Em uma época de urgências e simplificações como a que vivemos atualmente, em que basta o clicar de um botão ou o arrastar dos dedos sobre alguma tela para operarmos milagres da tecnologia, o Ser Humano invés de ganhar o tão aclamado e acalentado tempo, na verdade o perde. É sabido que a produção de uma pessoa nos modernos tempos modernos, supera, em muito(!), a de nossos antepassados que não contavam com as facilidades e rapidez dos processos computacionais que, numa fração de segundo, conseguem transferir bibliotecas para o outro lado da Terra plana (brincadeirinha!), fato que em épocas d’antanho, o mesmo processo poderia se perpetuar por dias, semanas, meses ou, até mesmo, anos.
Então temos que, no passado alguém deve ter tido a fabulosa ideia de que, “se tivéssemos ferramentas para auxiliar-nos em nosso labor diário, poderíamos acabar cedo o trabalho e teríamos mais tempo para cuidarmos de nossas vidas e termos nosso lazer”. Penso que jamais se cogitou que, comparado há 100 anos, esse excesso tecnológico além de piorar (e muito!) nosso nível de stress e acrescentar várias horas a mais de trabalho em um dia, ter mais produtividade que toda uma fábrica em um mês, em relação aos antigamente da vida, ainda nos tiraria nosso descanso e lazer em troca de salários continuamente menores comparados aos de outrora, nas mesmas funções. Um raciocínio semelhante é deixar toda uma população se contaminar para adquirir imunidade sobre alguma doença. Nenhum idiota deve sequer ter cogitado que isso geraria mutações que poderiam fazer com que essa doença se tornasse muito mais grave e letal, não é mesmo? Coisas das cabeças chatas da Terra plana (sem brincadeirinha).
Mas o que raios isso tem a ver com a fotografia? Veja bem… Eu tenho duas Yashica, uma que comprei estilo “old new stock”. A câmera jamais bateu. Saiu zerada do Japão em 1956, veio lacrada para o Brasil, foi para a loja de um moço, no interior e de lá ficou no estoque. Esquecida. O moço ficou velho, teve crianças, que viraram moços. Um tempo mais tarde o velho foi se encontrar com Sri Khrsna em seu Khrsnaloka e os moços, seus filhos, foram ficando velhos. Então um dia resolveram encerrar a loja do pai e começaram a vender todo o estoque guardado na loja. Foi como a Yashica Model A chegou em minhas mãos: lacrada com o plástico original e com o rolo de baquelite original dentro dela, como uma cápsula do tempo. Imaculada.
A minha outra Yashica é uma 635. A Tia Chica. Essa foi de meu pai. Ele a comprou em seus vinte e poucos anos, bateu as fotos de seus amigos, seu casamento com minha mãe e, alguns anos mais tarde, meu nascimento, minha infância e o quase comecinho de minha adolescência, que foi quando ele guardou a máquina em cima do armário por achar que estava quebrada. Anos mais tarde, arqueologicamente, a resgatei. Consegui destravar o seu mecanismo, bati e continuo a bater, eventualmente, com ela. Foi a primeira máquina que segurei, a que bati minha primeira foto e meu brinquedo favorito em uma infância congelada em pedaços de papel fotográfico e negativos. Um luxo!
Então nesse mundo alucicrazy, de sextilhões de teraflops de informação instantânea, quando alguém sai do modo robô-auto e vem me dizer que sua máquina hipersuperdigital de décima quarta geração plus mais bate 9980 frames por segundo, eu estufo o peito orgulhoso e digo: “a minha bate um frame a cada 65 anos”! Uma excelente semana repleta de luz, paz e alegria para todos vocês! E não deixem de acompanhar meu canal no YouTube, o Canal Analógico Lógico! Videos novos toda a semana com muita história, dados técnicos, reviews e fotos para vocês! Hare Hare!
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