Hoje é sobre amor. E amor de mulher. Myrna sou eu é uma peça emocionante e incrivelmente bem-humorada, feita por homens de alma sensível, sem dúvida.
Com direção de Elias Andreato, atuação de Nilton Bicudo e texto de (pasmem! – e em um outro texto eu explico esse “pasmem!”) Nelson Rodrigues, o espetáculo proporciona diferentes coloridos de afeto para o público. Os caras sabem falar de amor. A brilhante e precisa interpretação de Nilton Bicudo leva a peça E O PÚBLICO a uma viagem no sublime e no difícil do amor.
Uma jovem senhora de alma ampla comenta e responde questões amorosas enviadas por cartas endereçadas a seu programa de rádio. Simples assim. Todas as direções de Elias Andreato que tive o prazer de assistir parecem-me ter essa virtude da simplicidade. Vemos a força, a contundência e, principalmente, a teatralidade em tudo! No trabalho de ator, no trabalho dramatúrgico, no cenário, figurino, trilha e iluminação. Elias e Nilton são verdadeiros homens de teatro. Que deleite ver a entrega desse ator, sua precisão, suas escolhas, seu domínio, sua multiplicidade! Myrna sou eu é uma peça para assistir sorrindo.
Myrna é uma mulher que ama. Que não pára de amar e que se sabe grande por isso. O amor é o protagonista deste monólogo engraçadíssimo e sensível. Saímos do espetáculo com aquele “Aaaaaahhhh… Mas já acabou?”
Com um belíssimo elogio às solteironas que se mantiveram fiéis a si mesmas e alimentaram a coragem de desviar da pressão social que a mulher sofre em relação ao casamento, e uma argumentação inteligentíssima sobre certa “defesa” da natureza a favor dos homens, Myrna conquista a plateia já de cara. Em seu programa podemos ver e ouvir suas colocações sobre amores impossíveis, ilícitos, sobre casamento sem amor e suas consequências, sobre o amor-morno e o amor-que-queima, sobre dores de amor, sobre a coragem de se expor a esse sentimento e senti-lo correndo, pulsando nas veias. Sobre estar viva!, afinal.
Sem ter medo das críticas feministas, eu digo que Myrna sou eu é um espetáculo que contempla o universo feminino como poucos. O real do universo feminino, não o ideal. O real do coração pulsante de paixão da mulher que ama. Não há outro idealismo senão esse: o amor. E Nilton Bicudo nos entrega isso com tamanha honestidade! que nos faz relembrar de nossos próprios amores e de nossos próprios modos de amar, nos injetando amor do mais puro por 70 minutos.
PS: Corre que ainda dá tempo! São só mais 3 apresentações!!!!
Onde? Como? Quando? Quanto? Que horas?
Teatro Poeira – Rua São João Batista, 104 – Botafogo – Rio de Janeiro.
Temporada até 27 de julho.
Terças e Quartas, às 21h. R$50,00 – 70min. Classificação: 12 anos.