Quando Ray deixa Manhattan, nos EUA para viver em Paris, a fotografia ganhou, uma nova perspectiva. Eram os “foulles années” parisienses, a déc. de 20. Por lá viveu na Cidade Luz até o começo da II Guerra e retornou em 1951, permanecendo até a sua morte nos anos 70.
Por influência de Marcel Duchamps, artista francês, Man Ray usou a fotografia como instrumento de movimentos vanguardistas que floresciam na França à época e que tanto influenciou as manifestações artísticas ao longo de gerações.
Usando técnicas inovadoras, como a solarização (inversão do preto e do branco) e a raiografia (técnica cujas imagens abstratas são criadas sem a câmera, se valendo da exposição à luz de objetos dispostos sobre o papel fotográfico) , o fotógrafo experimentou a produção de imagens sob outros ângulos propostos pelo surrealismo e o dadaísmo. Foi retratista dos grandes artistas e intelectuais que circulavam na capital francesa à época, como Picasso, Jean Cocteau, Coco Chanel, o próprio Duchamps e Le Corbusier. Também fotografou a moda em trabalhos para as revistas Vogue e Haper’s Baazar na déc. de 30 o que lhe proporcionou retorno financeiro, permitindo a sua imaginação a criar objetos de design. Indo mais além, Ray se enveredou pela área cinematográfica, produzindo registros entre amigos e encenações artísticas.
Na retrospectiva, no CCBB, estão 250 imagens do trabalho de Ray, como “Tears”, a célebre foto de um olho com lágrimas que foi feita para propaganda de rímel e acabou sendo símbolo de delicadeza e fragilidade. Ao longo dos quatro andares do Centro Cultural, percebe-se a intensão da curadora Emmanuelle de l’Ecotais em mostrar a evolução do trabalho do fotógrafo, as várias fases de desenvolvimento e aprimoramento de técnicas na produção pictórica até o final dos anos 60. E esse é o grande feito da exposição: permitir acompanharmos, diante dos nossos olhos, o desenrolar da vida e obra de Man Ray.
A exposição é bem sinalizada e contém textos explicativos bilíngues (inglês) da criação artística e profissional do norte-americano que ajudam a entender o contexto de seu trabalho. Está bem distribuída nos quatro andares do prédio histórico no Centro Velho.
Sim, vale a visita.
ANDRÉA ASSIS
SERVIÇO:
- o quê ? exposição “Man Ray em Paris”
- quando ? Seg. e qua. a dom., 9h às 21 h. Até 28/10
- onde ? CCBB/SP – r. Álvares Penteado, 112, Centro, S.Paulo, SP – tel. (11) 3113-3651 (metrô S.Bento, linha 1, azul)
- quanto ? gratuito (pode ser agendado horário através do site ou do appl do Eventim)
- classificação livre, mas há fotos de nudez em algumas salas
- site: http://culturabancodobrasil.com.br/portal/man-ray-em-paris/