O romance gospel Enquanto Estivermos Juntos conta a história verídica do cantor Jeremy Camp (K. J. Apa) e de seu relacionamento com Melissa Henning (Britt Robertson). A início pode até parecer mais um romance adolescente melodramático sendo um dos personagens portador de uma grave doença, mas mesmo que parte da premissa seja exatamente isso, a história consegue se destacar dentro desse enredo saturado e que ainda atrai público específico para esse tipo de filme.
Mesmo sendo baseado em fatos reais, a história não é nem um pouco diferente de outras obras do gênero que já foram feitas no passado, tais como “Love Story” ou “A Culpa é das Estrelas”, que apresentam o mesmo enredo que serve de estrutura para o filme, rapaz conhece garota, eles se apaixonam, um deles tem doença terminal. A diferença dessa obra com os dois exemplos citados é a presença do elemento gospel na história, que só serve para ajudar na perseverança dos personagens, mas nunca é usado para tentar fazer uma propaganda forçada de conversão o que pode fazer parte do público perder totalmente a vontade de acompanhar o filme. Ao invés disso, os diretores Andrew e Jon Erwin (“Eu só Posso Imaginar” & “Talento e Fé”) utilizam a crença e a fé dos personagens apenas quando é realmente necessário, principalmente em momentos difíceis, como quando o câncer de Melissa é descoberto, focando mais no romance entre eles. Outro elemento diferencial desse filme, é a presença de cenas fortes de dor e até de mortes, que acabam sendo bem inesperadas para uma história dentro desse gênero, o que tornar essas cenas mais impactantes e comoventes.
Até o momento da revelação do câncer de Melissa, o roteiro consegue segurar a história até o grande ápice do filme, criando um triângulo amoroso entre o casal principal e o personagem de Nathan Parsons, que mesmo sendo mau explorado e facilmente esquecível, cumpre com a função de criar um rápido obstáculo para os dois ficarem juntos, antes da história avançar para a principal tragédia que mais põe em risco o futuro do relacionamento deles. O roteiro também está repleto de troca de diálogos com frases bem piegas sobre como um ama o outro, mas de vez em quando, acaba entregando frases com boas analogias entre o amor deles com o brilho das estrelas, que são bem desenvolvidas e contextualizadas.
Em termos técnicos, os diretores já não são tão funcionais, na fotografia eles abusam dos planos fechados nos rostos dos personagens, ou no objeto que eles estão segurando, sem um bom motivo para esse destaque, a montagem é cheia de recortes de momentos dos dois felizes, ou se dedicando um ao outro que chega a ser bem superficial. As atuações dos dois protagonistas também são bem fracas, principalmente no momento em que o câncer de Melissa é revelado, assim, o que era para ser algo profundo e impactante, fica totalmente sem emoção e não consegue cativar o público devido a fraca atuação de K. J. Apa e Britt Robertson que , mesmo com uma boa dinâmica entre ambos, faltam expor os sentimentos de seus personagens.
Ao chegar no terceiro ato, os diretores têm um sério problema para finalizar a história, criando vários falsos finais para a trajetória deles, sendo que o primeiro até consegue desviar da especulação do espectador do filme acabar com um final triste, mas com o protagonista aprendendo uma lição que levará para toda a vida, mas depois o filme volta atrás e segue para esse exato caminho descrito, é até apresentado uma questão interessante sobre o porquê coisas desagradáveis acontecem na vida, mesmo orando e tendo fé integral, mas a resposta dada ao pai do protagonista vivido por Gary Sinise é bem vaga.
Apesar disso, Enquanto Estivermos Juntos, é um romance gospel que é aturável para os mais sínicos, e mesmo dentro dos clichês, a história não é ruim, mas talvez teria funcionado melhor se fosse lançado 10 anos atrás, antes de “A Culpa é das Estrelas”, no qual muitos consumidores de filmes desse gênero, vão comparar demais com essa obra.
NOTA: 6
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