Hoje, quando escrevo esta coluna, comemora-se o Dia Nacional do Escritor (25/07). Confesso que tomei conhecimento ao fuçar possíveis assuntos. A descoberta da efeméride estimulou uma rápida pesquisa pelo esclarecimento sobre a profissão, e soube que: a data foi decidida e oficializada no dia 25 de julho de 1960, pelo então presidente da União Brasileira de Escritores, João Peregrino Júnior, e pelo seu vice-presidente, Jorge Amado.
A profissão passou a ser reconhecida recentemente, sem que a ela fossem atribuídas as questões trabalhistas, como jornada de trabalho ou piso salarial. Apenas chegou ao papel o que muitas pessoas fazem há anos, na prática. O pedido de inclusão na CBO (classificação brasileira de ocupações) tem que ser feito por uma entidade de classe, sindicato ou um órgão do governo.
Aceito, a profissão ganha um código pelo qual passa a ser identificada. Na correnteza, se estabeleceram algumas curiosidades: como Ocupação são reconhecidas, com seus devidos códigos, o Escritor de ficção (2615-15), e o Escritor de não ficção (2615-20). Outros autores são Sinônimos, seja lá o que isso queira dizer, como o Escritor de novela de televisão.
Deixemos a burocracia de lado e vamos ao que interessa: quem são os profissionais da escrita, conhecidos como Escritoras e Escritores?
Não faz muito tempo, eram vistos, mal comparando, como os médicos em cidades do interior. Causavam admiração, atraíam respeito e consideração. A ABL reafirmava a ideia, disseminando a imagem de seres superdotados, engalanados em seus fardões. O livro representava uma das poucas – e, em certos lugares, a única – janelas para o mundo.
Aí, apareceu a internet e despiu o fardão da literatura. Tirou do livro o carisma de objeto desejado. Revelou que as letras são de todos e para todos. Há quem lamente e há quem comemore.
Particularmente, prefiro o conteúdo à forma.
E como os próprios se definem? Aliás, é uma das poucas profissões em que as autodefinições proliferam.
“Não vemos as coisas como elas são, mas como nós somos.” – Anaïs Nin
“O escritor é uma das criaturas mais neuróticas que existem: ele não sabe viver ao vivo, ele vive através de reflexos, espelhos, imagens, palavras.” – Caio Fernando Abreu
“A obra literária deve ser sempre melhor do que o autor.”- Carlos Drummond de Andrade
“Escritores são pessoas interessantes mas, com frequência, más e mesquinhas.” – Lillian Hellman
“Acho bom que o escritor também saia da toca e se exiba um pouquinho. Essa coisa de não se exibir pode criar uma certa casca, O escritor fica sendo um bicho exquisito.” – Chico Buarque
“Todos somos escritores. Alguns chegam aos loucos e aos curiosos.” – O autor desta coluna
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