Esse live action não pode ser considerado totalmente um “live action”, já que diferente de ”Sonic” e “O Rei Leão”, que tinham um realismo nos personagens feitos inteiramente em CGI, em “TOM & JERRY : O Filme” os protagonistas são inteiramente desenhos animados, e mesmo que os personagens humanos sejam atores de carne e osso, esse filme está mais para uma mistura de atores interagindo com desenhos, no estilo de “Uma Cilada para Roger Rabbit”, do que um live action propriamente dito. Além disso, o diretor Tim Story (“Quarteto Fantástico”) opta em não só colocar os protagonistas como desenhos, mas também todos os animais do filme, sejam eles coadjuvantes ou meros animais de fundo que ajudam a compor o cenário, o que foi uma escolha sábia da direção, já que se ele deixasse apenas os dois protagonistas do título como desenhos e o restante dos animais reais, talvez o filme poderia ter se deslocado, fazendo o público abrir diversas questões sobre essa possível escolha.
Em termos de história, o roteiro não faz nenhuma questão de fugir do óbvio e do clichê, construindo uma narrativa em cima da típica briga eterna entre gato e rato, cheia de decisões e confrontos surreais entre os dois personagens, nada que já não tenha sido feito antes por outras séries animadas ou pelo próprio desenho na TV, a única diferença é que algumas delas envolvem seres humanos reais interagindo intencionalmente. Apesar de ser mais do mesmo, a direção consegue criar um ritmo que consegue fazer o público mais velho dar uma chance para acompanhar a trama, já que mesmo sendo genérico, o filme nunca foge de dentro do conceito proposto e, mesmo sem aquela violência extrema que o desenho exibido entre os anos 40 a 90 tinha, os fãs mais velhos dos personagens podem gostar de uma piada ou outra e das referências colocadas em vários momento do filme, as quais são bem pontuais, mesmo sendo gratuitas.
O grande foco da história está nos arcos humanos, pois quando o filme mostra a interação entre o Tom e o Jerry, é praticamente para mostrar um perseguindo o outro e destruindo tudo a sua volta, sem trocar uma única palavra. Isso faz com que esses arcos humanos tenham a função de locomover a trama, mesmo não sendo nada inventível ou esforçado, mas o modo como o diretor consegue interligar cada um dos arcos principais com os menores é bem satisfatório, dando pelo menos uma função para cada personagem dentro da narrativa, mesmo sendo pequena.
Sobre os personagens, temos diversas atuações caricatas e desleixadas, primeiramente temos o antagonista, interpretado por Michael Peña, que não tem um pingo de personalidade, apenas causa a discórdia e atrapalha a protagonista humana, vivida por Chloë Grace Moretz, que tem uma das piores interpretações de sua carreira, mesmo sendo a personagem que mais interage com Tom e Jerry, sua interpretação em si que acaba sendo bem artificial, embora não seja totalmente culpa da atriz, já que a direção de atores também não é muito esforçada ao tentar extrair um bom desempenho de seu elenco.
Falando agora dos dois grandes astros do longa, Tom e Jerry até tem boas motivações em querer algo para suas vidas, mas infelizmente isso também é pouco explorado, para variar, principalmente a vida de Tom, que sonha em seu um pianista famoso. O roteiro mostra isso de vez em quando, só para mostrar que Tom sabe tocar piano muito bem, mas só fica nisso, enquanto o Jerry, se resolve facilmente logo no início do primeiro ato, sem muito desenvolvimento ou grandes obstáculos.
CONFIRA O TRAILER:
“Tom & Jerry – O Filme”, não é um longa feito para os fãs mais velhos dos personagens e pode decepcionar o público que esperava ver uma fração da essência dos episódios antigos, com a violência explícita e psicopata de desenhos antigos, o filme é apenas uma obra infantil, mas aturável dentro do que é proposto.
NOTA: 4
BRUNO MARTUCI
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