Educador, que completaria 99 anos neste mês de setembro, é homenageado em montagem já vista por 40 mil espetadores no país. Em cena, Richard Riguetti dá vida ao mestre, com direção de Luiz Antônio Rocha e dramaturgia de Junio Santos
“Não é possível refazer este país, democratizá-lo, humanizá-lo, torná-lo sério, ofendendo a vida, destruindo sonho, inviabilizando o amor. Se a educação sozinha não transforma a sociedade, sem ela tampouco a sociedade muda”.
Este foi um dos últimos escritos do mestre Paulo Freire (1921-1997), cujo apelo ainda ressoa assustadoramente atual. A partir do legado deixado pelo mestre, que mostrou aos brasileiros a importância da luta pela dignidade humana, Richard Riguetti (ator), Luiz Antônio Rocha (encenação) e Junio Santos (dramaturgia) levam a inspiradora vida do educador para os palcos no espetáculo “Paulo Freire, o andarilho da utopia“. Depois de mais de um ano percorrendo o país, vista por mais de 40 mil espectadores, a montagem ganha temporada on-line, de 5 a 27 de setembro, aos sábados (21h) e domingos (16h), com homenagem especial na sessão do dia 19, data em que Paulo Freire celebraria 99 anos. A transmissão do espetáculo será feita pela plataforma Zoom.
Além do espetáculo, a equipe apresenta, às quintas-feiras de setembro, às 20h, a “RODA na REDE com Paulo Freire, o Andarilho da utopia”, com a presença de um convidado especial para uma conversa sobre o legado e a práxis de Paulo Freire e suas conexões com o mundo de hoje. Os ingressos podem ser retirados gratuitamente pelo Sympla.
Indicada ao Prêmio Shell do Rio de Janeiro 2019 na categoria Inovação, a peça acompanha a trajetória e os causos de um dos mais notáveis pensadores da história da educação mundial, misturando elementos das linguagens do teatro, do palhaço e do teatro de rua. A ideia é evidenciar na encenação a amorosidade de Paulo Freire com o ser humano, e o profundo respeito ao diálogo e à aceitação das diferenças. Em todas as sessões virtuais, logo após a peça, haverá um bate-papo com o diretor, o dramaturgo e o ator do espetáculo sobre os ideais deixados pelo patrono da educação brasileira.
“Com a pandemia, a arte precisou se reinventar para permanecer viva! E o teatro, considerado a arte da presença, tem buscado alternativas e novos caminhos. O teatro em casa é um grande desafio, mas muito importante para que haja encontros com qualidade de presença e escuta, mesmo no distanciamento físico”, declara o ator Richard Riguetti.
O diretor Luiz Antonio Rocha acrescenta que a necessidade do confinamento nos faz lembrar de passagens da vida de Paulo Freire:
“Assim como o mestre foi perseguido pela ditadura militar e forçado a ser exilar, todos nós estamos, de uma certa forma, exilados pela pandemia e afastados do convívio social. E lutando para que nosso ofício permaneça vivo e pulsante”.
A encenação de Luiz Antônio Rocha (‘Frida Kahlo, a Deusa Tehuana’; ‘Brimas’ e ‘Zilda Arns, a dona dos lírios’) propõe uma estrutura narrativa que leva a um lugar de ideias e reflexão.
“O brasileiro gosta de histórias. Gosta de pessoas que inventam, que abrem caminho, que enfrentam desafios, que são corajosas. Estamos imersos em crenças fortes, em uma diversidade e cultura preciosas. Nossa brasilidade carrega paixão e acolhe arte antes mesmo de saber que é arte”, destaca o diretor.
“Assim trazemos a presença iluminada de Paulo Freire através de uma dramaturgia que abarca formas brincantes como o circo e o teatro de rua. Essa brincadeira rompe barreiras de tempo e lugar. Nos leva à lua, um lugar de exílio e reflexão. Traz o encanto das palavras encharcadas de significados de Paulo Freire. São ideias mais que nunca atuais, vivas e necessárias diante da realidade que neste momento nos envolve”, acrescenta.
Veja algumas imagens do espetáculo:
Sinopse – “Paulo Freire, Andarilho da Utopia”
O andarilho é um sujeito em movimento. A Utopia é um movimento da alma. É um impulso de buscar, sabendo que existe sempre algo mais a ser descoberto. Descobrir, para Paulo, é exatamente isso: tirar a coberta, se surpreender com a beleza, a estranheza e o mistério das coisas. “Paulo Freire, o andarilho da Utopia” aparece em nosso espetáculo como um menino, um astronauta, um professor, um brasileiro com sonhos e esperança. É no interior de Pernambuco, à sombra de uma mangueira, que nossa história começa. Um menino com um graveto na mão inicia o seu processo de leitura do mundo. É submetido à fome, tal qual grande parte da população brasileira. Na infância e juventude, outra fome lhe ocupa o tempo: as palavras. E ele as devora como se fossem pedaços de comida. Foi essa a sua busca até a eternidade: as palavras. Através delas, e com elas, percorre territórios, tecendo uma pedagogia emancipadora e revoluciona a educação mundial — movido pelo desejo de liberdade de si e dos outros, de consciência política, de justiça e de superação dos obstáculos. Nosso Andarilho, independente da sua vontade, é afastado da Terra, enviado ao espaço, e amanhece na lua. Um lugar escondido do mundo e dos outros, onde se pode OBSERVAR, VER, ENTENDER e APRENDER. Distante do Brasil, reafirma seu amor por sua terra, pela sua gente. Com a toada do verso nordestino e a dialética da cultura popular, convidamos você pra viajar e voltar de novo a ser menino. É assim que reinventamos Paulo Freire em todos nós. Uma história que não tem fim, e por que será?
Ficha técnica:
- Dramaturgia: Junio Santos
- Ator: Richard Riguetti
- Encenação: Luiz Antônio Rocha
- Cenário e Figurino: Eduardo Albini
- Direção de Movimento: Michel Robin
- Preparação de ator: Beth Zalcman
- Preparadora corporal: Aline Bernardi
- Direção de movimento: Michel Rubin
- Projeto de Luz: Ricardo Lira Jr.
- Assessoria pedagógica: Josy Dantas
- Assessoria de Imprensa: Rachel Almeida (Racca Comunicação)
- Assistente de direção: Marcia Rosa
- Preparadora vocal: Jane Celeste
- Letras de músicas: Ray Lima e Junio Santos
- Realização: Grupo Off-Sina e Espaço Cênico Produções Artísticas
SERVIÇO
Paulo Freire, o Andarilho da Utopia – Apresentações virtuais
Monólogo teatral inspirado na trajetória e na obra do patrono da educação Brasileira, Paulo Freire
- Temporada: De 5 a 27 de setembro. Aos sábados, às 21h, e aos domingos, às 16h.
- Ingressos: A partir de R$ 25
- Classificação etária: 12 anos
- Roda na Rede: conversas da equipe com a presença de um convidado especial. Quintas de setembro, às 20h. Ingressos gratuitos com retirada pelo Sympla.