A música brasileira perdeu ontem (29/5) um grande mestre. Evaldo Gouveia, com 91 anos, faleceu num hospital particular de Fortaleza, vítima de COVID-19. Ele estava em tratamento após sofrer um AVC em 2017, quando ficara internado em São Paulo.
Evaldo, que era músico, compositor, cantor e violonista brasileiro, deixa um vasto legado para a MPB. Ele compôs inúmeras músicas consagradas, regravadas por centenas de artistas. Obras maravilhosas como “Sentimental Demais”, “Somos Iguais”, “Brigas”, entre tantos outros sucessos.
Veja uma das suas apresentações ao vivo, cantando “Brigas” e “Sentimental Demais”:
Veja aqui mais algumas de suas apresentações.
BIOGRAFIA
Aos seis anos, já cantava num sistema de alto-falantes na praça de sua cidade, Iguatu, no Ceará. Aos onze, mudou-se para Fortaleza para estudar. Nessa época, trabalhava como feirante e não dispensava o violão nas horas de folga.
Aos dezenove anos, passou a tocar violão num conjunto e acabou conseguindo um contrato numa rádio local. Em 1950, formou o Trio Nagô, com Mário Alves (seu alfaiate) e Epaminondas de Souza (colega de boemia). Após representar o estado do Ceará no programa Cesar de Alencar, na Rádio Nacional, o grupo foi contratado pela Rádio Jornal do Brasil e, posteriormente, pelas boates Vogue (RJ) e Oásis (SP). Dois anos depois, iniciaram um programa semanal na Rádio Record (SP), que duraria pelos cinco anos seguintes.
Em 1957, Evaldo compôs sua primeira canção, “Deixe que Ela Se Vá” (com Gilberto Ferraz), obtendo sucesso na voz de Nélson Gonçalves. No mesmo ano, fez “Eu e Deus”, com Pedro Caetano, gravada por Nora Ney. A partir de julho de 1958, quando conheceu o também compositor Jair Amorim, na UBC, sua carreira deslanchou.
Logo no primeiro dia de contato, compuseram “Conversa”, gravada inicialmente por Alaíde Costa, em 1959. Essa seria a primeira de uma série de 150 composições da dupla nos dez anos que se seguiram, normalmente sambas-canções abolerados, cujo primeiro sucesso de vendas foi “Alguém Me Disse”, lançada por Anísio Silva em 1960. Em 1962, o Trio Nagô se desfez com a saída de Mário Alves, mas Evaldo prosseguiu compondo com Jair, sucessos como “Poema do Olhar” (gravado por Miltinho) e o bolero “E a Vida Continua” nas vozes de Morgana e Agnaldo Rayol.
No ano seguinte, 1963, Altemar Dutra foi içado ao sucesso com a gravação de um bolero da dupla, “Tudo de Mim”, passando a ser seu intérprete mais constante com sambas-canções/boleros tais como “Que Queres Tu de Mim”, “Somos Iguais”, “Sentimental Demais”, “Brigas”, “Serenata da Chuva” e as marchas-rancho “O Trovador” e “Bloco da Solidão”. Moacyr Franco também vendeu muitos discos com o bolero “Ninguém Chora por Mim”, em 1962, assim como Cauby Peixoto, no ano seguinte, com “Ave Maria dos Namorados”, lançada por Anísio Silva pouco antes.
Outros intérpretes da dupla foram Wilson Simonal, “Garota Moderna”, 1965, Agnaldo Timóteo, “Quem Será”, 1967, Jair Rodrigues, “O Conde”, 1969, a escola de samba Portela, “O Mundo Melhor de Pixinguinha”, 1973, Maysa, “Bloco da Solidão”, 1974, Ângela Maria, “Tango para Teresa” 1975, Jamelão, “Certas Mulheres” 1977, Dalva de Oliveira “E a Vida Continua”, além de Elymar Santos, Chitãozinho e Xororó, Gal Costa, Maria Bethânia, Zizi Possi, Emílio Santiago, Julio Iglesias, Joanna, Cris Braun, Ana Carolina, Simone, Fafá de Belém, dentre muitas regravações.
O ADEUS AO MESTRE
Evaldo, através de sua arte, nos deixa um legado de beleza, lirismo, delicadeza e amor, provocando sentimentos cada mais necessários no mundo atual.
Todo nosso carinho da equipe ArteCult na despedida a esse artista único, que assina seu nome entre os grandes da história da MPB.