Escrita durante uma crise de ansiedade na pandemia, a cantora – revelação do pop alternativo – faz da música um pedido de sossego para a alma.
Falta de ar e concentração, pensamentos acelerados e aquela sensação de estar presa. Essa avalanche de sentimentos tem sido cada vez mais comum entre jovens e adultos em tempos de tantas incertezas. E foi uma crise como esta, em uma necessidade de externar todas as emoções e pedir paz a si mesma, que inspirou a cantora Jenni Mosello a escrever seu novo single, “C.Alma”, lançado nesta sexta, dia 19.
Na produção audiovisual, Jenni simboliza essa confusão emocional e a necessidade de se libertar, construindo uma narrativa que usa desde elementos modernos às artes clássicas,que é uma de suas paixões, como já demonstrou em outros trabalhos. Com influências de Billie Elish, Miley Cyrus e Bishopbriggs, a música é assinada pela própria artista, ao lado de Lucas Vaz e tem o clipe feito por Ygor de Oliveira.
Assista ao clipe:
O lançamento é um produto ONErpm e faz parte de uma série de novidades que a artista promete para 2021, trazendo uma pegada inédita ao pop brasileiro.
Escute “C.Alma”: https://ps.onerpm.com/3588994137
Na entrevista abaixo, você confere um bate-papo que o ArteCult teve com a cantora sobre seu novo single, sua trajetória e novidades.
Não posso deixar de começar perguntando, como foi transformar toda essa ansiedade, um sentimento ruim, em uma música tão boa?
Foi um movimento muito catártico pra mim, eu realmente estava em uma das minhas piores crises de ansiedade do último ano. Acho que todo esse desconforto de um momento tão triste e angustiante que a gente tá vivendo, de pandemia, sendo conduzido tão mal, e ser uma artista independente no meio disso tudo, enfim. Perdi meu avô, estava em um momento muito ruim, e senti que eu não estava mais me encontrando realmente, perdida no meio da minha ansiedade.
Simplesmente teve um dia que eu não conseguia sair da minha cama, não conseguia criar conteúdo, fazer nada. Estava me esforçando para sobreviver. Aí eu estava na cama e comecei a escrever sobre o que eu queria poder ouvir. Comecei a falar sobre o quanto sentia falta da minha alma, como há tempos eu não sentia calma e queria tirar aquilo do meu peito. Colocando todos esses “monstros” em palavras, fazendo arte daquilo, parece que aliviei um pouco aquela pressão. Acho que quando a gente dá nome às coisas elas ficam mais fáceis de lidar. E foi exatamente isso o que aconteceu; cantei exatamente o que eu queria ouvir, queria gritar para o mundo. A música me salvou aquele dia.
Tenho certeza que essa música tem uma importância muito grande para você. Queria saber como é para você, expor esse momento tão difícil, mas poder ajudar outros com essa faixa?
Eu espero que ela ajude da mesma forma que me ajudou, porque eu sei que não sou a única que passa por isso. Diariamente recebo mensagens dos fãs dizendo que estão passando por momentos difíceis, e eu fico muito feliz de ter colocado no mundo algo que às vezes possa servir de mantra, ou para gritar no chuveiro, desabafar, e lembrar que não estamos sozinhos. Às vezes a gente só precisa colocar para fora. Eu fico muito feliz de saber que essa música pode ajudar outras pessoas como me ajudou.
Além dessa música, como a quarentena influenciou seu trabalho?
Muito! Começando que eu divido minha fonte de renda como artista de alguns lugares, e shows sempre foram uma parte muito importante, sem contar que alimentava meu coração. A energia do palco e dos fãs alimenta minha alma, então foi muito difícil perder esses momentos. E claro, fui perdendo muitos jobs, financeiramente foi um impacto bem grande.
