Elogio ao amor

Canon 5D III

fotos de João Caldas

Hoje é sobre amor. E amor de mulher. Myrna sou eu é uma peça  emocionante e incrivelmente bem-humorada, feita por homens de alma sensível, sem dúvida.

Com direção de Elias Andreato, atuação de Nilton Bicudo e texto de (pasmem! – e em um outro texto eu explico esse “pasmem!”) Nelson Rodrigues, o espetáculo proporciona diferentes coloridos de afeto para o público. Os caras sabem falar de amor. A brilhante e precisa interpretação de Nilton Bicudo leva a peça E O PÚBLICO a uma viagem no sublime e no difícil do amor.

Uma jovem senhora de alma ampla comenta e responde questões amorosas enviadas por cartas endereçadas a seu programa de rádio. Simples assim. Todas as direções de Elias Andreato que tive o prazer de assistir parecem-me ter essa virtude da simplicidade. Vemos a força, a contundência e, principalmente, a teatralidade em tudo! No trabalho de ator, no trabalho dramatúrgico, no cenário, figurino, trilha e iluminação. Elias e Nilton são verdadeiros homens de teatro. Que deleite ver a entrega desse ator, sua precisão, suas escolhas, seu domínio, sua multiplicidade! Myrna sou eu é uma peça para assistir sorrindo.

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Myrna é uma mulher que ama. Que não pára de amar e que se sabe grande por isso. O amor é o protagonista deste monólogo engraçadíssimo e sensível. Saímos do espetáculo com aquele “Aaaaaahhhh… Mas já acabou?”

Com um belíssimo elogio às solteironas que se mantiveram fiéis a si mesmas e alimentaram a coragem de desviar da pressão social que a mulher sofre em relação ao casamento, e uma argumentação inteligentíssima sobre certa “defesa” da natureza a favor dos homens, Myrna conquista a plateia já de cara. Em seu programa podemos ver e ouvir suas colocações sobre amores impossíveis, ilícitos, sobre casamento sem amor e suas consequências, sobre o amor-morno e o amor-que-queima, sobre dores de amor, sobre a coragem de se expor a esse sentimento e senti-lo correndo, pulsando nas veias. Sobre estar viva!, afinal.

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Sem ter medo das críticas feministas, eu digo que Myrna sou eu é um espetáculo que contempla o universo feminino como poucos. O real do universo feminino, não o ideal. O real do coração pulsante de paixão da mulher que ama. Não há outro idealismo senão esse: o amor. E Nilton Bicudo nos entrega isso com tamanha honestidade! que nos faz relembrar de nossos próprios amores e de nossos próprios modos de amar, nos injetando amor do mais puro por 70 minutos.

 

PS: Corre que ainda dá tempo! São só mais 3 apresentações!!!!

Onde? Como? Quando? Quanto? Que horas?

Teatro Poeira – Rua São João Batista, 104 – Botafogo – Rio de Janeiro.

Temporada até 27 de julho.

Terças e Quartas, às 21h. R$50,00 – 70min. Classificação: 12 anos.

Author

Formada em teatro e em psicologia, Bárbara Mazzola iniciou sua carreira artística no teatro amador com a Cia. Teatral Olhos de Dentro, no espetáculo Ensaio sobre a Vida sob a direção de Nina Mancim. Também trabalhou com o diretor Zédú Neves, quando integrou o elenco da peça O Vizinho, de Ricardo Leite. Durante sua formação profissional, estudou com diversos nomes do cenário paulistano das áreas de teatro, dança e cinema, como Dagoberto Feliz, Pedro Pires, Marina Caron, Luciana Canton, Samir Yazbek, Vivien Buckup, José Eduardo Belmonte, entre outros. Estudou e trabalhou na Escola Nômade de Filosofia, realizando diversos cursos de filosofia com Luiz Fuganti. Foi integrante do Grupo Redimunho de Investigação Teatral, sob a direção de Rudifran Pompeu. Trabalhou também na equipe de produção e administração do Ágora Teatro, presidido por Celso Frateschi. Atualmente, mora no Rio de Janeiro e se prepara para cursar Mestrado em Artes Cênicas.