No último dia 16, na sede social do Clube de Regatas Flamengo, tive o privilégio de participar da palestra “Tudo que eu posso ser”, ministrada pelo Nicolas Brito Sales, escritor, fotógrafo e autista, com apoio de sua mãe Ana Brito, Doutorando na USP, São Paulo, para estudos sobre o TEA e seu pai Alexsander Sales, escritor e pesquisador. O evento foi organizado por Andrea Bussade, empresária, integrante da Comissão de Direitos Humanos da OAB, mãe de um adolescente com autismo e organizadora do Seminário Rio TEAma que em breve acontece também no Rio.
Antes de começar a palestra parte do grupo de participantes do evento e até a mãe de Nicolas, Anita Brito, passavam a imagem que já se conheciam, resultado das interações através de mídias sociais e grupos especializados no assunto TEA.
O evento começou com a apresentação do livro “Menino Só”, pela escritora Andrea Viviana Taubman, seguido da leitura da introdução e parte do conteúdo do livro, transmitindo grande emoção diante das poesias e ilustrações.
Em seguida o advogado e subsecretário da pessoa com deficiência do município do Rio de Janeiro, Geraldo Nogueira, explicou sua relação com o tema Autismo e anunciou que a prefeitura do Rio está em busca de terreno para a construção de Moradias independentes para autistas. Possibilitando que os autistas moderados, não totalmente comprometidos, porém sem a capacidade de cuidarem de si mesmos ou das tarefas domésticas em tempo integral, como o próprio Nicolas, possam contar com um lugar que ofereça maior independência.
Chegou o momento da família Brito Sales, com a apresentação da Mãe do Nicolas, Anita Brito, que com base em seu conhecimento adquirido no dia a dia com Nicolas, somado aos anos de estudo deu uma verdadeira aula sobre o tema. O domínio do assunto é visível e transmite uma grande segurança para o público.
A apresentação do Alexsander Sales, pai do Nicolas, traz a visão do pai de um filho autista com todas as suas incertezas, fragilidades, angústias e a necessidade de maior proximidade com o filho para potencializar seu desenvolvimento.
Antes da apresentação do Nicolas, Anita volta a tomar a palavra e agradece o Clube de Regatas Flamengo pela cessão do espaço, aproveita para lembrar dos momentos recentes do clube, principalmente da tragédia causada pelo incêndio no alojamento do centro de treinamento e solicitou em nome da comunidade TEA um pedido de retratação pública do clube, em virtude das declarações da conselheira Marion Caplan, que utilizou o termo autismo de modo pejorativo.
O Nicolas traz a parte mais divertida da palestra, passando pelas fases de sua vida, narrando fatos e situações de uma forma bem descontraída e com uma facilidade muito grande para um rapaz que em sua infância recebeu o diagnóstico de autismo severo e começou a falar aos 5 anos.
Ver o Nicolas e sua evolução, causa um efeito extremamente positivo na cabeça dos pais de autistas e enche a todos de esperança, mesmo que a singularidade de cada autista não permita a garantia de melhora diante da aplicação de fórmulas. Vemos no Nicolas um rapaz feliz com uma família dedicada o apoiando.
EDUARDO PADILHA
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