Criativamente também foi ruim, travei em vários momentos, justamente por medo. Fiquei assustada pelo momento, pelos meus familiares do grupo de risco, pelo governo que não toma as rédeas necessárias, e isso me deixou muito deprimida. Ao mesmo tempo que perdi muita coisa, eu acho que o fato de ganhar muito tempo livre me fez focar mais na minha carreira autoral e me permitiu escrever esse tipo de música que antes eu teria medo de lançar, por causa da fragilidade. Mas acho que em um ano que tudo tem me deixado frágil, eu não senti dificuldade em expor, porque eu estava precisando falar sobre aquilo. Inclusive me ajudou bastante.
Você chegou a cursar psicologia, mesmo não tendo finalizado o curso, acredita que posso agregar em algo nas suas músicas?
Com toda certeza! Não só ter feito o curso de psicologia por três anos, a faculdade me ajudou a ver as coisas de uma forma diferente, a lidar com situações difíceis na minha carreira. É muito estranho você ser o seu próprio produto de venda, e lidar com isso não foi muito fácil, e a psicologia me ajudou muito. Não só o curso, mas ter um psicólogo, fazer terapia, tudo me ajuda nessa jornada. Sou eternamente grata por tudo isso.
Como participar do The X-Factor Brasil influenciou você como pessoa? Para sua carreira é visível que te trouxe frutos… Mas a Jenni teve alguma mudança de autoestima, confiança…
Nossa, gigantesca! Eu não tenho ninguém na minha família que trabalha com entretenimento, arte, então foi um paradigma muito grande ser artista. Todo mundo sempre achou que dependia de muita sorte, dinheiro, e que era arriscado demais. Todo mundo tinha medo, mas eu fui mesmo assim. Investi muito para provar pra eles, mostrei que precisava, como em qualquer carreira, estudar muito, ir atrás, independente se depende de um diploma ou não. Eu me arrisquei muito para provar pra eles que era possível e entrei no X Factor, onde finalmente onde consegui dissolver em mim esse paradigma. Fui lá, trabalhei muito, estudei muito, dormi pouco, arregacei as mangas e coloquei a cara à tapa para o Brasil ver. Sou muito grata por ter tido a coragem de me expor assim e não ter medo de dar errado. Eu lembro que eu falava para mim mesma que não importava o resultado, o importante mesmo era estar trabalhando com o que eu mais amava e estava tendo a oportunidade de mostrar para o Brasil quem eu era. E isso me deu muito mais confiança para fazer meus trabalhos, então foi muito importante aprender. Com certeza sou uma artista mais confiante graças ao programa.
A arte influencia diretamente seu trabalho visual, mas tudo que você já vivenciou, principalmente morando em Roma, influencia na sua música também?
Muito! Tudo o que eu vivo na minha vida acaba entrando na minha arte, porque faz parte de quem eu sou, da minha história. Como eu sempre gostei muito de arte, desde pequena, acaba que esse mundo entra na minha música porque me ajudou a me construir como pessoa. É a minha história. Sempre fui muito grata às artistas que abriram o caminho para eu fazer o que eu faço hoje, e acho inevitável acabar falando disso tudo nas minhas músicas. É uma obrigação e um desejo, pensando em tentar influenciar outras pessoas a seguirem seus sonhos.
Quais são suas maiores inspirações?
Minha mãe é minha maior inspiração de vida, como pessoa. Ela enfrentou muitas dificuldades para conseguir ser quem ela queria ser, e hoje ela é. Eu morro de orgulho. E claro, todas as mulheres que abriram o caminho para eu ser cantora, ser quem eu sou como artista hoje. É o que me dá força para não desistir também.
Você pode falar mais sobre seus próximos trabalhos?
Queria poder lançar tudo de uma vez só! Tenho muitas músicas para lançar, todas com recados especiais, do meu coração. Não vejo a hora de poder lançar todos esses trabalhos, espero que as pessoas gostem e que eu consiga colocar no mundo o que eu estou pensando através da minha música. E que isso possa, de alguma forma, tocar o coração dos meus fãs e quem ouvir. Todas elas foram feitas do fundo do meu coração.
Acompanhe Jenni Mosello:
Instagram: @jennimosello
YouTube: https://www.youtube.com/user/jennimosellooficial/featured
Spotify: Jenni Mosello