende a diretora.
A professora braillista, consultora de audiodescrição e deficiente visual Michele Lisboa Alheiros, 41 anos, prestigiou a sessão. “Trazer as pessoas ao cinema é promover a inclusão. Pessoas cegas como eu só podem ouvir, o que não traz a descrição ampla da obra”, opina Michele.
O professor, mestre em libras e deficiente auditivo Tiago Albuquerque, 30, ressaltou a importância do acesso à cultura. “São dez milhões de surdos no Brasil, segundo o IBGE”, ressalta.
FONTE: FOLHA DE PERNAMBUCO
FOTOS: ED MACHADO