Novo Mundo – Allan Souza, que interpretou o Cacique Ubirajara, fala mais sobre seu personagem e a importância da trama

Jurema ( Jurema Reis ) e Ubirajara ( Allan Souza Lima ) – Foto: Globo/João Miguel Júnior

O Cacique Ubirajara (Allan Souza Lima) é um guerreiro e líder dos índios Tucarés. Casado com Jurema (Jurema Reis), ele guarda um importante segredo sobre a origem de Piatã (Rodrigo Simas) e talvez por isso a presença do jovem o incomode tanto na aldeia.

Nos últimos capítulos da trama, Piatã e Jacira (Giullia Buscacio) contrariaram as leis do grupo. Diante do comportamento do casal, Ubirajara ameaçou expulsá-los do local. No entanto, eles têm o apoio do padre Olinto (Daniel Dantas) e a proteção do Pajé Tibiriçá, que acredita na missão de Piatã de se tornar Pajé e no dom que ele tem de curar as pessoas.

Mas, para ter o cacique ao seu lado, ele vai precisar mostrar mais do que sua boa intenção em liderar espiritualmente os Tucarés. Com Jacira doente nos próximos capítulos da novela, Piatã terá a chance de curar a amada através da força da natureza.

O ator Allan Souza, que estava no elenco de Órfãos da Terra como Youssef, falou um pouco sobre a importância do seu personagem, a volta de Novo Mundo e seus novos projetos.

Confira abaixo a entrevista na íntegra. 

O que você pode dizer sobre ‘Novo Mundo’?
Acho interessante porque essa novela fala sobre a história do Brasil e é sempre bom relembrar o início de como tudo aconteceu na época do império. É um retrato do que a gente vive hoje. Falando de minorias, posso representar o núcleo que eu fiz, o índio, nossos povos originários, representando esse povo que é tão desvalorizado. E desde aquela época a gente vive esse reflexo até hoje. E é perceptível o que a gente vive. É cíclico. Falam de política, se é direita, esquerda, postei um vídeo falando sobre isso. A situação que a gente vive não é de agora. As pessoas colocam que o Brasil começou na descoberta do Brasil, esquecendo que existiam povos ali antes dos portugueses chegarem. E esse berço dessa nova civilização, o que nos deixa principalmente é a corrupção. Isso é um reflexo do que a gente vive hoje, atual. E é muito difícil a gente hoje não envolver política falando sobre a história do que a gente vem vivendo. Então acho importante por esse ponto.

Ubirajara ( Allan Souza Lima ) – Foto: Globo / Estevam Avellar

Qual foi a importância do seu personagem?
Foi lindo, foi um trabalho que apesar de ter sido bem cansativo, por conta das pinturas que eu fazia diariamente no decorrer da novela, mas em termo de aprendizado do personagem foi maravilhoso. Porque quando a gente embarca numa história, dá vida a algo, pelo menos eu na minha, da forma que eu acredito, é necessário a gente entender a história, tentar viver um pouco. A arte do ator é essa. Tentar viver um pouco do que aquele personagem tem, o mínimo. E tentar entender a vida daquelas pessoas, principalmente o processo de preparação e a oportunidade que eu e outros atores tiveram. Fomos pra Amazônia, ficamos em uma aldeia indígena. Foi maravilhoso. Uma das grandes experiências que eu tive. O que eu levo dessa experiência toda? Eu tenho uma ligação muito forte com a natureza. Sempre tive. Tanto que eu estava nesse período de isolamento isolado, perto da natureza. E uma coisa que eu levo e que ouvi de um cacique da aldeia parkateje, a aldeia que fizemos o processo de laboratório, ele falava que todo índio é um só. O espírito de coletividade  que é o que o ser humano, como eles falam, que o homem branco não tem. Isso foi a maior lição que eu tive durante esse  período da novela. Somos todos um só.

Um momento que você lembra com mais carinho.
Os bastidores sempre são incríveis. Nessa novela, volto a repetir, tenho muito orgulho de falar disso, o maestro tem que ter uma energia muito boa pra conduzir as pessoas de uma forma muito boa. Se o maestro trata e instiga a violência as pessoas que vão estar ao redor serão instigadas por isso também e dentro dessa novela foi um processo tão gostoso. O diretor artístico Vinícius Coimbra, o diretor André Câmara e todos os diretores sempre muito solícitos, educados  tinham espírito de coletividade. Os atores eram muito respeitosos, uns com os outros. Teve um set muito gostoso. Dentro no nosso núcleo era incrível. Eu, Rodrigo Simas, Jurema Reis, Giullia Buscacio, era uma loucura. Temos várias cenas icônicas que a gente entrava em crise de riso e os diretores ficavam malucos com gente, mas eu falava que não era culpa nossa. A gente ria muito, se divertia. Daniel Dantas se divertia com a gente. Virou uma criança com a gente.

Youssef (Allan Souza Lima) – Foto: Globo/Paulo Belote

Uma característica do Ubirajara que chamou atenção.
Somos todos um só. O espírito de coletividade. Foi o maior aprendizado nessa novela.

O que tem feito nesse período de isolamento? 
Nesse período pela primeira vez na minha vida, depois de quase 18 anos, coloquei de lado minha vida artística e quando entrou esse processo de quarentena não fiquei na preocupação de tentar desenvolver projetos como muitos nessa loucura vem buscando, fazendo lives. Eu fui pra um caminho oposto. Fiquei um tempo isolado na mata. Venho cuidando muito da terra, estudando sobre plantas, lendo, cuidando de plantação, estudando o significado da terra. Isso pra mim está sendo o maior aprendizado. Ontem mesmo falei que existe a religião dos jardins, que é isso, na mesma potência, o valor de cuidar da planta não é só o amor à natureza, é cuidar do ser humano, da nossa psique selvagem. Então estou mais nesse processo, sendo bem sincero. Está sendo incrível, mas claro que tem dias que como pra todos não é tão fácil, mas está sendo um período muito transformador pra mim. Agora que cheguei na minha casa vou começar a entender essa volta e como a gente vai viver isso, como vou me adaptar com isso, nós vamos nos adaptar, essa transformação artística né? Provavelmente vai mudar muita coisa. E o que eu falar fora isso vai ser mero achismo porque ninguém sabe o que vai acontecer.

Quais são seus próximos projetos?
Eu ia estrear o filme da Suzane Ritchthofen, “A menina que matou os pais”, em que eu faço o Cristian Cravinhos. Íamos estrear dia 3 de abril e como muitos outros projetos foi adiado e não tenho ideia de quando vai lançar o filme.  Também estava com uma peça que eu ia reestrear, pois eu tinha estreado na Fundição Progresso em outubro e a gente ganhou um edital do Teatro Glaucio Gil e ia reestrear no dia 2 de abril com direção e produção minha. “Ao anoitecer”, com texto de Juli Disla, que também foi adiada. Não sei como vai ser essa volta dos editais de 2020. Se a gente vai refazer, se vai valer pra 2021. Eu estava com uma série também engatilhada de uma plataforma de streaming, como protagonista, mas caiu por terra nesse período e estava começando a escrever meu monólogo, mas acabei parando também porque, como falei, acabei  respeitando esse momento e resolvi buscar outras coisas, outros horizontes na minha vida.

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Jornalista por paixão. Música, Novelas, Cinema e Entrevistas. Designer de Moda que não liga para tendência. Apaixonada por música e cinema. Colunista, critica de cinema e da vida dos outros também. Tudo em dobro por favor, inclusive café, pizza e cerveja.

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