“Uma Segunda Chance Para Amar” (Last Christmas) é uma comédia romântica com tema natalino, que, nessa época do ano, pode até despertar o interesse por ser esse tipo de filme, de narrativa mais leve. Mesmo o tema não sendo muito original, o diretor Paul Feig (Caça-Fantasmas) deixa claro a sua proposta de fazer uma história formulaico, nada muito criativa, dentro do convencional, com uma estrutura de “vai-e-volta”. Basicamente, assim: a vida da protagonista está ruim, ela conhece um cara, sua vida começa a melhorar, depois fica ruim de novo, novamente fica às mil maravilhas, até que um deles cria um obstáculo que faz os dois não ficarem juntos. O filme poderia ser mais um clichê dentro do gênero saturado, mas o diretor trabalha bem com isso, nunca fugindo da proposta estabelecida, nem tentando ser algo maior do que esses clichês realmente são. E o fato de o filme se passar na época do Natal ajuda a história a ultrapassar a ideia de um casal que merece ou não ficar junto.
Um dos pontos fortes, que ajudam a prender a atenção, é o grupo de personagens. Bem criativos, não são algo relativamente novo nesse gênero, mas a química e a dinâmica entre eles funciona. Nota-se o engajamento e a dedicação dos atores ao interpretá-los e a forma que conseguem interagir entre eles. Destaca-se a dupla principal, composta por Emilia Clarke (Kate) e Henry Golding (Tom). O casal funciona bem, já que um enxerga a vida totalmente ao contrário do outro: enquanto Kate, mesmo persistindo no seu sonho de se tornar uma cantora profissional, não liga mais para sua própria vida, o que atrai azar e má sorte para si mesmo, Tom é extremamente otimista, curioso sobre as histórias de vários pontos da cidade e das pessoas que encontra, além de ter uma alma samaritana e estar sempre super bem disposto e com um toque de ousadia muito bem equilibrado. O diretor consegue uma ótima química, fazendo bom uso da frase “os opostos se atraem”, além de utilizar Tom como alguém que tenta ajudar Kate a voltar a aproveitar mais a vida com as pessoas que ela esqueceu que ama.
No início, a personagem de Emma Thompson (que também é roteirista e produtora do filme) parecia ser um alívio cômico, já que foi apresentada assim, numa determinada situação em que foi colocada. Porém, em seguida, o roteiro mostra como as suas atitudes afetam outros membros de sua família e como a personagem consegue funcionar em diversas situações diferentes, sem mudar muito seu humor ou suas atitudes.
O modo como se plantam as informações sobre algum personagem é bem condizente com o que o filme pede, além de explicar por que tal personagem age dessa forma. Essa mesma informação é retomada mais à frente, no terceiro ato, quando o roteiro apresenta um plot twist bem elaborado, embora esperado, pois, durante o filme inteiro, nota-se um certo comportamento estranho de um personagem ao interagir com outras pessoas. Mas, ainda que previsível, essa reviravolta teve seu momento surpreendente, a revelação apresentada foi bem inesperada, ao descobrir-se que se conectava a outros elementos revelados anteriormente.
O roteiro ainda tenta abordar um tema racial envolvendo um grande pensamento preconceituoso presente na sociedade em que a protagonista vive, mas isso é muito mal abordado e irrelevante para a trama.
CONFIRA O TRAILER
O desfecho deixa toda a mensagem do filme verbalmente exposta pela protagonista, mas mesmo com o ritmo genérico, o filme funciona bem como um filme natalino, além de ser uma comédia romântica adorável, divertida e fofa.
BRUNO MARTUCI
ARTECULT – Cinema & Séries
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