Penso que o cara tem que se garantir muito como vocalista pra fazer contraponto à voz luxuosamente grave de um tal Seu Jorge. Era isso que acontecia com GABRIEL MOURA no Farofa Carioca, coletivo sambalançante que fez história na boemia do Rio com sua formação original.
Mas, de onde vem tanto talento, carisma e inspiração? Da sinuosidade de nossas encostas à beira-mar? Da ginga das princesas anônimas e suburbanas que se apertam no ônibus 457? A gente só não pode ignorar o pedigree: o cara é sobrinho do saudoso maestro Paulo Moura e, como o tio, sabe conciliar o esmero na composição com a simplicidade na interpretação de verdadeiras crônicas musicais do Rio de Janeiro contemporâneo.