Diferente da maioria dos grandes filmes brasileiros, no meio da pandemia, um se destaca: Atrás da Sombra, que estreou dia 17 de Julho nas plataformas de streaming da Net, Vivo e Oi, como também no Looke e no Canal Brasil.
Produzido pela Pira Filmes e pela Mandra Filmes, com distribuição da Elo Company, o longa conta a história de Jorge (Bukassa Kabengele), um ex-policial falido, que trabalha como detetive particular. No desespero financeiro, ele acaba aceitando a investigação de um jovem desaparecido no interior de Goiás, mas quando conhece melhor os moradores da pacata cidade, como Dona Dalva (Elisa Lucinda) e Valtim (Allan Jacinto Santana), percebe que essa investigação envolverá desde corrupção até o sobrenatural. O filme ainda conta com nomes como Bruna Brito, Zécarlos Machado, Érico Brás, Eliana Santos e Stephan Nercessian.
Os grandes diferenciais desse filme são a escolha e a abordagem do tema. Um suspense policial, não vemos muito do que estamos acostumados: tiroteios e muita ação. O ritmo da trama é muito bem construído. Entendemos desde as motivações dos personagens até as consequências de suas ações. O elemento sobrenatural esteve presente desde o início e a evolução das investigações começam a mostrar como o tema se encaixa na história. Todo o clima se completa com a trilha sonora.
Com um plot twist dramático e chocante, o filme deixa uma reflexão sobre as mazelas de nosso país, não a violência nos grandes centros, como costumamos ver nas telonas, mas a corrupção, muito melhor disfarçada nas cidades de interior.
CONFIRA O TRAILER:
O ArteCult teve a oportunidade de conversar por email com o diretor Thiago Camargo, estreante em longas, que também é roteirista. Confira como foi:
ArteCult: O gênero do filme é bem diferente daqueles que realmente são veiculados em massa no cinema brasileiro, da forma que são as comédias e aqueles que tratam das mazelas do nosso país, como violência e pobreza. Qual o maior desafio de estar em/ fazer um filme de suspense, que lida até com o sobrenatural?
Thiago: Que bom que achou o filme diferente, obrigado. Realmente foi uma preocupação nossa em fazer um filme com uma pegada bem naturalista que teria o suspense como gênero narrativo. Optamos por trabalhar suspense onde a dúvida, o clima do não dito, tem, ao meu ver, um efeito muito mais potente na construção de uma narrativa misteriosa que cenas explícitas de violência ou explorar o susto pelo susto apenas . O cinema oriental de suspense faz isso muito bem.
Tivemos uma equipe e elenco jogando muito junto e criando coletivamente todas as nuances de filme, então o maior desafio foi mais pela estrutura de produção e gravação do filme em si, que é de baixo orçamento com um elenco grande, muitas locações, gravações em matas e tínhamos poucas diárias para filmar tudo. Ao todo foram 27 diárias de filmagem.
ArteCult: Qual a conexão que vocês já tinham com os temas espirituais abordados no filme. Já conheciam e acreditam? O que aprenderam?
Thiago: A princípio eu e Daniel (Daniel Calil, Co-Roteirista) queríamos retratar um contexto místico sem caracterizar nenhuma religião específica desde que ela remetesse a algo brasileiro. Eu não sou religioso nem Daniel eu acho hahah. Mas quando começamos o trabalho de preparação de elenco a Elisa Lucinda e o Allan Jacinto, que frequentam o candomblé, sugeriram essa incorporação desses elementos dentro dos símbolos e cânticos do filme. Eu gostei bastante e trabalhamos um ponto de equilíbrio onde ao meu ver fiquei bastante satisfeito. Um filme de suspense, sobrenatural que tem a cara do Brasil, de Goiás.
ArteCult: Quando surgiu a concepção do projeto do longa?
Thiago: Dirigi um curta metragem em animação chamado A Caça em 2011, que serviu de inspiração para o Atrás da Sombra. Nele uns rapazes da cidade se perdem em uma região rural e se encontram com um caipira que, num primeiro momento, parecia ser inocente e supersticioso, mas no final estava caçando os jovens para alimentar uma fantasma que morava na mata.
Em 2013 estava procurando roteiristas e conversei com o Daniel Calil e a partir desse encontro escrevemos várias versões do ‘Atrás’ até chegar nesse momento. Por ser um projeto que demorou muito a sair do papel, a gente foi amadurecendo e precisávamos que o roteiro amadurecesse com a gente. Assim, o Daniel virou um grande parceiro e juntamos nossas duas produtoras, Mandra Filmes e Pira Filmes, para realizar esse projeto.
ArteCult: A sonoplastia é uma das principais estruturas de um filme. E na produção ela está bem presente. Quem foi o responsável pela mixagem de som e trilha sonora nessa produção?
Thiago: O responsável pela mixagem e trilha sonora fui eu mesmo. Contando com a edição de som do Guilherme Nogueira. Minha raiz no cinema é o som. Desempenho função de desenho de som, som direto, mixagem e trilha sonora desde 2004. Então o som sempre teve uma importância muito forte na minha maneira de contar histórias.
ArteCult: Você pensaria nesta obra como uma possibilidade de sequência? Caso positivo, por qual seria o motivo?
Thiago: A possibilidade sempre existe né? Agora é uma coisa a se pensar com muita calma. Mas refletindo rapidamente gostaria de ver o Jorge voltando para a cidade depois de tudo isso que ele passou, seria interessante. Mas será que ele voltaria pra cidade? O que a Dalva e Valtim iriam fazer depois que saíssem da mata? Acho que são exercícios legais de imaginação mas no momento acho que não passa disso.
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