O Cenário Econômico e o Banco Central

 

Em 2020, o desempenho da economia brasileira, de -4,1% do PIB, ficou em linha com a mediana (valor que separa a metade maior da menor) de um conjunto de 62 países analisados pela Folha de São Paulo. Ou seja, no campo econômico a nossa performance não foi tão ruim.

De lá pra cá, a situação em geral piorou muito. Estamos vivenciando a convergência de três tempestades perfeitas. A primeira é a sanitária, tanto pelo número crescente e dramático de vidas perdidas quanto pelo ritmo lento da vacinação que, até o presente, alcançou somente 4% da população. A segunda se refere aos conflitos políticos, cujos gestores disputam palanques da insensatez, que se reflete na ausência de coordenação pandêmica em escala nacional. E a última, se refere ao cenário econômico que vem se deteriorando neste inicio de ano. O IBC-Br, prévia do PIB, do Banco Central registrou queda de 0,46% em janeiro, em relação à igual mês de 2020.

Os dois indicadores de desconforto da sociedade, desemprego e inflação, vêem registrando tendência de alta. Em 2020, a taxa média bateu record de 13,5% da força de trabalho o que equivale a 13,4 milhões de pessoas em busca por emprego, segundo a Pnad-contínua do IBGE.

A inflação oficial medida pelo IPCA vem registrando sucessivas altas, atingindo em fevereiro 5,2% no acumulado de 12 meses. Já o IGP-M da FGV, parâmetro para reajustes de contratos de aluguéis, atingiu 28,94%, em igual período. Para o final de 2021 a previsão para o IPCA deverá ficar em torno de 4,6%, bem acima da meta pré-fixada de 3,75%. Por consequencia, a renda per capita caiu quase 5%, em termos reais.

A taxa de câmbio, reais por dólares norte-americanos, vem sofrendo sucessivas desvalorizações pressionando ainda mais os preços dos itens essenciais como alimentos, combustíveis, transportes, habitação e saúde e cuidados pessoais.

Por tudo isto e mais a mudança no cenário internacional puxada pela expectativa de alta da inflação nos EUA, que contaminou a curva de juros, o nosso Banco Central autônomo em reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) decidiu por unanimidade, depois de quase seis anos, iniciar o ciclo de alta dos juros, passando a taxa básica de juros Selic de 2% para 2,75%. No comunicado os membros do Copom consideram que o cenário atual já não prescreve “um grau de estímulo extraordinário” e que as “expectativas de inflação passaram a se situar acima da meta no horizonte relevante de política monetária”.

O governo de Joe Biden evita confrontos e todas as relações com a América Latina “necessariamente passam pelo Brasil”, ressaltou o professor Scott Mainwaring, brasilianista da Universidade de Notre Dame, em entrevista ao jornal Valor. Um país líder regional deve dar bons exemplos em todas as áreas. É isto que se espera (va) do comportamento de nossos mandatários eleitos democraticamente.

 

VIRENE MATESCO

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EMPRESÁRIA E INVESTIDORA-ANJO. DIRETORA-PRESIDENTE DA MATESCO & LOPES CONSULTORIA. PROFESSORA DA FUNDAÇÃO GETÚLIO VARGAS (FGV-MANAGEMENT), DESDE 1997. ELEITA, POR TRES ANOS CONSECUTIVOS A MELHOR PROFESSORA DE ECONOMIA DO FGV/MANAGEMENT E TOP 16 NO RANKING NACIONAL. GANHADORA DE QUARENTA E UM (41) PRÊMIOS DE DESTAQUE ACADÊMICO PELA FGV.

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